Empresas e políticos negam relação 'promíscua' e dizem obedecer à lei

Do UOL, em São Paulo*

  • Agência Brasil

    Atual ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante foi candidato do PT ao governo de SP em 2010 e um dos principais beneficiários de doações de empresas privadas

    Atual ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante foi candidato do PT ao governo de SP em 2010 e um dos principais beneficiários de doações de empresas privadas

O UOL entrou em contato por telefone e e-mail com todas as empresas, políticos e partidos citados na reportagem que aponta que sete dos dez maiores doadores de campanha são suspeitos de corrupção.

Foram contatadas as assessorias de imprensa de DEM, PSDB, PT, PSB e PSC e dos políticos Íris Rezende (PMDB-GO), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Aloizio Mercadante (PT-SP), Jaques Wagner (PT-BA), Fernando Pimentel (PT-MG), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Marconi Perillo (PSDB-GO), Eduardo Campos (PSB-PE), Ricardo Coutinho (PSB-PB) e Osmar Dias (PDT-PR).

Apenas a direção nacional do PSC (Partido Social Cristão) e o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT-SP), candidato ao governo de São Paulo em 2010, responderam.

A reportagem questionou: quais os critérios adotados pelos partidos e candidatos para receber doações de empresas privadas; se elas faziam alguma objeção a doações de empresas suspeitas ou condenadas por corrupção; e se as doações criavam uma relação de "promiscuidade" entre doadores e políticos.

Em relação às doações, Mercadante disse que sempre "seguiu rigorosamente as exigências estabelecidas pela legislação eleitoral".

Sobre uma triagem em relação aos doadores, o ministro afirmou que sua "campanha seguiu a triagem exigida pela legislação eleitoral". A legislação eleitoral, no entanto, não impede que empresas investigadas ou condenadas por corrupção façam doações a partidos e políticos.

Com relação à promiscuidade supostamente criada pelas doações de empresas privadas, Mercadante disse ser favorável à reforma eleitoral e à adoção de um modelo de financiamento de campanhas semelhante ao norte-americano, em que o candidato precisa optar entre o financiamento exclusivamente público ou exclusivamente privado, "com restrições a doações de pessoas jurídicas".

O PSC seguiu a mesma linha de Mercadante e disse as doações recebidas pelo partido em 2010 seguiram a legislação eleitoral.

Com relação à triagem das doações, o partido informou que não faz nenhum tipo de apuração prévia para saber se as empresas doadoras eram investigadas por corrupção.

"É importante destacar que não temos o conhecimento da existência de um 'cadastro de doadores' impedidos de contribuírem nas campanhas... até hoje não sabemos se o citado doador era ou não investigado na época", informou o partido por meio de sua assessoria.

Com relação à suposta promiscuidade entre doadores, partidos e políticos, o PSC disse que prefere não fazer generalizações sobre o assunto.

"O PSC não generaliza da forma como dita pelos especialistas. Pode até ser que existam casos ou opiniões sobre promiscuidade, entretanto nosso partido desconhece totalmente esse tipo de relação", informou. 

Entre as empresas, a Galvão Engenharia informou que não iria se manifestar sobre o assunto. O Banco BMG respondeu dizendo que não iria comentar sua política de doações.  A reportagem enviou e-mails e conversou por telefone com a Camargo Corrêa S.A e a JBS S.A. As duas ficaram de dar retorno com posicionamento sobre a reportagem, mas não se pronunciaram.

A Queiroz Galvão S.A, a OAS S.A e a Construtora Andrade Gutierrez S.A responderam que todas as suas doações foram feitas de acordo com a lei brasileira. A Andrade Gutierrez S.A justificou suas doações com base na representatividade política de cada beneficiado.

Quatro dias após a publicação desta reportagem, a Construtora Camargo Corrêa informou, por meio de nota, "que não se pode criminalizar doações eleitorais feitas na forma da lei, tampouco se pode confundir inquéritos com condenações, o que não existe em relação à Construtora Camargo Corrêa em nenhum dos casos citados". (Com informações do UOL, em Brasília)

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