Candidatos usam mensalão e Maluf para atacar Haddad; Serra e Russomanno são poupados

Janaina Garcia e Julianna Granjeia

Do UOL, em São Paulo

No primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, nesta quinta-feira (2), promovido pela TV Bandeirantes, a aposta pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), foi obrigado a responder sobre o escândalo do mensalão e sobre o apoio do ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf (PP) em duas de três abordagens realizadas durante o embate.

A abordagem sobre o mensalão -- revelado em 2005 e o maior escândalo do primeiro mandato de Lula –aconteceu no mesmo dia em que os 38 réus do processo começaram a ser julgados pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Enquanto Haddad foi bombardeado pelo tema, José Serra (PSDB) e Celso Russomanno (PRB), tecnicamente empatados na última pesquisa Datafolha, praticamente não foram confrontados por seus oponentes.

Por outro lado, a corrupção foi tema também entre os candidatos em críticas diretas à gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), aliado de Serra, ao citarem o ex-diretor do Aprov, Hussain Aref Saab, acusado de cobrar propina para liberação de grandes empreendimentos na cidade. Serra também foi ligado a um acusado de participar do esquema do mensalão.

Aliança com Maluf

A aliança com o PP do ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf e o escândalo do mensalão atribuído a nomes e aliados do PT dominaram as abordagens ao candidato petista à prefeitura paulistana.

A aliança com Maluf, controversa entre petistas e aliados –como a deputada federal Luiza Erundina (PSB), que desistiu de ser vice de Haddad --, foi tema do segundo ao quarto bloco do debate, quando Soninha Francine (PPS) indagou se Russomanno, ex-correligionário de Maluf, cederia tempo de TV em troca do apoio do ex-prefeito. “De jeito nenhum”, respondeu.

Haddad foi indagado sobre o apoio malufista já na primeira questão, no segundo bloco –o primeiro, de embates diretos entre os candidatos --, indagado pelo candidato do PSOL, Carlos Gaiannazi. Dissidente do PT, Giannazi também citou o escândalo do mensalão, cujo julgamento começou nessa quinta pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

“Maluf é procurado pela Interpol, e seu partido [PT] está envolvido pelo grande escândalo do mensalão”, citou Giannazi a Haddad, que não polemizou. “Alianças você faz com partidos políticos. Eu tenho uma história, tenho 30 anos de USP, como aluno e professor, fiz direito, economia e filosofia e dou aula de ética --é um tema que me é muito caro”, definiu. Sobre o mensalão, resumiu que tem “11 anos de experiência na administração pública” e nunca foi citado em escândalos de corrupção.

Novamente indagado sobre o apoio de Maluf e o mensalão –no terceiro bloco, e pelo jornalista Rafael Colombo, da rádio Bandeirantes –, Haddad voltou a citar a experiência de 11 anos  na vida pública, a despeito de ser estreante em disputa eleitoral.

"Privataria tucana"

O candidato do PSOL também falou sobre o livro “Privataria Tucana”, que relata supostos casos de corrupção em governos tucanos. Giannazi ainda ligou Serra ao deputado federal por São Paulo Valdemar Costa Neto, do PR --partido coligado ao PSDB--, que é acusado de envolvimento no mensalão.

Saúde domina primeiro bloco

Os candidatos usaram seu tempo no primeiro bloco do debate para contestarem informações prestadas no setor da saúde nos governos dos partidos na administração paulistana.
Na primeira pergunta para todos eles, Serra afirmou que sua administração e de Kassab, seu sucessor, construíram "cerca de dois hospitais", após Giannazi ter afirmado que Kassab não tinha construído nenhum hospital.

Haddad rebateu dizendo que na administração de Marta Suplicy  foram construídos cinco hospitais. O petista afirmou ainda que os hospitais entregues pelo tucano foram iniciados na gestão de Marta. O clima esquentou de fato apenas no segundo bloco, com a pergunta de Giannazi sobre corrupção, para Haddad, na abordagem sobre Maluf, procurado pela Interpol --a polícia internacional--, e sobre o mensalão.

Terceiro bloco tem políticas de tributação, educação e ação social

A pergunta do jornalista Boris Casoy sobre impostos provocou uma troca de ataques entre José Serra (PSDB) e Haddad, no terceiro bloco. Serra afirmou que não criaria novos impostos nem o pedágio urbano. “Eliminamos a mal fadada taxa do lixo, que era odiada pela população, com razão", disse Serra, ao se referir ao imposto criado na gestão petista de Marta Suplicy (2001-2004).

No comentário, Haddad disse que eliminaria a taxa da inspeção veicular, sem acabar com a vistoria, fazendo uma crítica à gestão de Gilberto Kassab (PSD), que criou a taxa.
O quarto bloco do debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo foi marcado pelas dobradinhas. Os políticos evitaram ataques e temas polêmicos. Destoaram Giannazzi --que atacou Serra e Haddad-- e Soninha, que perguntou a Russomanno se Maluf ---aliado de Haddad-- faria parte do governo dele.

Quarto bloco tem “dobradinha” de candidatos; Giannazi e Soninha destoam

O quarto bloco do debate foi marcado pelas dobradinhas: os políticos evitaram ataques e temas polêmicos, à exceção de Giannazzi --que atacou Serra e Haddad-- e Soninha, que perguntou a Russomanno se Maluf --aliado de Haddad-- faria parte do governo dele.

A primeira pergunta foi de Levy Fidelix (PRTB) sobre transporte, a Serra. "É uma pergunta muito oportuna. Você tem ideias arejadas na questão de transportes”, elogiou o tucano, provocando risos da plateia.

Depois, foi a vez de Chalita levantar a bola para Haddad com uma pergunta sobre violência. O petista defendeu a criação de uma guarda comunitária e monitoramento por vídeo e áudio. Em seguida, Russomanno perguntou para Giannazi sobre educação. Os dois comentaram sobre a falta de vagas em creches.

Giannazi questionou Paulinho da Força sobre os servidores da prefeitura. "Serra massacrou os servidores do Estado. E o seu partido votou a favor dessas medidas".

Paulinho defendeu uma câmara de negociação permanente da prefeitura com os servidores. E Giannazi afirmou que o partido do Paulinho ajudou, com Serra, a "massacrar" os funcionários municipais.

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