Moradores de casas que foram atingidas pelo avião que caiu em Santos (SP) e matou o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) tentaram retornar ao local para recuperar pertences e contabilizar o prejuízo. Ao UOL, três deles disseram que ainda estão chocados com o acidente --e o chamaram de "inacreditável".

Segundo o Corpo de Bombeiros, 13 imóveis foram interditados e 50 moradores terão de passar a noite em casas de parentes e amigos. Apenas algumas pessoas conseguiram autorização para retirar, brevemente, roupas e bens.

Um dos locais atingidos pelo jato Cessna 560XL foi um conjunto de três prédios com quatro residências em cada um. Em uma delas estava o sushiman Raphael Tomayose, 26, que dormia no horário do acidente e acordou com o clarão e barulho da forte explosão. "A casa da minha tia, que fica ao lado da minha, está toda destruída. A turbina do avião caiu lá", relatou.

A casa de Tomayose também ficou danificada: o deslocamento de ar provocado pela explosão quebrou a janela da cozinha e uma máquina de lavar na área de serviço. O pior, no entanto, é tentar superar o susto. "É uma coisa que não sai da minha cabeça. Fui dormir na casa de um amigo depois e sonhei com a queda do avião. Senti, de novo, o mesmo desespero", contou.

Outra moradora do conjunto de casas, a auxiliar administrativa Kássia Cristina Antunes Pereira, 26, tentava nesta noite retornar à residência para pegar roupas e documentos. Foi o namorado dela que conseguiu autorização dos Bombeiros para entrar no local.

Mais cedo, Kássia ficou sabendo do acidente no trabalho – e temeu pela vida da mãe, do irmão e de seu cachorro de estimação. "Primeiro, ouvi dizerem que um avião tinha caído em Santos. Depois, soube que tinha sido na minha rua. Quando vi, mal podia acreditar, era na minha casa", disse.

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Ao chegar ao local, soube que a mãe e o irmão estavam a salvo. O cachorro, "já velhinho", segundo Kássia, foi resgatado pelos Bombeiros e sofreu queimaduras leves. "É uma coisa incrível imaginar que um avião caiu dentro da sua casa. Graças a Deus estavam todos fora, caso contrário, a tragédia poderia ter sido ainda maior."

O servidor público Joel Oliveira, 57, um vizinho do conjunto de prédios, estava com a esposa em casa na hora do acidente. Eles saíram correndo para a rua ao ouvirem o estrondo da explosão --ele temeu que outras ocorressem na sequência. Passado o choque inicial, Oliveira disse que voltou para alertar outros vizinhos para deixarem as casas. "Agora estamos aguardando para ver se conseguimos dormir em casa. É uma situação que ninguém esperava".

A aeronave vinha do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e deveria pousar no aeroporto do Guarujá (SP). Além de Eduardo Campos, outras seis pessoas estavam a bordo. Todos os ocupantes morreram.

Durante a aproximação para o pouso, o procedimento foi cancelado – manobra conhecida como "arremetida" – devido ao mau tempo (chovia e ventava forte). Logo após, o jato caiu por volta de 10h (horário de Brasília) na área residencial. As causas do acidente serão investigadas pela Aeronáutica, Polícia Civil e Federal.