Em Curitiba, horário eleitoral para prefeito começa com apelo à emoção e currículo dos candidatos

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

Os principais candidatos a prefeito de Curitiba seguiram a tradição e estrearam no horário eleitoral gratuito de televisão, nesta quarta-feira (22), usando tom emocional e histórias familiares para se apresentarem ao eleitorado da cidade. A diferença ficou por conta dos personagens usados para mediar o primeiro contato televisivo com os curitibanos.


O prefeito e candidato a reeleição Luciano Ducci (PSB) abusou da figura de seu principal cabo eleitoral, o governador Beto Richa (PSDB).

Já Ratinho Jr. (PSC) trouxe um empresário e um professor universitário para dar legitimidade ao seu discurso de ser o “novo” na política local.

Gustavo Fruet (PDT), por sua vez, apresentou-se sozinho – e seu programa não fez qualquer menção à aliança com o PT, de quem até há cerca de um ano era adversário político.

Os três estão tecnicamente empatados segundo as últimas pesquisas realizadas por Datafolha e Ibope. No levantamento mais recente, divulgado no último dia 10 pelo Ibope, Ducci tem 25% das intenções de voto, Fruet, 24% e Ratinho, 23%. A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou menos.

Ducci destaca Richa, mas afirma que é da base de Dilma

Dono da maior fatia do horário eleitoral gratuito em Curitiba (tem 10m45s, ante 5m58s de Fruet, segundo colocado neste quesito, e 3m54s de Ratinho Jr.), a candidatura de Luciano Ducci se deu ao luxo, até, de exibir bastidores das gravações dos programas eleitorais.

Isso, porém, já ao final de um programa nitidamente mais bem produzido que os dos outros candidatos. Pois, logo de início, o casal de locutores disse se tratar da “campanha do juntos”. A citação, óbvia, é ao governador Beto Richa, mas também houve referência ao governo federal.

“Meu partido faz parte da base da presidente Dilma. Foi assim que veio o metrô a Curitiba”, justificou Ducci, em dado momento (a obra, porém, sequer tem prazo para começar, ainda).
Em seguida, exibiu-se um vídeo gravado para a convenção que selou a candidatura de Ducci, em julho. O tom, novamente, é a união entre Richa e Ducci.

“Luciano é nosso candidato assim como foi o meu vice, meu aliado e meu braço direito”, disse o governador. “Juntos, eu você e Beto. Sem riscos, sem experiências”, respondeu o prefeito. Mas sobraram farpas para Fruet: “Isso é coerência: ficar com quem não muda de lado”.

O programa também foi pródigo em citar prêmios atribuídos a Luciano Ducci. Um deles, a ter sido eleito “o melhor prefeito do Brasil logo no primeiro ano do mandato”. Pesquisa Datafolha realizada em julho, porém, mostrou que tal posto não é mais dele (Ducci foi apenas o quarto colocado entre seis prefeitos analisados, com nota 5,6).

Fruet "esconde" PT e Ratinho Jr. aposta em depoimentos

O programa de Gustavo Fruet, que abriu o horário eleitoral na televisão, começou com um texto falando da suposta vocação da cidade de “ser a primeira” e a “capital das capitais”. Em seguida, Fruet, “curitibano verdadeiro”, apresentou-se, falou da família e da carreira política.

Ausência notável, no programa, foi a do casal de ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), principais avalistas da aliança do PT com ex-tucano Fruet. A união entre o candidato (que deixou o PSDB após ter sua candidatura a prefeito barrada por Richa) e o partido de Lula, aliás, sequer foi mencionada no programa.

Ratinho Jr., que veio em seguida, disse ter ao seu lado “somente pessoas de bem”. O programa usou depoimentos do ex-presidente da Associação Comercial do Paraná, o empresário Marcos Domakoski, que defendeu o candidato falando em “alternância de poder” e “surgimento de novas lideranças”.

Também falaram a favor de Ratinho Jr. o geneticista Rui Pilotto, da UFPR, e o ex-deputado federal Marcelo Almeida, que se referiu ao filho do apresentador do SBT como “Juninho”.

Greca usa imagens de debate e depoimento de Requião

Azarão na corrida eleitoral Curitiba, com 6% de intenções de voto segundo o Ibope, mas dono de tempo considerável no horário eleitoral (seu partido, o PMDB, dispõe, sozinho, de 4m10s), o ex-ministro do Turismo e ex-prefeito Rafael Greca foi quem mais fugiu do script neste primeiro dia.

“Virei para inovar, não para me repetir”, prometeu, esperançoso, apesar de rejeitado por 32% dos eleitores curitibanos, de acordo com o Ibope. Orador hábil, Greca preencheu seu programa com intervenções suas no único debate realizado entre os candidatos e em entrevistas para a televisão.

Numa delas, reivindicou a paternidade do programa “Mãe Curitibana”, menina dos olhos das gestões de Beto Richa e Luciano Ducci. “Ninguém pode com sua alegria quando fala de Curitiba”, bradou o locutor, a respeito de Greca.

Em seguida, aparece o senador Roberto Requião, cacique do PMDB paranaense, a dizer que Curitiba precisa “readquirir inventividade e respeito”, embora essas fossem marcas da cidade sob a gestão de Jaime Lerner (sem partido, adversário histórico do senador peemedebista) e seus herdeiros. Um deles, justamente, era Greca, que sucedeu Lerner na prefeitura de 1993 a 97. Anos depois, rompido com Lerner, mudou-se para o PMDB.

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