Alguns minutos após confirmação da vitória de Marcio Lacerda (PSB) na eleição de Belo Horizonte, o senador tucano Aécio Neves, ao lado do prefeito reeleito, foi recebido no comitê de campanha do candidato socialista com gritos entusiasmados de militantes do PSB dizendo que gostariam de vê-lo presidente do Brasil em 2014.

“Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos Aécio presidente do Brasil”, entoou a militância do PSB após incentivos do governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), e de Délio Malheiros (PV), vice na chapa vitoriosa.

“Agora nós teremos muito trabalho. Em 2014, temos outra função: [eleger] Aécio, presidente do Brasil”, disse o governador.

Aécio, Lacerda e Anastasia discursaram para a claque de um caminhão de som. Se o governador e Délio Malheiros se entusiasmaram, Aécio não tratou da disputa de 2014 e foi diplomático: “Quero externar meus respeitos aos nossos adversários, em especial a Patrus Ananias.”

Posteriormente, em uma breve entrevista coletiva, Aécio disse que os ataques mútuos entre ele e Dilma Rousseff na reta final de campanha são naturais em uma disputa eleitoral 

“Tenho um respeito pessoal muito grande com a presidente, e naturalmente há momentos da campanha que você critica e responde. Minas Gerais e Belo Horizonte vão ter um tratamento republicano do governo federal.

Lacerda

O prefeito eleito seguiu Aécio, seu padrinho político, e também não citou 2014 em seu discurso pós-vitória. Lacerda leu um texto pronto agradecendo os militantes que se envolveram na campanha e afirmou que recebeu uma ligação de Patrus o saudando pela vitória. “Recebi um telefonema há pouco do nosso adversário, que nos cumprimentou pelo nosso resultado, desejou sucesso e disse que irá fazer uma oposição leal e construtiva.”

E disse que pretende trabalhar em parceria com o governo federal. “Vamos continuar atuando em parceria com o governo federal, com o governo do Estado e todos os municípios da região metropolitana.”

Já na entrevista coletiva, Lacerda prevê que as relações dele com o governo federal não vão se estremecer após o rompimento entre PSB e PT. "A nossa aliança tem 19 partidos, dos quais 16 são da base da presidente Dilma. Então não há nenhuma mudança da relação nossa com o governo federal”, afirmou Lacerda.

O prefeito disse também que pretende manter diálogo com os petistas. “O PT não é um partido monolítico, tem várias tendências”, disse Lacerda. “Diferenças ideológicas entre nós e o PT não são tão grandes assim. Existem socialdemocratas no PSB, no PT e no PSDB.”

Questionado se apoiaria Aécio contra Dilma em 2014, Lacerda ficou em cima do muro. "Eu fico com Belo Horizonte em 2012. Como disse o senador Aécio, o mineiro não costuma colocar o carro na frente dos bois, e não sou eu que vou inaugurar essa prática aqui."

Festa anti-PT

Se o tratamento de Lacerda e Aécio aos adversários foi amistoso, o mesmo não se pode dizer da militância do PSB presente no comitê do prefeito reeleito.

Em vários momentos os presentes puxaram gritos contra o PT. "Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos que o PT vá para a p... que pariu."

A música "Vou Festejar", de Jorge Aragão, foi repetida a exaustão na festa, em referência ao rompimento de PT e PSB. "Você pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão (...) vou festejar o teu sofrer, o teu chorar.", diz a letra. 

Quem é Marcio Lacerda

Lacerda tem 66 anos. Entrou na vida pública em 2003, quando aceitou o convite para ser secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional do governo Lula, na gestão de Ciro Gomes.

Em 2007, assumiu a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, durante o governo Neves.

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