Gustavo Fruet (PDT) reverte 1º turno, supera Ratinho Junior (PSC) e é eleito em Curitiba

Janaina Garcia

Do UOL, em Curitiba

Com apoio do PT, o advogado e ex-deputado federal Gustavo Fruet (PDT), 49, reverteu o resultado do primeiro turno e venceu neste domingo (28) o empresário e deputado federal Ratinho Junior (PSC), 31, na disputa pela Prefeitura de Curitiba. Ex-tucano e crítico do mensalão durante sua passagem pelo Congresso (1999-2010), o pedetista comandará pelos próximos quatro anos um orçamento de quase R$ 6 bilhões.

Logo após ser eleito, Fruet afirmou que apresentará, nesta segunda-feira (29), nomes de uma futura equipe de transição ao prefeito Luciano Ducci (PSB), que não conseguiu chegar ao segundo turno. "Falei com a presidente Dilma [Rousseff] e com o prefeito Luciano Ducci, para quem vou entregar minha equipe de transição", afirmou.

Ao chegar ao TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná), Fruet disse que o coordenador de seu plano de governo, Fábio Scatolin, será responsável por organizar a transição.

Ele lembrou que venceu uma eleição municipal 24 anos após seu pai perdê-la. O pedetista recebeu exatos 597.000 votos, o equivalente a 60,65% do total.  Ratinho recebeu 387.483 votos.

No primeiro turno, Fruet ficou com a segunda colocação na disputa com 27% dos votos válidos (265.451), contra 34% (332.408) de Ratinho Junior. Nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PDT aparecia na terceira colocação --inclusive na pesquisa boca-de-urna, divulgada no domingo de eleição após as 17h.

O prefeito eleito sucederá Luciano Ducci (PSB), que ficou com a terceira colocação --26% (261.049) dos votos válidos-- no primeiro turno e não conseguiu se reeleger. Ducci tinha o apoio da principal liderança política do Estado, o governador Beto Richa (PSDB).

Em 2010, quando disputou uma vaga no Senado, Fruet  recebeu cerca de 650 mil votos na capital paranaense e 2,5 milhões de votos em todo o Paraná. Mesmo assim, perdeu a vaga para o ex-governador Roberto Requião (PMDB).

Ratinho Junior foi o deputado federal mais votado do Estado, em 2010, com pouco mais de 600 mil votos.

Imagens da corrida eleitoral pela Prefeitura de Curitiba
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Apoios do segundo turno

Na segunda etapa da campanha, Fruet teve o apoio de siglas como DEM e PPS, mas, diferentemente de Fernando Haddad (PT), em São Paulo, e Nelson Pelegrino (PT), em Salvador, não teve no palanque os dois principais cabos eleitorais petistas, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A vice de Fruet, Miriam Gonçalves, é do PT. No lugar de Dilma e Lula, o candidato teve em campanha o casal de ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações), que comandam a sigla no Paraná.

Amigo pessoal do apresentador Carlos Massa, o Ratinho, Lula foi também alvo constante de Fruet na Câmara. Lá, o ainda deputado federal pelo PSDB e membro da CPMI dos Correios, que investigava o mensalão, não poupou críticas a petistas agora julgados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Veja como foi a campanha de Gustavo Fruet (PDT) em Curitiba
Veja como foi a campanha de Gustavo Fruet (PDT) em Curitiba

Ratinho Junior, por sua vez, angariou apoio do diretório local do PMDB, principalmente nas figuras do senador e ex-governador Roberto Requião, presidente local do partido, e de Rafael Greca, quarto colocado no primeiro turno.

Perfil do eleito

Nome: Gustavo Fruet
Partido: PDT
Nascimento: 18/04/1963
Município de nascimento: Curitiba (PR)
Ocupação: Advogado
Vice: Mirian Gonçalves (PT)
Coligação: Curitiba quer Mais (PDT/PT/PV)

Já Richa, principal cabo eleitoral de Ducci no primeiro turno, preferiu a neutralidade –mesma posição adotada pelo prefeito, já no dia seguinte à eleição. Após o resultado, o governador se eximiu da derrota: disse que, hoje em dia, “o eleitor foca nada ou quase nada em padrinhos políticos”.

Tom sobe nas últimas semanas

O tom entre as duas campanhas subiu ao longo das últimas semanas, a despeito da promessa de um segundo turno mais propositivo e menos agressivo do que foi o primeiro, sobretudo entre Fruet e Ducci. Ratinho Junior, por exemplo, associou o pedetista ao mensalão e ao ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, um dos réus no julgamento do escândalo.

Já Fruet consegui na Justiça Eleitoral a aplicação de três multas à Rede Massa, afiliada do SBT no Paraná pertencente ao empresário Carlos Massa, o Ratinho, pai do candidato. A coligação do pedetista acusou a emissora de favorecer o adversário em seus programas.

Ausência de Lula e Dilma

Nos bastidores, desde o resultado do primeiro turno, a justificativa para a ausência da presidente e de Lula na campanha do pedetista era a de que, apesar da coligação do PT com Fruet, tanto Ratinho quanto o segundo colocado integram a base de Dilma no Congresso. Apoiar um deles, portanto, poderia gerar antagonismo a outro aliado.

Outra hipótese para a ausência de Lula na campanha curitibana, mas negada pelas duas candidaturas, é a amizade entre Lula e o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, pai de Ratinho Junior. Em entrevista ao UOL, Ratinho disse que fez esse pedido ao ex-presidente em uma conversa por telefone.

Transição

Fruet alternou neste domingo (28) discurso de "superação" com o de "cautela" em relação, respectivamente, ao resultado do primeiro turno e às pesquisas de intenção de voto, que davam a ele, na primeira etapa da campanha, apenas a terceira colocação. Por outro lado, o pedetista já adiantou que, confirmada a vitória, implentará as primeiras ações pensando em um governo de transição para suceder Luciano Ducci (PSB), que não se reelegeu.

"Agora é olhar para o futuro, pacificar e estabelecer uma relação de diálogo já nas primeiras ações visando à transição”, definiu, pouco depois de afirmar sobre o adversário, Ratinho Júnior, que "uma derrota eleitoral não pode ser uma derrota política. E a postura agressiva dele, comigo, não combinava mesmo com o Ratinho que eu conheço".

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