Dilma lamenta morte e destaca relação afetuosa que tinha com Campos

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

A presidente Dilma Rousseff discursou na TV em homenagem ao candidato Eduardo Campos (PSB), morto nesta quarta-feira (13). O candidato do PSB à Presidência morreu aos 49 anos em um acidente com um avião por volta das 10h em Santos (72 km de São Paulo). A aeronave modelo Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, vinha do Rio de Janeiro e tinha sete pessoas a bordo. O Corpo de Bombeiros confirmou que não há sobreviventes.

Durante o pronunciamento, ela destacou a relação afetuosa que tinha com Campos, apesar das divergências políticas e lamentou a perda de um líder que tinha um futuro promissor pela frente.

Após o pronunciamento, os jornalistas chamaram a presidente de volta, logo após ela deixar o púlpito. Dilma disse então que vai ao velório e que não conseguiu falar com a família.

"Em nome do povo brasileiro eu gostaria de dar os mais profundos pêsames a família de Eduardo Campos, a sua mãe, Ana Arraes, à dona Renata, a quem ele carinhosamente chama a sua esposa e aos filhos e a toda família. Eu quero dizer que hoje o Brasil está de luto e sentido com a morte que tirou a vida de um jovem político promissor."

Pouco antes, a presidente havia declarado estar "tristíssima" com a notícia. "O Brasil inteiro está de luto. Perdemos hoje um grande brasileiro, Eduardo Campos. Perdemos um grande companheiro", diz trecho da nota oficial, replicada depois no Twitter de Dilma.

Dilma, que concorre à reeleição e enfrentaria Eduardo Campos nas urnas em outubro, afirmou ainda que "eventuais divergências políticas" sempre seriam "menores que o respeito mútuo" entre eles. Campos fazia parte do governo Dilma Rousseff até 2013, quando seu partido, o PSB, entregou os cargos no governo federal.

Confira a íntegra do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff sobre a morte de Eduardo Campos.

"Em nome do povo brasileiro eu gostaria de dar os mais profundos pêsames a família de Eduardo Campos, a sua mãe, Ana Arraes, à dona Renata, a quem ele carinhosamente chama a sua esposa e aos filhos e a toda família.

Eu quero dizer que hoje o Brasil está de luto e sentido com a morte que tirou a vida de um jovem político promissor. Esse fato entristeceu todos os brasileiros e brasileiras. O Eduardo Campos, neto de um grande político, um grande democrata, um lutador que foi a referência da minha geração, Miguel Arraes, que há nove anos atrás faleceu.

Eduardo Campos, neto, seguiu seus passos e por duas e por duas vezes foi governador de Pernambuco. Eu convivi com ele como ministra do presidente Lula e nas campanhas de 2006 e 2010, e também no meu governo. Fui recebida em sua família e convivi com eles de forma muito calorosa.

O Brasil perde uma jovem liderança, com um futuro promissor. Para além das nossas divergências, nós mantivemos sempre uma forte relação de respeito mútuo. A última vez que o vi, no funeral de Ariano Suassuna, a quem eu tive o privilégio de estudar o seu brilhantismo e o seu talento, eu fui apresentada a Ariano pela Renata, eu queria dizer que mantivemos ali mais uma vez a reiterada relação afetuosa que construímos ao longo da vida.

Espero que o exemplo de Eduardo Campos sirva para mantê-lo vivo na memória e nos corações dos brasileiros e brasileiras. Sem duvidas é um momento de pesar, sem dúvida é um momento de tristeza, é  um momento que nós devemos também acatar o reconhecimento que nós seres humanos somos afetados pela fragilidade da vida, mas também pela força e pelo exemplo das pessoas.

Queria estender as minhas condolências a todos os assessores que o acompanhavam Eduardo Campos na viagem. E queria também estender as suas famílias, à família do Alexandre, do Carlos Augusto, do Marcelo e do Pedro, minhas condolências e o meu pesar. Quero também estender às famílias das vítimas que por acaso tenham sofrido as consequências daquele desastre, quero também me dirigir às famílias dos pilotos.

O governo federal está decretando o luto de três dias e, ao mesmo tempo, eu também suspendi hoje a minha agenda. E irei fazer o mesmo durante três dias com a minha agenda de campanha. Acredito que o Brasil vai agora prantear esse grande brasileiro que morreu."

O acidente

De acordo com a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), morreram, além de Campos, os pilotos Geraldo Cunha e Marcos Martins, o assessor de imprensa Carlos Augusto Leal Filho, o fotógrafo Alexandre Severo Gomes e Silva, o cinegrafista Marcelo Lira e ainda Pedro Valadares Neto. 

candidata a vice, Marina Silva, não estava na aeronave. A ex-ministra do Meio Ambiente embarcaria com Campos no Rio, mas acabou viajando para São Paulo com assessores em um avião de carreira.

Chovia e ventava no momento do acidente. O avião caiu entre as ruas Alexandre Herculano e Vahia de Abreu, no bairro do Boqueirão, na zona leste de Santos. Segundo o Corpo de Bombeiros, cinco pessoas da região atingida pela aeronave foram encaminhadas a hospitais com ferimentos leves.

O capitão Marcos Palumbo afirmou à GloboNews que oito casas foram atingidas e duas delas correm risco de desabar. As equipes buscam os corpos e a caixa-preta da aeronave. De acordo com o bombeiro, o reconhecimento dos corpos deverá ser feito através de exames de DNA.

Trajetória de Campos

Eduardo Henrique Accioly Campos era casado com Renata Campos e tinha cinco filhos. Formado em economia pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), ele havia completado 49 anos no último domingo (10), Dia dos Pais -- data em que foi divulgado um vídeo com mensagens gravadas por seus filhos. Renata e Miguel, filho mais novo do casal, com apenas seis meses, estiveram ontem no Rio com o candidato e depois seguiram para o Recife.

Campos teve uma carreira de sucesso na política pernambucana, chegou a ser ministro e tentava a Presidência da República. Começou a militância política como presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia da UFPE.

Em 1986, participou ativamente da campanha que elegeu Miguel Arraes, seu avô -- morto há exatamente nove anos --, para o Governo de Pernambuco.

Arquivo pessoal

Eduardo Campos começou sua vida política seguindo os passos do avô Miguel Arraes

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Ele entrou no PSB em 1990, quando foi eleito deputado estadual. Quatro anos depois, chegou ao Congresso Nacional, mas não chegou a assumir, ficando no Estado nos cargos de Secretário da Fazenda entre 1995 e 1998.

Ainda em 1998, voltou a vencer a disputa para a Câmara, sendo o mais votado do Estado (173 mil votos). Em 2002, fez campanha para o então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva. No Congresso, Eduardo Campos destacou-se como articulador do governo Lula. No ano seguinte, tomou posse como ministro de Ciência e Tecnologia..

Em 2005, Eduardo Campos assumiu a presidência nacional do PSB, onde permanecia até o acidente desta quarta-feira (13). Em 2006, numa disputa acirrada, venceu a eleição para o Governo de Pernambuco. Em 2010, disputou a reeleição e obteve a vitória no primeiro turno com mais de 82% dos votos válidos.

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