Apoiado por petistas de peso, Alexandre Cardoso (PSB) é eleito em Duque de Caxias (RJ)

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/Flickr

    Alexandre Cardoso (centro) teve apoios de Lula, Dilma e Lindbergh na disputa contra o nome de Cabral

    Alexandre Cardoso (centro) teve apoios de Lula, Dilma e Lindbergh na disputa contra o nome de Cabral

Apoiado pela presidente Dilma Rousseff e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado federal Alexandre Cardoso (PSB) é o novo prefeito de Duque de Caxias (RJ). O socialista derrotou no segundo turno o peemedebista Washington Reis de Oliveira naquele que é o principal colégio eleitoral da Baixada Fluminense e o terceiro maior do Estado.

O prefeito eleito destaca duas prioridades nos primeiros dias de governo. Ele vai centrar esforços na melhoria do sistema de saúde, que leva os moradores a recorrer a hospitais de outras cidades, e no sistema de coleta de lixo, que é caótico desde o fechamento do aterro sanitário de Gramacho. Cardoso obteve 230.549 votos, equivalente a 51,51% do total válido, e venceu Washington Reis (PMDB), que recebeu 217.004 votos, ou 48,49% do total.

Cardoso, que é médico, disse que vai investir no Programa de Saúde da Família para aumentar a cobertura de equipes a pelo menos 60% da população. “Temos que encontrar soluções para problemas emergenciais na cidade. Não pode a pessoa andar na rua e encontrar lixo. Também não pode um filho passar mal e não ter médico nem remédio. Amanhã esta cidade terá uma nova vida, com mais dignidade”, disse.

Cardoso acompanhou a acirrada votação em sua casa e só comemorou quando a diferença era irreversível, com quase 99% dos votos apurados. Cardoso venceu o adversário por 13.545 votos, sendo que em alguns momentos da apuração a diferença caiu para cerca de 6 mil votos.

A coligação que elegeu Cardoso é formada por PRB, PDT, PT, PPS, PMN, PSB e PCdoB. Durante toda a eleição, o mote de Cardoso foi prometer parcerias com o governo federal. Seu rival no no segundo turno, Washington Reis, teve apoio do governador Sérgio Cabral e do prefeito do Rio, Eduardo Paes. O atual prefeito de Caxias, Zito (PP), que foi derrotado logo no primeiro turno da disputa, com 72.973 votos. Zito, que reclamou de concorrrer contra "duas máquinas" - leia-se os apoios dos governos estadual e federal a seus adversários -, não apoiou nenhuma candidatura no segundo turno.

Além de Dilma e Lula, Cardoso teve também o apoio do senador petista Lindbergh Farias, desde já na disputa para suceder Cabral e em guerra com o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, pré-candidato ao posto. Lindbergh defende o rompimento da aliança PT-PMDB no Estado e um alinhamento de seu partido com o PSB.

Prévia de 2014

Com 607 mil eleitores, Caxias é uma espécie de aquecimento para o xadrez de 2014. O apoio do PT ao candidato do PSB de Caxias foi costurado pelo governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, como uma das exigências do partido para apoiar a candidatura de Fernando Haddad (PT) em São Paulo.

Perfil do eleito

Nome: Alexandre Aguiar Cardoso
Partido: PSB
Nascimento: 03/05/1952
Município de nascimento: Duque de Caxias (RJ)
Ocupação: Deputado federal
Vice: Laury Villar (PDT)
Coligação: Amor por Caxias (PRB / PDT / PT / PPS / PMN / PSB / PC do B)

Cabral, por sua vez, apoiou Washington Reis em uma tentativa de alavancar o leque de apoios a Pezão, de olho na eleição de 2014. Não por acaso, Reis fez ataques a Campos ao longo do segundo turno. Em um evento com Cabral e Paes, o candidato do PMDB a prefeito de Caxias chamou o pernambucano de "inimigo do Rio", em referência à discussão sobre os royalties de petróleo para o Estado.

Cardoso atribuiu ao "deseapero" as declarações de Reis, mas não atacou Cabral. Explica-se o porquê: Cardoso é ex-aliado do governador, de quem foi secretário estadual de Ciências e Tecnologia. Quando deixou a pasta, Cardoso indicou a Cabral seu sucessor.

Conjuntura

A novela "Avenida Brasil" já terminou, mas, para os 855 mil moradores de Duque de Caxias, o drama continua. O fechamento, em junho deste ano, de Gramacho, maior lixão a céu aberto da América Latina, trouxe à cidade outro problema, de onde jogar seu lixo. Com isso, os resíduos estão acumulados e visíveis pelas ruas. Em agosto deste ano, a prefeitura disse que corria o risco de decretar calamidade pública. Não bastasse isso, entre as 81 maiores cidades do país, Caxias também tem um um dos dez piores sistemas de coleta e tratamento de esgoto, segundo o Instituto Trata Brasil. Além disso, o abastecimento de água irregular afeta cerca de 300 mil moradores.

Durante a campanha, Cabral se comprometeu a ajudar Washington Reis a criar a Companhia Municipal de Água e Esgoto. Cardoso também promete criar uma companhia municipal, mas apenas caso não dê certo cobrar providências da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). A nova companhia, caso seja criada, tem custo estimado de R$ 283 milhões, segundo Cardoso, que indicou disposição de envolver a União no financiamento do projeto. Quanto à questão do lixo, Cardoso prometeu de imediato ampliar o serviço de varrição e implementar uma estação provisória de transferência de resíduos. De uso emergencial, ela seria substituída pela construção de um lixão definitivo.

Na enquete "Avalie sua Cidade", do UOL, saúde apareceu como o maior problema de Duque de Caxias, seguido de coleta de lixo. Nos indicadores de saúde pública, Caxias aparece em 78º lugar, em uma lista com 92 municípios fluminenses no Índice Firjan de Desenvolvimento dos Municípios (IFDM). Terceiro município mais populoso do Estado, Caxias conta com um hospital estadual, 59 municipais e 134 particulares.

Em seu programa de governo, Cardoso promete implantar 100 equipes do Programa Saúde da Família em Caxias e implantar postos de saúde 24h para cada 50 mil habitantes, além criar um hospital referência de alta complexidade.

Devido a seu Polo Gás-Químico, puxado pela Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, Caxias tem um PIB de R$ 25,7 bilhões. Apesar disso, 51,8 mil moradores vivem em situação de extrema pobreza, segundo dados de 2010 do IBGE. Contra isso, Cardoso propôs, em seu programa de governo, criar uma rede local de empresas fornecedoras da Reduc. Além disso, o socialista promete implantar, em parceria com o governo federal, cozinhas comunitárias nos quatro distritos da cidade, para combater a insegurança alimentar no município.

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