O candidato do PT à Prefeitura de Belo Horizonte, Patrus Ananias, disse que, em 2008, aceitou o apoio do seu partido à candidatura de Marcio Lacerda (PSB) --que tinha respaldo também do PSDB-- para evitar uma “distensão” em seu partido. A declaração foi feita durante debate na TV Globo na noite desta quinta-feira (4). Atual prefeito, Lacerda é candidato á reeleição e lidera as pesquisas.

A afirmação foi feita em resposta à candidata do PSOL, Maria da Consolação, que sugeriu em sua pergunta que os projetos de Lacerda e do Patrus são semelhantes, já que ambos os partidos trocaram apoios nas últimas gestões em Belo Horizonte.

”Quero deixar muito claro a nossa diferença com a atual administração. Não apoiei a candidatura [de Lacerda] em 2008. Não participei do governo dele, sempre tive uma visão crítica da gestão [Lacerda], principalmente na área social e na saúde. Aceitei a decisão para não criar uma distensão no meu partido”, afirmou.

PT e PSB estiveram juntos nas últimas gestões de Belo Horizonte, desde o governo de Patrus (1993-1996), passando pelas gestões de Célio de Castro (PSB) e Fernando Pimentel (PT). Em 2002, Pimentel ajudou a costurar a candidatura de Lacerda, que havia ingressado há cerca de um ano no PSB, sob influência do tucano Aécio Neves, e disputaria sua primeira eleição.

A aliança entre PSB, PT e PSDB seria repetida nesta eleição, mas acabou sendo barrada depois que o PT foi excluído da coligação proporcional na chapa de vereadores. A exclusão do PT foi um pedido de Aécio, mas a relação entre PT e PSB estava estremecida há cerca de um ano.

Na reta final das eleições, a disputa entre Lacerda e Patrus se acirrou, com críticas, uso de vídeo, declarações duras de ambos os lados e guerra de liminares na Justiça Eleitoral. Antes do debate, militantes das duas coligações trocaram agressões.

Na reta final das eleições, a disputa entre Lacerda e Patrus se acirrou, com uso de vídeos, declarações duras de ambos os lados e guerra de liminares na Justiça Eleitoral. Antes do debate, militantes das duas coligações trocaram agressões.

O debate de hoje, entretanto, foi frio. Nenhuma das questões que marcaram os últimos dias, como o vídeo do vice de Lacerda, Délio Malheiros (PV), criticando o prefeito, ou a presença de Dilma Rousseff em Belo Horizonte, foram colocadas em questão.

O alvo da maior parte das críticas foi Lacerda, questionado, sobretudo, no tema da saúde. Patrus disse que o sistema de saúde pública foi negligenciado pela atual gestão.

“O setor de tomografia e mamografia estão sobrecarregados. A rede hospitalar é dever do Estado. E tem recurso para melhorar a saúde. São R$ 2 bilhões que Belo Horizonte tem por ano e poderia ter mais. Queria lembrar que o dinheiro destinado para a criação de mais de sete UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) não foram aplicados”, disse o petista.

“Fizemos muito pela saúde, mas há muito mais o que fazer. Há um subfinanciamento da saúde em nível nacional. Nossa prioridade agora é melhorar a parte de consultas especializadas, mas já melhoramos muito a saúde, estamos finalizando o hospital do Barreiro,” afirmou Lacerda.

O candidato socialista cutucou o antecessor Fernando Pimentel, ao dizer que a gestão do petista praticamente não ampliou as equipes do Programa Saúde da Família, uma das medidas. “A gestão anterior criou apenas sete ou oito equipes. Nós criamos mais de 160.”

“Ao contrário do que foi dito, municipalizamos a saúde em Belo Horizonte, criamos  UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), iniciamos o Samu, garantimos medicamentos nos postos de saúde, criamos uma central de medicamentos. Iniciamos um processo, que, infelizmente, nos últimos anos, retrocedeu”, replicou Patrus.

O debate da TV Globo foi o último antes do primeiro turno das eleições, que acontece no domingo (5). A última pesquisa Datafolha, divulgada ontem (4), indicou que Lacerda tem 45% das intenções de voto, contra 34% de Patrus. Se a eleição fosse hoje, o candidato socialista venceria no primeiro turno, de acordo com o Datafolha.

Mais informações sobre as eleições em Belo Horizonte.