$Topo

Da fama à lama

Veja o que já aconteceu na política nacional desde 1889

Curiosidades

Utilize o Scroll do Mouse

Sempre coberto de joias, Deodoro da Fonseca tinha humor ácido

Segundo relatos, o primeiro presidente da República era dono de um humor ácido. Certa vez, um engenheiro procurou Deodoro da Fonseca (1889-1891) para reivindicar a concessão de uma estrada de ferro e obteve a seguinte resposta: ''e quanto às estradas de ferro, só darei uma única concessão, e será a que partir do inferno e vá terminar na casa da mãe de quem me pedir''. Além disso, o marechal tinha o hábito de andar coberto de joias, como um pesado anel no dedo mínimo, um prendedor de gravata de pérola e uma grande corrente para segurar o relógio de bolso. O ''Generalíssimo'', como era conhecido, não saía de casa sem perfumar a barba com fragrância de violetas

"Prudente Demais" foi à posse de carona

Ao chegar ao Rio de Janeiro para tomar posse após vencer as eleições de 1894, em vez de honrarias, Prudente de Morais (1894-1898) foi ignorado pelo governo que se despedia. Ninguém o recebeu na Central do Brasil, onde desembarcou. Foi preciso contar com a solidariedade de um amigo para conseguir uma carruagem velha e alugada para levá-lo até a posse. Na lista de apelidos do presidente, estava ''Prudente Demais'', já que ele dizia que era ''Prudente pelo nome, prudente por princípios e por hábito''.

Affonso Penna foi o primeiro presidente a morrer durante mandato

O mineiro Affonso Penna (1906-1909) foi o sexto presidente da República e o primeiro a morrer durante o mandato. Mais: foi o primeiro presidente a morrer no Palácio do Catete, sede do governo na capital carioca, onde Getúlio Vargas se suicidaria em 1954. Affonso Penna sempre teve uma boa saúde, mas, ao perder o filho, ficou profundamente abalado. Além disso, o então presidente enfrentou sérios embates envolvendo sua sucessão presidencial. Uma forte gripe o deixou bastante debilitado

Hermes da Fonseca: o azarão casado com a primeira caricaturista mulher do mundo

Hermes da Fonseca (1910-1914), sobrinho do marechal Deodoro, teve sua imagem ofuscada pela sua mulher, a primeira-dama Nair de Tefé. Ela é considerada por alguns autores a primeira caricaturista mulher do mundo. Assinava seus desenhos sob o pseudônimo ''Rian'' (Nair de trás para frente). Nair costumava promover saraus no Palácio do Catete com músicos populares. Em um desses recitais, foi lançada a música ''Corta Jaca'', de sua amiga Chiquinha Gonzaga. Tais episódios, vistos como vulgares, causavam escândalo nos altos círculos sociais e ira de figuras proeminentes, como Rui Barbosa. Outra curiosidade sobre o então presidente é que ele tinha fama de azarado. Tanto que o povo lhe deu o apelido de "Dudu da Urucubaca"

Getúlio Vargas era bom de garfo e jogador de pingue-pongue

Segundo relatos, o pequeno presidente (de 1,60 m) era muito bom de garfo. Gaúcho genuíno, seu prato predileto era o churrasco. Getúlio Vargas (1930-1945 / 1951-1954) tinha enorme apetite por carne vermelha. Também apreciava frango cozido ou assado, mas deixava as refeições mais frugais para os jantares com a família. O que nunca dispensava era um robusto charuto cubano depois do café. Além disso, gostava de bilhar e golfe. Em um dos trechos de seu diário, faz referência ao hábito de jogar pingue-pongue todos os dias após o almoço com sua mulher, dona Darcy

Gaspar Dutra evitava falar em público; dona Santinha era figura polêmica

O general Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) era chamado de ''catedrático do silêncio'' por falar pouco. Na verdade, o que o então presidente queria era evitar constrangimento, já que sofria de um problema de dicção que o fazia trocar o som do ''s'' e do ''c'' por ''x''. Mas não adiantou, já que seu jeito de falar foi mote para caricaturas e paródias. Dona Santinha, sua mulher, teve papel de destaque em seu governo, com grande influência sobre o marido e sobre o que acontecia no governo. Muitos atribuem a ela a proibição do jogo no país. Polêmica, forçava a nomeação de parentes para cargos públicos. Dona Santinha morreu em 1949, no Palácio Guanabara

Juscelino comia filé no café da manhã e tirava os sapatos em reuniões

Boêmio, Juscelino Kubitschek (1956-1961) tinha hábitos extravagantes. Seu café da manhã era farto. Gostava de filé bem passado, leite, café, mel, pão e manteiga na primeira refeição do dia. Por ser um dos pratos que mais apreciava, uma receita de picadinho leva seu nome como homenagem. Outra mania do então presidente era tirar os sapatos em reuniões em que estivesse sentado

Galanteador, Jânio Quadros chegou a assediar Hebe Camargo

Jânio (1961) não foi dos presidentes mais simpáticos. A fama de irritadiço vinha de quando era criança. Conta-se que arremessou um tinteiro na cabeça de um colega de escola quando tinha apenas sete anos. Como governador de São Paulo, proibiu que se tocasse rock and roll nos bailes. Se tanta rabugice era pouca, na Presidência Jânio foi à desforra. Proibiu desde o uso de maiôs em concursos de beleza e de biquínis nas praias até corridas de cavalo em dias úteis, brigas de galo e espetáculos de hipnose em locais públicos. Mas o presidente, apelidado de "vassourinha" por causa de um jingle de campanha eleitoral, também tinha um lado romântico. Segundo uma entrevista de Hebe Camargo em 1987, o ex-presidente a assediou com tal insistência que a apresentadora chegou a marcar um encontro com ele, mas não compareceu

João Goulart esperou sentado durante uma noite inteira para saber se seria presidente

Conhecido como Jango (apelido comum na região Sul do Brasil para quem se chama João), o presidente João Goulart (1961-1964) era boêmio e gostava de pescar. Quando Jânio Quadros renunciou à Presidência, Jango estava na China. Ao voltar ao Brasil, esperou em Porto Alegre o Congresso decidir se ele assumiria o cargo vago ou não. Ministros militares vetavam a ascensão do vice de Jânio. Conta-se que Jango passou uma noite em um sofá do Palácio Piratini, aguardando a decisão

Médici também dava palpites na convocação da seleção brasileira

Durante todo o seu mandato, Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) concedeu apenas uma entrevista à imprensa, que foi transmitida em cadeia nacional. Ligado à chamada "linha dura" do Exército, exigiu, às vésperas da Copa do Mundo de 1970, que o centroavante Dadá Maravilha fosse convocado. João Saldanha, técnico da equipe canarinho, teria se negado a cumprir a ordem do sumo mandatário com a frase: "Eu não escalo o ministério, e ele não escala a seleção". Saldanha, que era esquerdista e integrante do Partido Comunista, acabou perdendo a vaga para Zagallo. O "Velho Lobo" convocou Dadá, que foi reserva no time tricampeão no México

"Que me esqueçam" é uma das frases célebres de João Figueiredo

Apelidado de "João do Povo", João Baptista Figueiredo (1979-1985) contou com uma campanha para a popularização de seu nome. Uma surpreendente aparição diante das câmeras fazendo exercícios apenas de sunga ajudou a alavancar sua imagem. Eleito, sofreu enquanto esteve na cadeira presidencial devido às fortes dores nas costas que o acometiam. O pretenso "João do Povo" da época da candidatura acabou legando à história dos presidentes do Brasil a impopular frase de que preferia o "cheiro de seus cavalos" ao "cheiro do povo". Em uma entrevista de despedida do governo, foi instado a deixar uma mensagem à população. "Que me esqueçam", disse Figueiredo

Faixa preta em karatê, Collor dirigiu Ferrari e pilotou caça

Fernando Collor (1990-1992) é lutador de karatê e amante da velocidade. Ele dirigiu uma Ferrari a mais de 200 km/h em uma fábrica italiana, pilotou um caça da Aeronáutica e andava de jet sky no Lago Paranoá, em Brasília. Antes de ser presidente do Brasil, Collor foi presidente do CSA, time mais popular do Estado de Alagoas

Itamar Franco era apaixonado por Fuscas

Uma curiosidade bem conhecida do ex-presidente Itamar Franco (1992-1994) era seu gosto pelo Fusca. Não se sabe se foi por um capricho pessoal, pela vontade franca de ressuscitar um carro popular ou para agradar a ex-namorada Lislie, que tinha um modelo 1981 do veículo. Fato é que Itamar trouxe de volta o Fusca para o Brasil no início de seu governo, em 1993. O modelo havia deixado de ser produzido no país em 1986. Menos conhecidas eram as superstições de Itamar. Não usava terno marrom. Em viagens de avião, jamais se sentava do lado da janela e não usava meias ou sapatos pretos durante os voos. Também em eleições, tinha seus caprichos: votava pontualmente às 16h45

FHC gosta de helicópteros e buchada de bode

Com fama de ser vaidoso, Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) também gosta de helicópteros. Em entrevista a uma rádio de Nova York, em 2006, três anos após deixar o Palácio do Planalto, falou sobre o tempo de presidente. "Acima de tudo, eu tenho de dizer, talvez seja bobagem, mas eu gosto de helicópteros e, como presidente, eu tinha helicópteros para me levar para lá e para cá. Não mais"

Lula tem mania de falar palavrão e gosta de festa junina

No livro ''Viagens com o presidente'', os jornalistas Eduardo Scolese e Leonencio Nossa contam que Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) fala palavrões com uma frequência fora do comum. Em uma viagem a Tóquio, por exemplo, durante um jantar, Lula disse: "tem horas, meus caros, que eu tenho vontade de mandar o Kirchner para a p*** que o pariu. É verdade. Eu tenho mesmo". O ex-presidente também era conhecido pelas grandes festas juninas que dava na Granja do Torto. Entre os convidados, ministros e assessores próximos. Todos vestidos a caráter, conforme pedia a primeira dama, dona Marisa. Além disso, Lula possui dotes culinários: sua especialidade é coelho ao vinho, mas ele não leva jeito para fazer arroz

Sem habilitação, Dilma "driblou" segurança e saiu de moto pelas ruas

Já na Presidência, uma estripulia de Dilma Rousseff (2011-atual) repercutiu em toda a imprensa. A presidente conseguiu driblar os seguranças e saiu de moto pelas ruas de Brasília. ''Coloquei o capacete e saí andando pelas ruas'', contou a presidente para o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. À época, o Palácio do Planalto afirmou a presidente não tem carteira de habilitação.

Créditos

Fonte: Presidentes do Brasil, de Fábio Koifman; Guia dos Curiosos; Folha de S.Paulo. Ilustrações: Di Vasca