Nome de Renata como vice de Marina é consenso no PSB; sigla espera resposta

Carlos Madeiro

Do UOL, no Recife

  • Beto Macário/UOL

    Renata Campos participa junto com os filhos de encontro com lideranças do PSB

    Renata Campos participa junto com os filhos de encontro com lideranças do PSB

As lideranças do PSB usam a cautela, mas não escondem o desejo de que a viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, aceite os pedidos para ser vice numa eventual chapa encabeçada por Marina Silva. Apesar de negarem a pressão, os socialistas tem discurso unânime de que ela seria a vice ideal para dar mais força à campanha.

Todas as lideranças do partido que passaram pelo velório e na reunião de partidos nesta segunda-feira (18), no Recife, deixaram claro que a decisão é exclusiva de Renata, que ainda não esclareceu se embarca ou não na disputa eleitoral.

A viúva de Campos é auditora do TCE-PE (Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco) e está cumprindo licença-maternidade --o quinto filho do casal, Miguel, nasceu em 28 de janeiro último-- oficialmente desde o dia 7 de abril deste ano.

Desta forma, Renata --que é filiada ao PSB desde 1991--, está apta para ser concorrer nas eleições deste ano, já que a legislação eleitoral determina que servidores públicos devem se afastar de suas funções com no mínimo três meses de antecedência caso desejem se candidatar.

Em seu primeiro pronunciamento desde a morte do marido --ela usou a tela de um celular para ler uma carta nesta segunda--,  Renata deu pistas de que vai se engajar na campanha, mas não sinalizou a possibilidade de ser candidata.

"Depois da tragédia, lembro que perguntaram: 'O que faremos?' Mantém tudo como ele queria! Como participei a vida toda, não terá diferença nessa", afirmou a viúva de Campos durante o encontro que reuniu lideranças locais dos 22 partidos que compõem a Frente Popular de Pernambuco, que apoiam o candidato Paulo Câmara (PSB) na disputa pelo governo de Pernambuco.

PSB vive o dilema de "querer sem pressionar"

Nesta segunda-feira, o presidente do PSB Roberto Amaral participou deste encontro no Recife, e confirmou que o PSB aguarda a resposta de Renata, mas negou qualquer pressão.

"Ela pode ser o que ela quiser. É bom para o partido, para o país, para Pernambuco. Agora não posso dizer nada antes de falar com ela e respeitá-la" disse Amaral, negando que tenha conversado com a viúva sobre política. "Ela tem uma família, um projeto, é uma mulher que supera as dificuldades, uma prova é essa reunião aqui".

Um dos nomes que foram cotados para assumir a posição de vice em uma chapa encabeçada por Marina é o de Maurício Rands, amigo de Campos e coordenador do programa de governo do então candidato do partido à Presidência. Rands, no entanto, também destacou que o nome de Renata seria ideal, sem espaço para disputas no partido contra ela.

"Ela foi coordenadora de programas vitoriosos como o Mãe Coruja, premiado na ONU, tem capacidade de gestão. Ela tem uma representação simbólica do projeto inaugurado por Eduardo para o Brasil. Ela seria uma excelente vice-presidente. Precisa ver a vontade dela. Não será fácil. Vai ter que ser mãe e pai de cinco filhos", afirmou o socialista em entrevista à Folha de S. Paulo

O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, também cotado para ser vice numa eventual chapa com Marina, disse à mesma "Folha", no sábado (18), que "se ela quiser, ela será candidata, não há dúvida"

Viúva evita falar de política, mas família da indicações que assunto não será ignorado

Segundo relatos de pessoas próximas à família, desde de que soube da morte do marido, Renata tem mantido a serenidade e evita falar de política. Mesmo assim, a família tem dado sinais cada vez mais claros de que a ligação com a política deve permanecer. 

Uma das provas é que, na chegada do corpo ao velório, no Palácio do Campos das Princesas, Renata e os filhos estavam ladeados de Marina Silva. Amigos e parentes mais próximos ficaram atrás.

No cortejo até o cemitério, os filhos de Campos usaram camisas com frases de Campos. Faziam também gestos de 40, número do PSB. A todo instante, os filhos puxavam o grito de "Eduardo, guerreiro do povo brasileiro".

"Estou torcendo para que meu sobrinho João e Renata tenham mais protagonismo. Terei minha colaboração. A família sempre participou com ele, como participou com o meu avô", afirmou, neste domingo, o irmão do ex-governador, Antonio Campos.

Apesar disso, o irmão disse que a cunhada tem mostrado resistência a disputar a vaga porque deve priorizar a criação dos filhos. "Ela ainda resiste a esta ideia [de ser vice de Marina]. Mas, se ela decidir, tem o apoio da família", afirmou.

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