No Rio, Leite entrevista usuária de crack em horário político; Freixo critica remoções

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

O candidato do PSDB à Prefeitura do Rio de Janeiro, Otávio Leite, exibiu no horário político da tarde desta segunda-feira (17) uma entrevista feita por ele com uma usuária de crack da zona norte da cidade.

Leite e sua equipe visitaram o bairro de Madureira, região que é constantemente mostrada na propaganda de TV do prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB) -- com foco na construção do Parque Madureira, que se tornou a terceira maior área verde da capital fluminense.

O tucano utilizou seu tempo de TV para criticar a política de combate ao crescimento do consumo do crack --especialistas consideram que o Rio vive uma "epidemia" em relação ao entorpecente -- executada pela gestão de Paes.

"Nós não somos um Rio [ironizando o slogan do candidato à reeleição]. Somos vários 'Rios'. Aqui, por exemplo, para este lado você vai para o Parque Madureira. Mas para este lado, debaixo do viaduto, você vai para o 'crack de Madureira'. São vários os pontos de crack na zona norte", afirma Leite.

"A minha cabeça só pensa em droga. Pego o dinheiro, é crack. Nada de dormir, só fica aí três dias, quatro dias. Tem pessoas que são bem piores. Que precisam de ajuda. De que adianta entrar no abrigo se tem droga? De que adianta entrar no abrigo se você não tem um trabalho? De que adianta entrar no abrigo se você não tiver um respeito? Nunca trabalhei de carteira assinada. Eu quero trabalhar para ser alguém na vida. Ser ao menos um cidadão, cabeça erguida, trabalhar. Eu quero ajudar a mim e ao próximo. Eu também sou cidadão, estou no meio da rua, sofrendo. Porque eu não tenho carinho, não tenho conforto, não tenho onde comer", relata a usuária de crack.

Para enfrentar o problema, Leite sugere "investir menos em propaganda" e melhorar a "estrutura pública" de atendimento aos usuários de crack, o que incluiria a construção de novos abrigos e mais leitos nos hospitais.

Freixo critica remoções

O concorrente do PSOL à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, também utilizou o seu tempo de TV para criticar a gestão do candidato à reeleição pelo PMDB, Eduardo Paes. O tema abordado foi a questão da moradia. De acordo com Freixo, o governo municipal "vem promovendo remoções arbitrárias e ilegais".

"A maioria delas [das remoções] é por conta da especulação imobiliária e não por conta de necessidades de áreas de risco", completa.

Freixo exibe entrevistas com moradores das favelas Vila Autódromo e Restinga, na zona oeste, e do morro da Providência, na zona portuária.

"A gente mora aqui há anos. Por que não foi urbanizado?", questiona um morador da Vila Autódromo, comunidade na qual 500 famílias serão obrigadas a sair em função da construção do futuro Parque Olímpico do Rio, na Barra da Tijuca. Os moradores serão reassentados pelo governo municipal e transferidos para um conjunto habitacional a ser construído com recursos do governo federal através do programa "Minha Casa, Minha Vida".

"Eu já passei por muitas remoções e não quero passar pela terceira remoção. E esse prefeito é prefeito de remoção", reclama outro morador da Vila Autódromo.

Para Marcelo Freixo, o governo municipal deveria direcionar os investimentos para um projeto de urbanização das áreas nas quais os moradores não desejam sair de suas casas. "É mais justo e mais democrático", finaliza o candidato do PSOL.

Os demais pleiteantes à Prefeitura do Rio repetiram na tarde desta segunda-feira propagandas eleitorais já exibidas anteriormente.

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