'Há uma lenda de que eu sou contra transgênicos', diz Marina em entrevista

Do UOL, em São Paulo

  • João Cotta/Globo/Divulgação

    A candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva, participa do "Jornal Nacional"

    A candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva, participa do "Jornal Nacional"

A ex-senadora Marina Silva, candidata à Presidência da República pelo PSB, afirmou em entrevista na noite desta quarta-feira (27) ao "Jornal Nacional" tratar-se de uma "lenda" a ideia de que ela é contra o uso de sementes transgênicas.

"Há uma lenda de que sou contra os transgênicos, mas isso não é verdade", disse. A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta a respeito de seu vice, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS), que foi um dos principais articuladores da Medida Provisória que aprovou o cultivo de soja transgênica, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, quando Marina era ministra do Meio Ambiente.

"Eu defendo um modelo de coexistência, em que existam áreas de transgênicos e áreas livres de transgênicos. No Congresso não passou a proposta da coexistência", disse a ambientalista. 

Beto Albuquerque mantém proximidade com representantes do agronegócio, rivais históricos de Marina, e defendeu a pesquisa com células-tronco em votações no Congresso, ao contrário da ex-senadora.

Questionada sobre se as divergências com o vice não colocam em xeque o discurso de "nova política", tão caro à Marina, a ex-senadora afirmou: "eu e Beto somos diferentes, e a nova política sabe trabalhar na adversidade e na diferença."

Em seguida, os apresentadores do telejornal voltaram a confrontar Marina sobre o discurso da nova política em contraposição à "velha política". William Bonner sugeriu que Marina usa dois pesos e duas medidas quando analisa as alianças políticas não programáticas de seus adversários e as suas.

"Você está trabalhando apenas com um lado da moeda", respondeu Marina, acrescentando que trabalhou ao lado de Beto em projetos ligados à questão ambiental. "Isso não tem nada a ver com a velha política. Eu marquei minha trajetória de vida trabalhando com os diferentes. Essa história de que a Marina é intransigente, que só trabalha com quem pensa igual, não é tão verdade assim", afirmou.

Avião na campanha

No início da entrevista, Marina foi indagada sobre o avião usado pela campanha do PSB e que caiu em Santos (72 km de São Paulo), provocando a morte de Eduardo Campos. Emprestada por usineiros à campanha, a aeronave foi comprada por meio de supostos laranjas. O empréstimo não foi declarado à Justiça Eleitoral até o momento.

Marina afirmou que "não tinha nenhuma informação quanto a qualquer ilegalidade referente à postura do proprietário do avião" e que o empréstimo seria feito até o fim do prazo legal estabelecido pela Justiça Eleitoral, em novembro.

A candidata disse ainda que aguarda uma investigação da Polícia Federal que apura se houve ilegalidade no uso do avião. "Nossa determinação é que essas investigações sejam feitas com todo rigor para que a sociedade tenha os esclarecimentos e não se cometa uma injustiça com a memória do Eduardo."

Desempenho no Acre

Marina também foi perguntada sobre o desempenho obtido no Acre, seu Estado natal e onde construiu boa parte de sua carreira na política, nas eleições de 2010. Ela terminou em terceiro lugar no Estado --a exemplo do que ocorreu no restante do país--, atrás de Dilma Rousseff (PT) e com a metade dos votos do primeiro colocado, o tucano José Serra.

A candidata do PSB relacionou o baixo desempenho no Acre em ter contrariado interesses das elites locais e não dispor de meios de comunicação ou pertencer a uma família tradicional. "Para ser político no Acre era preciso ser filho de ex-governador, tinha que ter um jornal, uma TV". E citou um provérbio: "É muito difícil ser profeta em sua própria terra". 

Marina Silva é a quinta entrevistada pelo Jornal Nacional. Antes dela, foram entrevistados Pastor Everaldo, no último dia 19; Dilma Rousseff, que foi entrevistada no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, no dia 18; Aécio Neves, no dia 11; e Campos no dia 12, véspera de sua morte.

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