O candidato ao senado Gilberto Kassab (PSD-SP) recebeu R$ 750 mil da construtora Queiroz Galvão como doação de campanha este ano. Em 2010, quando era prefeito de São Paulo, Kassab contratou a empresa por R$ 70,5 milhões sem licitação para a realização de obras emergenciais. 

Em nota, a assessoria do candidato informou que "não há nenhuma relação entre os fatos mencionados" (veja a íntegra do comunicado abaixo). Esta é a primeira eleição que Kassab disputa desde que deixou a prefeitura, em 2012.

O valor pago pela prefeitura em 2010 incluía a construção de um dique de 1.400 metros para a contenção das água nas margens do Tietê e a remoção e pagamento de indenização a moradores afetados pela obra na região do Jardim Pantanal, zona leste da cidade.

À época, o prefeito afirmou que não houve ilegalidade, pois se tratava de uma situação de calamidade --o bairro havia sido alagado por uma forte enchente. Segundo ele, quatro construtoras foram procuradas, mas apenas a Queiroz Galvão podia executar as ações imediatamente.

O valor doado para a campanha deste ano é quase a metade do total arrecadado pelo candidato, de acordo com a primeira parcial da prestação de contas feitas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O pessedista informou ter levantado R$ 1,5 milhão.

Para especialistas em gasto público ouvidos pelo UOL, as doações de campanha feitas por construtoras são um "investimento" que é feito para garantir contratos no futuro. Estudos indicam que, de cada R$ 1 doado em campanha, as empresas conseguem outros R$ 8,5 em contratos públicos.

Em nota, a Queiroz Galvão informou que "todas as doações realizadas pela empresa seguem estritamente a legislação eleitoral". A empresa não se manifestou com relação a um suposto conflito de interesses entre a empresa e Kassab.

Veja a íntegra da nota enviada pela campanha de Kassab:

"As doações recebidas pelo partido foram feitas de forma transparente e de acordo com a legislação eleitoral. Não há qualquer relação entre os fatos mencionados pela reportagem.

O contrato emergencial para a construção de um dique de 1,4 mil metros de extensão e de um piscinão no Jardim Romano, zona leste, foi feito com base em convênio celebrado entre a Prefeitura e o governo do Estado de São Paulo.

Como o bairro ficou alagado por quase três meses, a Prefeitura decretou estado de calamidade pública nos treze bairros do distrito do Jardim Helena, medida acatada pelo Governo Federal em 18/3/2010.

Em razão da necessidade de a obra ser executada no prazo mais curto possível, para evitar novos alagamentos nos verões seguintes, a contratação foi feita em caráter emergencial, seguindo rigorosamente a legislação. Foi contratada a empresa capacitada para executar as obras que ofereceu o menor preço."

Outros candidatos

Os principais adversários de Kassab na corrida pelo senado, o tucano José Serra e Eduardo Suplicy (PT) já arrecadaram respectivamente R$ 654 mil e R$ 254 mil. A maioria das doações de Serra foram feitas via diretório estadual, enquanto que o petista doou para si mesmo R$ 145 mil.