Debate tem dobradinhas contra Serra e Haddad; petista mira Russomanno

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

O debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido pela TV Gazeta e pelo site Terra nesta segunda-feira (24) foi marcado por ataques aos três primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto: Celso Russomanno (PRB), José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT). As investidas, muitas vezes, foram feitas em dobradinhas entre adversários.

Russomanno e Haddad duelam sobre transporte em debate

No primeiro bloco, por exemplo, Haddad perguntou sobre transporte público ao candidato Gabriel Chalita (PMDB) dizendo que o setor tem uma "avaliação ruim", "ao contrário do que disse Serra" --o tucano havia respondido uma pergunta feita por Paulinho da Força (PDT) sobre transporte.

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Na resposta, Chalita atacou a administração "Serra-Kassab" e disse que os recursos no setor são insuficientes. Haddad, em sua réplica, afirmou que as obras feitas no metrô são insuficientes e estão atrasadas.

Em outra ocasião, Chalita criticou o aumento salarial dado a subprefeitos e ocupantes de cargos de confiança. "Essa gestão 'Serra-Kassab' deu quase 200% de aumento aos subprefeitos. Os outros funcionários da prefeitura tiveram 0,01% de aumento por ano", disse.

Na resposta, Serra criticou a atuação parlamentar de Chalita dizendo que ele "faltou a quase metade das sessões".

Em outra dobradinha, Serra usou uma pergunta feita por Paulinho para atacar Haddad. Ao ser questionado sobre o que achava de uma eventual eleição para subprefeito, Serra respondeu que a medida poderia causar “confusão administrativa” e disse que, quando assumiu a prefeitura --após a gestão da petista Marta Suplicy (2001-2004)-- percebeu que o PT havia "loteado as subprefeituras".

Em sua tréplica, o tucano aproveitou para responder a crítica de Haddad dizendo que as obras do monotrilho estão avançando, assim como de duas linhas do metrô.

Estratégia

O debate também veio comprovar que a estratégia do PT de Haddad é atacar o líder Russomanno na reta final da campanha. Em duas ocasiões em que teve oportunidade, Haddad direcionou suas perguntas ao candidato do PRB na tentativa de descontruir suas propostas de tarifa de ônibus proporcional e para a Guarda Civil Metropolitana.

Durante o debate, Haddad partiu para o confronto com Russomanno --até então, os dois candidatos, de partidos que compõem a base do governo Dilma Rousseff, se poupavam de ataques.

O confronto revela estratégia do PT para tentar reconquistar eleitores em redutos tradicionais do partido que, de acordo com as pesquisas, migraram para Russomanno. A tática do PT é mostrar o candidato do PRB como alguém que não tem preparo e não apresentou propostas para a cidade.

Haddad questionou a proposta do rival de cobrar uma tarifa proporcional no transporte público. "Você está cobrando mais de quem mora longe. Você vai pegar dinheiro público pra subsidiar a tarifa de quem mora perto."

Em sua resposta, Russomanno afirmou que o petista estava "totalmente enganado" e criticou a proposta do rival para os transportes. "Você já falou que o Bilhete Único que defende vai aumentar o subsídio em R$ 450 milhões? Não sei de onde você vai tirar o dinheiro."

No início do debate, Haddad já havia dito que as críticas que vem fazendo a Russomanno no horário eleitoral e nas inserções de TV não são "pessoais".

"Não estamos fazendo e nem faremos ataques pessoais ao Russomanno. Entendo que algumas questões ligadas à candidatura do Russomanno merecem atenção, por exemplo, a não apresentação de um plano de governo. É o mínimo que se exige de um candidato", afirmou o petista.

Na sequência, Russomanno exibiu um impresso que seria seu “plano de governo”, ao que depois foi repreendido pela jornalista Maria Lydia, mediadora do debate, que disse que era contra as regras exibir qualquer material, objeto ou documento.

Ao final do debate, Russomanno prometeu apresentar seu programa de governo detalhado, por áreas, "a partir da próxima semana".

Mensalão

Ao citar o mensalão, Soninha Francine (PPS) também serviu de linha alternativa para ataques a Haddad.

Segundo o candidato do PT, a oposição foi "irresponsável" ao ligar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao mensalão --suposto esquema de compra de apoio de parlamentares no Congresso Nacional, no primeiro governo do petista (2003-2006). O processo está sendo julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Há duas semanas, a revista "Veja" trouxe reportagem em que afirmava o publicitário Marcos Valério teria dito a interlocutores que Lula seria o chefe do esquema.

A candidata do PPS perguntou a Haddad se ele considerava que uma nota emitida pelo PT --com ataques à oposição que pediu uma investigação sobre a denúncia da revista-- era correta.

"O procedimento da oposição é irresponsável. Basear uma denúncia em uma reportagem de uma revista semanal, que foi desautorizada pela fonte", afirmou.

na sequência, Haddad aproveitou para atacar a atual administração mais uma vez. "Você [Soninha] fala como se não tivesse participado da gestão Serra-Kassab. Muitos secretários estão respondendo por improbidade. O caso Aref [ex-chefe de licenciamentos investigado por sua evolução patrimonial] é um escândalo de proporção incalculável."

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