Siqueira acusa Marina de querer mandar no PSB; presidente nega ruído

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

Após reunião do PSB com os partidos coligados em Brasília, o ex-coordenador da campanha de Eduardo Campos, Carlos Siqueira, acusou nesta quinta-feira (21) Marina Silva de querer mandar no partido.

"Não tenho mágoa nenhuma dela, apenas acho que quando se está numa instituição como hospedeira, como ela é, tem que se respeitar a instituição, não se pode querer mandar na instituição. Ela que vá mandar na Rede dela, porque, no PSB, mandamos nós", disse, bastante irritado, ao deixar a sede do partido.

Um das atitudes que o incomodou foi o fato de Marina indicar um coordenador para o comitê financeiro. "Ora, ela nomeou o presidente do comitê financeiro da campanha, cuja responsabilidade da prestação de contas é do partido. Ela não perguntou nada ao PSB, ao invés de discutir o assunto com o partido. (...) Esta forma dela de proceder não está de acordo com a forma de uma pessoa proceder com um partido que está oferecendo a ela as condições para ser candidata."

Para Siqueira, a candidata não está afinada com as propostas de Campos. "Acho que ela não representa o legado dele [Campos] e está muito longe de representar o legado dele. Eu não vou fazer campanha pra ela porque eles eram muito diferentes, politicamente, ideologicamente, em todos os sentidos."

Marina voltou a dizer que não iria interferir na escolha dos representantes do PSB na campanha e sugeriu que estivesse sofrendo uma injustiça. "É um momento difícil para todos nós [com a morte de Campos], há que ter compreensão com a sensibilidade das pessoas e essa compreensão, essa capacidade eu tenho e sempre digo que prefiro sofrer uma injustiça do que praticar uma injustiça."

O presidente da sigla, Roberto Amaral, no entanto, negou que haja algum "ruído" entre a sua legenda e a Rede, grupo liderado por Marina. 

Sobre a saída de Siqueira, ele fez coro a Marina e disse que houve um "mal-entendido" e atribuiu o rompimento a "uma escolha pessoal".

"[A saída] não é ruído entre o PSB e a Rede. Não há nenhum ruído entre o PSB e a Rede. Por favor, não trabalhem nesse sentido porque não há sentido entre o PSB e a Rede. O PSB está unido em torno da campanha. A Rede está unida em torno da campanha", disse Amaral.

"[Foi] uma reação puramente pessoal, sem nenhum conteúdo político."

Ele acrescentou ainda que irá designar hoje à tarde uma pessoa para ocupar o lugar de Siqueira na campanha. "Não [só] o substituto do Siqueira, que estou chamando para trabalhar comigo aqui na Presidência, [mas] possivelmente vou substituir outros representantes do PSB na campanha."

Embora o PSL já tenha manifestado desejo de sair da coligação, Amaral não reconheceu o desembarque e repetiu que o presidente da legenda, Luciano Bivar, não pôde participar da reunião de hoje por estar em Recife, mas que iria conversar para resolver essa questão ainda hoje.

Segundo Amaral, a nova chapa será registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) amanhã. O prazo para a coligação fazer a substituição vai até sábado (23), quando se encerra o período de dez dias após a morte de Campos.

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