"Seremos um partido amigo de Curitiba, mas fiscal da gestão", diz Ratinho Junior

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

  • Geraldo Bubniak/FotoArena/Estadão Conteúdo

    O deputado federal Ratinho Junior (PSC) concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (29), na sua casa, no bairro São Braz. O candidato derrotado agradeceu os votos que recebeu

    O deputado federal Ratinho Junior (PSC) concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (29), na sua casa, no bairro São Braz. O candidato derrotado agradeceu os votos que recebeu

"Seremos um partido amigo da cidade, mas fiscal da gestão [do ex-adversário, o prefeito eleito Gustavo Fruet (PDT)], disse nesta segunda-feira (29) o deputado federal licenciado Ratinho Junior, candidato derrotado do PSC à Prefeitura de Curitiba.

Em entrevista coletiva concedida em sua casa, num condomínio fechado na região oeste de Curitiba, ele afirmou que deseja "ser grande parceiro da cidade, me dedicar muito a representar Curitiba."

Ratinho revelou que telefonou a Fruet antes mesmo do fim da apuração, quando a diferença entre ambos já era irreversível, para cumprimentá-lo pelo resultado e desejar-lhe boa sorte na Prefeitura. "Retomo meu mandato parlamentar com a responsabilidade de cuidar mais de Curitiba. A votação recebida nos dá a responsabilidade de cobrar promessas e compromissos da próxima gestão, além de mudanças necessária para a cidade", argumentou.

Nos próximos dias, ele deverá "reunir bancada de vereadores [do PSC], para defender nossas ideias. Temos o dever de fazer cobrança, em melhorias na saúde, transporte coletivo, nas creches, em segurança pública." O partido foi o que mais elegeu vereadores em Curitiba – seis dos 38 ocupantes da Câmara Municipal.

"Não quero ser deputado para sempre"

Ratinho Junior evitou comentar sobre seu futuro político, mas deixou claro que deverá concorrer novamente à Prefeitura ou mesmo se lançar candidato ao governo do Estado. "Não quero ser deputado para sempre", afirmou. Ainda assim, não descartou buscar um novo mandato na Câmara daqui a dois anos.

Questionado sobre uma possível candidatura a vice nas chapas do governador Beto Richa (PDB) ou da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), prováveis adversários na disputa pelo governo do Paraná em 2014, ele saiu pela tangente. "Ainda é muito cedo para isso. Não sei nem o que fazer daqui a dez dias."

No entanto, ele não escondeu "mágoa" com Gleisi e o marido, o também ministro Paulo Bernardo (Comunicações), principais articuladores do apoio petista à candidatura do ex-tucano Fruet.

"Vejo dois PTs. Há o PT [dos deputados] Tadeu Veneri, Doutor Rosinha, Ângelo Vanhoni, [o presidente da Itaipu] Jorge Samek, com quem sempre dialoguei. Agora, não tenho mais o mesmo carinho que tinha [por Gleisi e Bernardo]. Mas não podemos fazer política com o fígado. Não virei inimigo dela [Gleisi]", pontuou. Durante a campanha, ele se referiu à cúpula petista no Paraná como "PT de gravata", ao passo que dizia ter o apoio de parte da militância do partido.

Ratinho falou que não vê problemas em continuar na base aliada do governo federal em Brasília. "Foi uma disputa local, que não deve causar um rompimento. Tenho muito carinho pela [presidente] Dilma [Rousseff]. Ela e [o ex-presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva] foram muito honestos comigo. Não vieram aqui, não gravaram [em apoio a Fruet]. Demonstraram respeito a mim, a meu pai [o apresentador Ratinho, amigo pessoal de Lula], e à história que construí com eles. Fiquei muito grato", enfatizou.

Por outo lado, Ratinho mostrou-se agradecido a Richa. "Ele agiu de maneira muito correta comigo, ao não atrapalhar o apoio [que recebi] de pessoas ligadas a ele. Tenho essa gratidão", afirmou.

"Campanha tranquila"

Apesar dos ataques de sua campanha à aliança entre Fruet e o PT, Ratinho Junior disse não ter visto excessos, e a classificou como "tranquila". "Criticar a aliança é cobrar posicionamento político. Não ataquei a honra dele. A aliança dele (Fruet) foi de conveniência, ele sabe disso. Há um ano e meio, fez campanha para Senado chamando o governo Lula de facção criminosa. Saio da eleição com paz de espírito, por não ter me curvado a poderosos, não ter vendido minha consciência para ser candidato", argumentou.

Para Ratinho, o adversário sai da campanha, embora eleito, com a "biografia arranhada". "É o entendimento até mesmo fora do Paraná. Mas eleitoralmente valeu a pena".
Apesar disso, ele negou que a eleição crie mágoas futuras com Fruet. "[Numa eleição] A crítica acontece mesmo. Mas sempre tivemos bom relacionamento. Ficam algumas mágoas, mas é igual a um jogo de futebol, em que trocam-se cotoveladas, mas depois senta-se para tomar uma cerveja", comparou.

Ele creditou à "falta de musculatura" a derrota no segundo turno. "Nos faltou apoio pesado de grandes partidos no segundo turno. Isso pesou muito a favor de Fruet. É um aval que não tive. Do outro lado, vieram sete ministros em dez dias. Cheguei ao meu limite, pelo meu tamanho.", disse. Sua campanha, porém, teve o reforço do PMDB e de setores do governo estadual após a vitória no primeiro turno.

Ratinho admitiu que sua campanha estava "psicologicamente mais preparada" para enfrentar o prefeito Luciano Ducci (PSB), que buscou a reeleição mas ficou em terceiro lugar, no segundo turno. "Mas tínhamos que estar preparados para todo mundo. E Fruet saiu do primeiro turno muito forte, mesmo sendo eu o vencedor, por ter derrotado Luciano."

O deputado irá voltar à Câmara Federal apenas em 6 de dezembro. "Vou ficar alguns dias com a família", informou ele, que espera o nascimento do filho, Carlos Massa Neto, para o próximo dia 31.

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