Ex-aliado de Russomanno, pastor da Assembleia de Deus declara apoio a Haddad

Julianna Granjeia

Do UOL, em São Paulo

O pastor Renato Galdino, presidente do conselho político do Ministério Santo Amaro da Igreja Assembleia de Deus, afirmou, nesta segunda-feira (22), que vai mobilizar 353 líderes de sua instituição para fazer campanha para o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.

Galdino atacou o pastor Silas Malafaia, que apoia José Serra (PSDB). "O Malafaia não tem de meter o bico aqui [em São Paulo]", afirmou. A igreja de Malafaia tem sede no Rio de Janeiro.

Haddad recebeu 20 líderes, de 11 igrejas, para divulgar o manifesto de apoio ao petista e com críticas a Serra e ao prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Galdino, que mobilizou seus fiéis no primeiro turno para apoiar o candidato do PRB Celso Russomanno, inclusive com a distribuição de material na porta dos templos da igreja que representa, afirmou que não fará campanha durante os cultos, mas também entregará material de campanha do petista na porta de suas igrejas.

Apesar de assessores da campanha petista negarem que tenham procurado o pastor, Galdino afirmou que teve um encontro com os deputados federais Cândido Vacarezza e  Devanir Ribeiro (PT-SP) depois da divulgação de dois vídeos do pastor Silas Malafaia. O deputado estadual Simão Pedro e o vereador José Américo --um dos coordenadores da campanha petista-- também participaram da articulação.

Malafaia é líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que declara apoio ao candidato do PSDB José Serra e faz ataques ao kit anti-homofobia, material que foi elaborado na gestão de Haddad no MEC (Ministério da Educação) e seria distribuído em escolas públicas até o veto da presidente Dilma Rousseff (PT).

Galdino negou que o apoio da igreja que representa seja uma reação ao apoio de Malafaia, mas disse que sua intenção é que o novo prefeito da cidade coloque fim "à perseguição às igrejas".

Ele, no entanto, criticou o pastor. "O Malafaia não tem de meter o bico aqui. Inclusive, se ele quiser abrir uma igreja aqui não vai conseguir porque a prefeitura não dá alvará", afirmou.

Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", publicada neste domingo (21), Malafaia revelou os planos de expansão de sua igreja. Segundo ele, a meta é inaugurar mil templos até 2020.  Em São Paulo, o líder religioso quer “entrar com tudo”.

“Vou abrir igreja no Brasil inteiro”, disse. “Logo, logo vou cair com tudo” na cidade [São Paulo]. “Tenho pesquisado lugares”, adiantou.

O documento foi assinado por representantes da Assembleia de Deus Nipo-brasileira, Assembleia de Deus de Santo Amaro, Igreja Paz e Vida, Convenção dos Ministros da Assembleia de Deus do Estado de São Paulo, Convenção Batista e Convenção das Igrejas Pentecostais.

"Houve uma reação em relação aos modos com que o pastor [Malafaia] utilizou para ofender a minha pessoa. Houve uma manifestação de solidariedade", afirmou Haddad.

'Clima de medo'

O texto do manifesto em favor de Haddad acusa Serra e Kassab de "perseguição e clima de medo". Segundo Galdino, a prefeitura aplica a lei do Psiu de forma "arbitrária".

"A lei diz que o fiscal tem que medir o barulho da casa do denunciante e eles estão indo na porta da igreja e até dentro da igreja fazer a medição e acabam aplicando as multas. É arbitrário isso e fora da lei", disse o pastor.

Haddad negou que irá flexibilizar a lei, caso eleito. No entanto, Galdino afirmou que o candidato se comprometeu a rever processos e verificar se, de fato, a lei está sendo cumprida de forma "arbitrária".

Ele afirmou que defende os princípios do Estado laico, do combate a qualquer tipo de intolerância e das parcerias público comunitárias que sensibilizou os evangélicos a manifestarem seu apoio.

"Eu penso que é um gesto importante, sobretudo em um momento em que as campanhas políticas às vezes querem derrapar nessa questão [religiosa]. O que querem é o respeito do poder público", afirmou o petista, que sempre criticou os adversários que “instrumentalizam” as igrejas em busca do apoio na eleição.

Encontro com dirigentes de futebol

Em evento realizado no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, na tarde de hoje, os presidentes de São Paulo Futebol Clube e Sociedade Esportiva Palmeiras, Juvenal Juvêncio e Arnaldo Tirone, e o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez --diretor de seleções da CBF (Confederação Brasileira de Futebol)-- se reuniram com Haddad e declararam apoio ao candidato petista.

Juvêncio brincou com a rivalidade dos times São Paulo e Corinthians sobre a parceria “inédita” entre os times da capital paulista.

“Só o Haddad para unir eu e o Andres numa mesma causa”, disse o presidente do time cujo o capitão, ídolo e goleiro, Rogério Ceni, declarou apoio a José Serra.

O presidente da Portuguesa, Manuel da Lupa, não compareceu, mas mandou uma carta de apoio ao candidato.

O candidato derrotado a vereador Luciano Gama (PSDB) também declarou apoio a Haddad. Ele anunciou sua desfiliação ao PSDB durante o ato.

Rede Nossa São Paulo

De manhã, Haddad participou de evento promovido pela ONG Rede Nossa São Paulo no qual ele e Serra apresentaram --em horários distintos-- seus programas de governo.

Ao responder questões sobre segurança pública, Haddad defendeu uma maior participação da Prefeitura de São Paulo, que atuaria em parceria com o governo do Estado. Segundo ele, o fato de o governo do Estado ser o responsável pelas polícias Civil e Militar causa impressão de o prefeito pouco pode fazer.

“Não é o que eu penso. A questão da segurança se transforma em uma questão territorial, de ocupação de território. A ideia básica é a ocupação do território de várias maneiras, não apenas repressiva. Primeiro com a ideia de polícia comunitária. Segundo com a questão da estruturação do monitoramento em vídeo por meio de vários órgãos da cidade, onde todos conversem entre si, sem a segmentação do monitoramento. E a terceira coisa é a presença de programas sociais, especialmente os voltados para a juventude”, disse.

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