Dilma está ficando agressiva como Lula, diz Aécio durante ato com Lacerda em BH

Guilherme Balza

Do UOL, em Belo Horizonte

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou, na tarde desta sexta-feira (5), durante ato de campanha do prefeito e candidato à reeleição, Marcio Lacerda (PSB), em Belo Horizonte, que a presidente Dilma Rousseff está ficando parecida com seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva pelo o que o tucano chamou de “agressividade” contra seus adversários.

“Ela [Dilma] lamentavelmente ficou parecida com ele [Lula] nessa reta final da campanha”, disse Aécio. Questionado por um jornalista em quais aspectos a presidente se assemelha a Lula, o senador responde que “na agressividade e na desqualificação dos adversários.”

Na semana passada, Aécio chamou Lula de “líder de facção”, ao questionar o envolvimento do petista nas eleições municipais. Nos últimos dias, Dilma e Aécio abandonaram a diplomacia e trocaram críticas duras, em contraste com o período pré-eleitoral, quando o tucano e a petista evitavam o confronto.

Ao saber da vinda da presidente para participar de um comício do candidato Patrus Ananias (PT) na capital mineira, na última quarta-feira (3), Aécio questionou Dilma, dizendo que ela era uma estrangeira e, portanto, não deveria se envolver no pleito municipal.

No comício, realizado na região do Barreiro, periferia de Belo Horizonte, Dilma disse que não deixou Minas para ir à praia, e sim porque precisava fugir dos militares durante a ditadura –a presidente mudou-se para Porto Alegre, onde passou a viver após o fim do período militar.

Sem citar Aécio nominalmente, Dilma afirmou ainda que é mesquinho impedir a presidente de participar das eleições e que ninguém deve se considerar “dono de Minas Gerais”.

Aécio negou que tenha provocado a presidente, ao ser questionado se as declarações de Dilma foram em resposta às suas colocações anteriores. “De forma alguma. Apenas reagi. Apenas reajo daquilo que o governo tem dito.”

O senador voltou a provocar a presidente ao dizer que “lamentou que ela tenha precisado de uma cola para saber quais são as reivindicações de Minas Gerais” --no comício, Dilma usou uma cola com anotações durante seu discurso. E mais uma vez insinuou que a presidente é uma estrangeira em Minas Gerais.

“Não existe na democracia momento mais importante do cidadão com a sua terra do que no momento do voto. Tenho curiosodade muito grande de saber onde é que a mineira Dilma Rousseff vai votar no próximo domingo”, provocou. Por morar há muitos anos no Rio Grande do Sul, a presidente vota em Porto Alegre.

Perguntado se o embate é uma prévia de uma eventual disputa pela Presidência em 2014, Aécio sorriu e respondeu indiretamente. “Me senti muito honrado por a presidente deixar Brasília para vir responder às minhas indagações.”

Sobre um possível impacto do mensalão nas eleições, Aécio afirmou que “as eleições municipal são decididas pelas questões locais.”

Aécio Neves foi um dos principais incentivadores da ida da filiação de Lacerda no PSB, em 2007, um ano antes de ser eleito prefeito, em sua primeira eleição disputada, numa chapa apoiada por PSDB e PT. Ao longo da gestão Lacerda, o PT foi se afastando do PSB até romper completamente pouco antes do início das inscrições dos candidatos na Justiça Eleitoral, em julho. O principal motivo do rompimento foi a resistência do PSB em aceitar o PT na coligação proporcional (dos vereadores).

A separação dos partidos em Belo Horizonte interessa ao PSDB, que busca o apoio do PSB, aliado do PT em âmbito nacional, para a disputa de 2014. 

Lacerda

O candidato à reeleição Marcio Lacerda disse que o embate entre Aécio e Dilma não influencia na escolha do eleitor. “Isso não interfere no voto do cidadão. A questão municipal, o dia-a-dia, é que interfere.”

O candidato socialista afirmou também que “falta muito tempo ainda para 2014”, ao ser perguntado se a nacionalização do pleito em Belo Horizonte tem relação com a disputa presidência. O governador Anastasia não deu entrevistas à imprensa durante o evento.

Caminhada

No ato de campanha, Lacerda, Aécio, o governador Antonio Anastasia (PSDB) e o vice do candidato socialista, Délio Malheiros (PV), caminharam por cerca de 20 minutos e 400 metros, sob um calor de 30°C, ao lado de deputados, cabos eleitorais e militantes dos partidos que compõem a coligação do candidato à reeleição.

A caminhada começou na praça Rio Branco e terminou na praça Sete, tradicional palco de manifestações políticas no centro de Belo Horizonte. Durante a caminhada, militantes que faziam a segurança dos políticos trocaram empurrões com fotógrafos e cinegrafistas.

Na dispersão do ato, alguns militantes que apoiam Patrus fizeram críticas ao governador e ao prefeito. Uma militante com uma camiseta do PV jogou santinhos contra o prefeito.

Mais informações sobre as eleições em Belo Horizonte.

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