Ao citar mensalão, Lula diz que governos do PT julgaram e condenaram envolvidos no escândalo

Julianna Granjeia

Do UOL, em São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em evento de campanha do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (27), que o PT tem de ter orgulho por ter julgado e condenado pessoas envolvidas em escândalos de corrupção, ao fazer referência ao escândalo do mensalão. Foi a primeira vez que Lula se referiu ao mensalão desde o início da campanha.

"Aquele mesmo senhor que ofendeu a Dilma [Rousseff] até onde ninguém jamais tentou ofender, agora está ofendendo o companheiro Fernando Haddad. Ou seja, tentando baixar o nível da campanha, tentando vincular Haddad ao julgamento do processo que está na Suprema Corte. Tem que ter orgulho, não tem que ficar com vergonha, no nosso governo as pessoas são julgadas e apuradas. No deles, tripudiam ", afirmou Lula ao fazer referência a uma declaração do candidato tucano José Serra, que afirmou que a presidente "não deveria meter o bico" na eleição de São Paulo.

De acordo com Lula, "no tempo deles, o procurador-geral da República [Geraldo Brindeiro] era chamado de engavetador".

"É importante lembrar da compra de voto em 1996 para aprovar a reeleição neste país", disse Lula, dessa vez em referência ao escândalo que envolveu a aprovação da emenda à Constituição que permitiu a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1994-2001).

"Se juntarem todos os presidentes da história do Brasil, vocês vão ver que eles não criaram instituições para combater a corrupção como nós criamos em oito anos. Sintam orgulho porque, se tem uma coisa que fizemos, foi criar instrumentos para combater a corrupção", afirmou Lula.

Sem citar nomes, o ex-presidente afirmou que, em 2006, a imprensa tentou inflar a candidatura de uma ex-militante do PT --a ex-senadora Heloisa Helena-- e pediu a Haddad que não responda ao "jogo rasteiro" de quem tenta ligá-lo ao mensalão.

Logo após a entrada de Lula e Haddad no anfiteatro onde foi realizado o evento, a manifestação de um estudante causou constrangimento no início da cerimônia. Em frente ao palco, ele levantou uma faixa com a inscrição "Renovação com Mensalão? PT do Lula, PT do Haddad, tem o mensalão".

O manifestante foi hostilizado, teve a faixa arrancada de suas mãos e foi retirado do local.

Lula, em fala aos militantes, também atacou o lídera das pesquisas em São Paulo, o candidato do PRB, Celso Russomanno. "Ter pessoas que não têm qualificação na frente das pesquisas, quer dizer que somos nós que não estamos sabendo vender nosso candidato com a grandeza que ele tem", afirmou.

Haddad também criticou o PSDB. O candidato atacou quem chama o Bolsa Família de "bolsa esmola" e disse que Lula promoveu uma revolução na educação.  O petista também fez uma provocação ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Se o Aécio quer ser presidente, estuda um pouquinho. Lê um livro por semana. Pode ser em Ipanema, na praia mesmo."

O candidato também respondeu às críticas tucanas de que seu plano de governo seria "faraônico".

"Meu projeto é menos faraônico do que a cidade de São Paulo. Essa pauta não é minha, é cidadania", disse ao se referir a afirmação de Serra de que irá apresentar seu plano de governo apenas no segundo turno.

"Russomanno e Serra têm em comum a falta de humildade", afirmou o candidato petista.

Lula e Haddad --acompanhados de lideranças políticas-- participaram de um evento para estudantes, que teve a presença de bolsistas do ProUni, de integrantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da JS (Juventude Socialista), no campus da Uninove, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

O julgamento do mensalão no STF
O julgamento do mensalão no STF

O mensalão

O caso do mensalão, denunciado em 2005, foi o maior escândalo do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

O processo tem 38 réus --um deles, contudo, foi excluído do julgamento no STF, o que fez o número cair para 37-- e entre eles há membros da alta cúpula do PT, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). No total, são acusados 14 políticos, entre ex-ministros, dirigentes de partido e antigos e atuais deputados federais.

O grupo é acusado de ter mantido um suposto esquema de desvio de verba pública e pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo Lula.

O esquema seria operado pelo empresário Marcos Valério, que tinha contratos de publicidade com o governo federal e usaria suas empresas para desviar recursos dos cofres públicos. Segundo a Procuradoria, o Banco Rural alimentou o esquema com empréstimos fraudulentos.

O tribunal vai analisar acusações relacionadas a sete crimes diferentes: formação de quadrilha, lavagem ou ocultação de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta.

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