Em ato com camponeses, Dilma diz que campanhas rivais se baseiam em mentira

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

Em um evento com trabalhadores do campo, a presidente Dilma Rousseff aproveitou nesta quinta-feira (28) para alfinetar seus adversários na corrida ao Palácio do Planalto e disse que as campanhas eleitorais estão baseadas na "mentira", com derrotismo e desinformação.

"Na primeira eleição do Lula [em 2002], a gente dizia que a esperança vai vencer o medo e venceu. Agora, nós estamos diante de uma campanha que vai estar baseada na mentira. Na mentira como fizeram na Copa do Mundo, [disseram] não vai ter Copa, não vai ter aeroporto. E teve Copa e o Brasil mostrou que era capaz de receber bem, com segurança e qualidade. Eles continuam fazendo um processo desses e falam e falam e falam e mostram no seu pessimismo porque apostam no seu quanto pior melhor pra ter uma alternativa."

Ela saiu em defesa da sua política econômica e, sem citar nomes, dirigiu suas críticas à gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), num ataque à candidatura tucana de Aécio Neves: "Eles [PSDB] esquecem que (...) ampliaram a desigualdade de renda do nosso país. Nós tiramos 36 milhões de pessoas da miséria extrema. (...) Hoje, de cada quatro brasileiros, um só ainda está na pobreza, mas, de cada quatro brasileiros, nós temos três que estão na classe média, A, B e C".

E seguiu na ofensiva: "Enfrentamos a crise diferente deles, que quebraram o país três vezes, foram para o FMI três vezes. Nós não fizemos isso, o que fizemos é diante da crise, mantivemos emprego, salário mínimo crescendo e mantivemos o país investindo".

Sobre a reforma agrária, bandeira dos governos petistas, Dilma aumentou ainda o tom contra a gestão FHC e afirmou que, "no passado, nos governos tucanos, desapropriaram e largaram os assentados nas piores e mais longínquas terras do país".

A presidente negou ainda que haja descontrole da inflação: "Falam que a inflação aumentou por causa do salário [mínimo]. É mentira. A inflação está caindo".

E alfinetou mais uma vez: "Eles escondem o ódio e escondem o ódio atrás da desinformação e do derrotismo."

Dilma atacou ainda o discurso da ex-senadora Marina Silva, candidata pelo PSB, de que, se eleita, iria incluir na composição do seu governo pessoas "boas" do PT e PSDB.

Segundo a petista, é preciso ver se essas pessoas estão comprometidas com o projeto político. "É melhor ter pessoas boas e compromissadas do que pessoas boas e sem compromisso."

Promessas a pequenos agricultores

O discurso da petista foi cheio de promessas para a agricultura campesina e familiar. Dilma afirmou que, se reeleita, não irá acabar com o Ministério de Desenvolvimento Agrário. Sem citar nomes, a petista aproveitou para alfinetar adversários que defendem a redução do número de ministérios, como o tucano Aécio Neves.

"O primeiro nome de ministério que  (...) os meus adversários propõem fechar é o Ministério do Desenvolvimento Agrário, porque eles acham que o MDA não tem nada de diferente do Ministério da Agricultura", disse em evento promovido pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).

"Sabemos o que foi o crescimento [do setor] e sabemos o que evoluiu a nossa política por conta dessa política e por ter um ministério específico", acrescentou.

A entidade, que é uma das principais do setor, entregou à petista um documento com 13 diretrizes, incluindo a reforma agrária, regularização fundiária para que se acabe com a violência no campo e o fortalecimento da agricultura familiar.

No ato de apoio à sua reeleição, Dilma foi ovacionada por uma plateia formada por pequenos agricultores e assentados da reforma agrária, que agitavam bandeiras e lenços ao som de gritos de guerra e cantoria de "Olê, Olá, Dilma, Dilma".

Animada, antes do início do seu discurso, Dilma puxou um grito de guerra das militantes do movimento de mulheres do campo conhecido como "Marcha das Margaridas": "Nas margaridas, eu boto fé, porque são integradas por mulher. Nas margaridas, eu boto fé, porque são mulheres que sabem o que quer (sic)".

No seu discurso A petista fez diversas menções elogiosos aos governos do seu padrinho político e antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Citou ainda diversas políticas na área, mas reconheceu que ainda falta muito a ser feito. "Avançamos muito, mas temos consciência de que muito falta a fazer."

Dilma também já se reuniu com lideranças do agronegócio, em que profetizou que o trabalho escravo é "uma chaga a ser exterminada" e defendeu a demarcação de terras no país.

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