Com sindicalistas, Marina defende revisão do fator previdenciário

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

  • Adriana Spaca/ Brazil Photo Press/ Estadão Conteúdo

    A candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, é cumprimentada pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, durante encontro com lideranças sindicais em SP

    A candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, é cumprimentada pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, durante encontro com lideranças sindicais em SP

Em encontro com lideranças sindicais nesta quarta-feira (24) em São Paulo, a candidata à Presidência da República Marina Silva (PSB) defendeu, pela primeira vez, a revisão do fator previdenciário. A proposta, que não aparece no programa de governo da candidata, foi apresentada num momento em que Marina está em queda nas pesquisas, a 11 dias do primeiro turno. Criado em 1999, o fator previdenciário é calculado a partir de  algumas variáveis, como o tempo de contribuição à previdência, a idade e a expectativa de vida do contribuinte. Segundo criticos, além de aumentar o tempo de contribuição necessário para a obtenção da aposentadoria integral, o fator achata o beneficio.

"O [ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso criou [o fator previdenciário], o PT criticou [a criação], mas manteve, nós estamos dizendo, sem demagogia, que nós queremos revisitar para encontrar uma reforma correta para que não penalize o aposentado, o trabalhador, porque a corda sempre rompe no lado mais fraco", disse Marina.


Participaram do encontro representantes de centrais sindicais como a UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), organizações que já estiveram ao lado de candidatos petistas. Durante o evento, militantes sindicais que estavam na plateia entoaram gritos exigindo o fim do fator previdenciário.

O evento serviu para aparar arestas entre sindicalistas do PSB e a campanha de Marina. As lideranças trabalhistas estavam incomodadas com trechos do programa de governo que defendiam a terceirização de atividades e a atualização de leis trabalhistas. Marina afirmou que, se eleita, não irá retroceder em nenhuma conquista dos trabalhadores.

Pelo potencial de angariar votos de aposentados, o tema costuma aparecer com frequência no período eleitoral. Na reta final da campanha, a exemplo de Marina, Aécio Neves (PSDB) afirmou que irá alterar o fator. A campanha tucana, no entanto, negou que irá acabar com o fator, desmentindo informações publicadas na imprensa.

Do lato petista, o fim do fator é uma bandeira histórica. A militância partidária tem cobrado Dilma Rousseff a se comprometer em extingui-lo, mas a candidata a reeleição resiste à ideia por temer o impacto financeiro da medida em um eventual governo.

Antes do evento, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS), vice na chapa de Marina, afirmou que a campanha não defende o fim do fator previdenciário, e sim sua revisão.

Marina usou boa parte do tempo do discurso para acusar os adversários, em especial o PT, de dizerem mentiras a seu respeito. Nos últimos dias, a campanha petista aproveitou a falta de precisão do programa de Marina no que tange às questões trabalhistas para insinuar que a rival pretende flexibilizar direitos.

"Está sendo dito que vamos acabar com tudo e com o resto. É uma cortina de fumaça. A presidente tem a necessidade de dizer isso porque é a única forma de disfarçar porque ela está exterminando o presente, com inflação alta, juros altos", disse Marina.

Dizendo-se vítimas de calúnias, a candidata do PSB comparou a campanha petista nestas eleições com a de Fernando Collor, em 1989. Naquele pleito, o senador alagoano dizia que Luiz Inácio Lula da Silva confiscaria a poupança dos brasileiros, medida que foi feita, na realidade, durante a gestão Collor. "Lembra que Collor disse que Lula ia confiscar a poupança? E quem confiscou a poupança?", ironizou.

Em outra referência a Lula, Marina lembrou o episódio da "Carta aos Brasileiros", no ano de 2002, em que o ex-presidente assumiu uma série de compromissos com o mercado e setores do empresariado. "Tivemos um presidente, trabalhador, operário, que resolveu ir além do apelo e fez uma carta aos brasileiros pedindo que lhe dessem uma chance de poder. Além de produzir riqueza, distribuir riqueza. Ele fez uma carta aos brasileiros dizendo que iria manter o tripé econômico, ganhou o governo e para dar uma indicação de que o Banco Central seria autônomo, deu ao presidente do Banco Central o status de ministros."

Em seguida, Marina procurou se associar aos protestos de junho de 2013 ao dizer que, hoje, ela representa uma "carta dos brasileiros". "Não mais a ideia de um apelo, que para se eleger é fazendo uma carta aos brasileiros, agora é com base na carta dos brasileiros, e quem representa a carta dos brasileiros é a nossa aliança."

Por fim, Marina aproveitou o erro na divulgação da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar), do IBGE, para criticar o governo. "Só para ver o nível de incompetência, até o IBGE, com seus servidores qualificados, tem que passar uma vexame. Não sabem a diferença de uma instituição de Estado, do governo e de partido."

 

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