ACM Neto nega volta do carlismo: "Não vou perseguir ninguém"

Felipe Amorim

Do UOL, em Salvador

O prefeito eleito de Salvador, ACM Neto (DEM), rejeitou a ideia de que sua vitória nas urnas represente o retorno do "carlismo" ao poder. O termo se refere ao estilo político do senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), avô do prefeito, uma das principais lideranças políticas na Bahia entre a década de 1970 e os anos 2000.

"É uma pergunta natural. Agora, essa insistência da imprensa de discutir volta do carlismo, eu quero dizer claramente o seguinte: sempre tive orgulho da minha história, do meu passado, do senador ACM, que continua sendo uma pessoa muito presente no coração dos baianos. (...) Agora, evidentemente, nós estamos em 2012. Não há de se falar em retorno do carlismo. Eu não quero e não vou fazer um governo personalista, eu quero fazer um governo plural, eu quero fazer um governo com todos. Eu acho que pela primeira vez eu vou ter a oportunidade inclusive de afastar uma série de desconfianças, quebrar uma série de paradigmas. (...) Eu não vou fazer um governo que vá buscar perseguir ninguém, não existe isso, pelo contrário, quero fazer um governo plural, pensando no futuro da cidade. E ponto final.", afirmou o futuro prefeito, durante entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (29), em seu apartamento no bairro de Ondina.

O senador foi prefeito em 1967, governador por três mandatos e senador eleito em duas legislaturas. Em 2006, um ano antes da morte de ACM, o PT conquistou o governo da Bahia com a eleição de Jaques Wagner, encerrando um período de 16 anos em que políticos do grupo carlista se revezaram no comando do Estado.

ACM Neto foi recebido em seu comitê central aos gritos de "ô, ACM voltou" no último domingo (28), após a Justiça Eleitoral anunciar o resultado. Ele dedicou a vitória ao avô. "Eu acho que o grito das pessoas é um grito que emociona, claro. Eu fiz questão ontem de homenagear o senador Antônio Carlos Magalhães, porque essa é uma vitória que também, eu tenho certeza, homenageia ele", afirmou Neto nesta segunda-feira.

Relembre a trajetória do carlismo na Bahia

Nesta terça-feira (30) o futuro prefeito de Salvador, deputado federal em seu terceiro mandato, viaja para Brasília. Líder da oposição na Câmara dos Deputados, Neto diz que nos próximos dois meses pretende preparar a transição da liderança no legislativo, para poder renunciar o mandato antes de assumir a prefeitura. Esse tempo, segundo o futuro prefeito, será dedicado também a compor uma equipe de transição para dialogar com a administração do atual prefeito João Henrique (PP).

Neto afirma que pretende adotar em sua gestão um "compromisso com a austeridade", como forma de garantir recursos para ações prioritárias. "Vamos ter que tomar medidas duras, principalmente no que se refere às finanças. A palavra de ordem é economizar para fazer sobrar dinheiro", disse.

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  • Arte/UOL

Entre as medidas já anunciadas está a redução do número de cargos de confiança da prefeitura. A meta com essa e outras medidas que estão sendo estudadas, segundo o democrata, é economizar até 20% da despesa corrente da prefeitura.

"Mesmo que eu tenha que enfrentar resistência e impopularidade. O que tiver que ser feito vai ser feito", afirmou. O democrata disse ainda que vai pedir ao prefeito João Henrique (PP), e à Câmara de Vereadores de Salvador, para que possa acompanhar o trabalho de elaboração e votação do orçamento de 2013.

ACM Neto também voltou a afirmar que irá procurar a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador do Estado Jaques Wagner (PT), com quem pretende manter uma relação "cordial", diz. "Quero ter com os dois uma relação de trabalho conjunto. E saberei reconhecer, e dar os devidos créditos [aos governos federal e estadual], o que na política é importante", disse Neto.

A vitória em Salvador, terceiro colégio eleitoral do país, dá força ao partido Democrata – que perdeu prefeituras nas últimas eleições – e firma Neto como um nome forte na disputa eleitoral. Mas o futuro prefeito nega a intenção de disputar cargos em 2014, e evita comentar a projeção de seu nome como possível presidenciável pelo partido.

"Não admito discutir o futuro. Minha expectativa é servir a Salvador, e me dedicar integralmente à minha cidade", afirma.

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