Candidato à reeleição, prefeito de Londrina (PR) é cassado pela Câmara

Emerson Dias

Do UOL, em Londrina

  • Valter Campanato/ABr

    Barbosa Neto (PDT) foi cassado pela Câmara

    Barbosa Neto (PDT) foi cassado pela Câmara

O prefeito de Londrina (379 km de Curitiba), Barbosa Neto (PDT), foi cassado pela Câmara em sessão que durou pelo menos 12 horas nesta segunda-feira (30). A cassação do pedetista foi definida por 13 votos favoráveis, dois contra e três abstenções. Acusado de pagar seguranças de sua rádio com dinheiro público, ele também era candidato à reeleição.

A sessão começou às 9h, mas o prefeito chegou ao legislativo somente à noite, por volta das 19h, quando todos os recursos de seus quatro advogados tinham sido negados pela Câmara. O chefe do Executivo também teve negada uma medida cautelar encaminhada ao juiz de plantão da 2ª Vara de Fazenda Pública, Luiz Valério dos Santos.

Dos 19 vereadores de Londrina, apenas um não compareceu à sessão: o líder do prefeito na Câmara, Sebastião dos Metalúrgicos (PDT), que está de licença médica. Barbosa Neto usou os 60 minutos a que tinha direito para defesa, mas não convenceu os vereadores.

O prefeito saiu sem falar com a imprensa e cercado por simpatizantes que distribuíram cotoveladas e tapas em alguns repórteres.

Veja o perfil médio do candidato a prefeito

Eduardo Ferreira, um dos advogados do prefeito, reclamou da cassação. “Estamos em choque porque foram pelo menos 12 tentativas para suspender legalmente esse julgamento. Não vamos parar. A partir de amanhã (31), vamos seguir para os tribunais e mudar esse resultado”, disse.

Durante o processo de cassação, pelo menos 150 pessoas ocuparam os dois lados das galerias do prédio do Legislativo de Londrina --a maioria, favorável à saída do pedetista do cargo. Ao final da sessão, muitos aplaudiram e agitaram bandeiras do Brasil.

Comissão Processante

A cassação do prefeito de Londrina foi amparada em relatório de uma CP (Comissão Processante) da Câmara que apontou que dois funcionários de uma empresa de vigilância trabalharam na segurança privada da rádio Brasil Sul, pertencente ao prefeito e a familiares.

Segundo integrantes da CP, o caso representou uma atividade particular que acabou sendo paga com dinheiro público. No relatório final, foram anexadas folhas de pagamento dos funcionários com timbre da Prefeitura de Londrina.

Desde 2009, quando Barbosa assumiu o cargo, foram criadas quatro CPIs (Comissões Especiais de Inquérito) e três CPs.

Todas foram engavetadas pela base governista, que só se desfez após a prisão do ex-chefe de Gabinete Rogério Lopes Ortega e do ex-secretário de Governo Marco Cito da prefeitura –ambos acusados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de comprar votos de parlamentares em votações no Legislativo.

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Histórico de cassações

Essa foi a segunda vez em pouco mais de 12 anos que Londrina cassou um prefeito. Em junho de 2000, o prefeito Antonio Belinati (à época no PFL e hoje no PP) foi cassado sob acusação de desvios de R$ 115 milhões dos cofres públicos.

Declarado inelegível por três anos, ele voltou a vencer a eleição para prefeito em outubro de 2008, mas teve a candidatura impugnada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em nova votação, Barbosa Neto venceu a eleição.

Com a cassação, novas articulações políticas começam a ser feitas nos bastidores das eleições municipais. Nas pesquisas mais recentes, Barbosa estava em segundo lugar nas pretensões de voto, atrás do médico e vereador licenciado Marcelo Belinati (PP), sobrinho do ex-prefeito Belinati.

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