PSB lança prefeito à reeleição em Belo Horizonte, mas não decide chapa de vereadores

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

A convenção municipal do PSB (Partido Socialista Brasileiro), cujo principal exponente em Belo Horizonte (MG) é Márcio Lacerda, prefeito da capital mineira, terminou neste sábado (30) sem que o partido definisse a política a ser adotada para a disputa dos cargos de vereadores na capital mineira.

A indefinição recai sobre a possibilidade de o partido se coligar com outras legendas, ou caminhar sozinho na disputa da eleição proporcional.

A convenção foi realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AL-MG), em Belo Horizonte.

 

Nos bastidores, a estratégia é vista como uma manobra dos socialistas para aguardarem assim a definição das convenções de PT e PSDB, marcadas para serem iniciadas no final da tarde de hoje.

Decisão adiada

De acordo com a ata do encontro, que referendou Lacerda como candidato à reeleição, tendo como vice o deputado federal Miguel Corrêa Júnior (PT), a decisão foi delegada à direção municipal do partido, que deverá se pronunciar ainda neste sábado.

“São sete integrantes da Executiva que vão decidir [sobre as proporcionais] de acordo com a resolução que foi aprovada aqui hoje” disse o presidente municipal do PSD de Belo Horizonte, João Marcos Grossi Lobo Martins.

Segundo ele, a resolução possibilitou, de forma genérica, que a legenda faça coligações “que fortaleçam o PSB e a aliança [em torno de Lacerda] e favoreçam a governabilidade [de Lacerda]”.

A maioria dos militantes no encontro se manifestou contrária à possibilidade de o partido socialista se coligar na disputa da eleição proporcional (vereadores). Atualmente, o PSB tem três vereadores na Câmara de Belo Horizonte.

Segundo um dos parlamentares presentes no encontro, a disposição da legenda é a de fazer mais três representantes na Casa Legislativa, elevando o total para seis.

Aliança com o PT seria ruim

No entendimento dos vereadores socialistas, uma coligação, principalmente com o PT, seria ruim para o partido, que poderia ver a sua bancada até ser reduzida na Câmara Municipal.

Coligados com os petistas, os socialistas preveem, no máximo, manter a atual bancada.

“Nós temos uma chapa [de vereadores] muito forte e, em qualquer coligação que seja feita, o PSB fará uma bancada expressiva”, disse, no entanto, Martins.

Os socialistas ainda sofrem a pressão do PSDB, que faz parte do arco de partidos alianças que apoia Lacerda e quer a retirada da pretensão dos petistas de participarem da coligação proporcional.

Os tucanos já acenaram com a possibilidade de ficar de fora coligação com os socialistas nas proporcionais, mas não abrem mão do veto aos petistas nesse quesito.

Caciques

Já o PT, um dos principais interessados na coligação proporcional, foi representando na convenção por caciques da legenda local como o deputado federal Miguel Corrêa, que será o candidato a vice-prefeito na chapa de Lacerda, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, além do presidente estadual da legenda em Minas Gerais, deputado federal Reginaldo Lopes.

Eles chegaram juntos com o presidente estadual do PSB, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, o que denotaria uma possibilidade de o acerto entre as duas legendas já ter sido sacramentado, o que foi negado por eles.

Os petistas calculam que poderão fazer mais dois vereadores, caso façam a coligação com o PSB, e aumentariam de seis para oito as cadeiras na Câmara de Belo Horizonte.

“O que está definido é o PT na vice [Miguel Corrêa]. Em função disso é que se deve a presença deles, no fechamento da chapa majoritária”, explicou Martins.

Aécio não apareceu

O suposto cenário de acerto com os petistas ganhou força por conta da ausência do senador Aécio Neves (PSDB-MG), padrinho político de Lacerda, e do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB).

“Foi uma questão apenas de agenda. Estamos firmes. Recebi um telefonema do deputado [estadual] João Leite [presidente municipal do PSDB de Belo Horizonte] e fomos convidados para a convenção deles e reafirmando a aliança”, disse o presidente municipal do PSB de Belo Horizonte.

Vaias

Mares Guia chegou a ser vaiado no momento em que discursou, no plenário da assembleia, e ouviu palavras de ordem proferidas pelos militantes socialistas.

“Coligação, não”, entoaram os participantes, interrompendo a fala do presidente estadual da legenda.

Por sua vez, o dirigente tentou aclamar os ânimos.

“Já ouvi o recado. Estamos analisando as alternativas. Eu tenho convicção que formaremos uma boa bancada. [Mas] ninguém ganha sozinho na política”, avaliou Mares Guia.

As duas legendas (PT e PSDB) de Belo Horizonte marcaram as suas convenções para o final da tarde, numa forma de iniciarem os trabalhos já cientes do resultado dos socialistas no tocante à coligação proporcional.

O entendimento entre os partidos ainda está longe do consenso. Marcio Lacerda afirmou, ao chegar à convenção, que passou parte da madrugada em busca de entendimento entre as legendas que o apoiam.

“Eu estou trabalhando nisso, fiz reuniões até três horas da madrugada. Estou bastante cansado, mas trabalhando para que essa aliança que a cidade aprovou continue a serviço da população."

No final da convenção, o socialista voltou a falar sobre o assunto.

“Em relação à chapa proporcional, todo o meu esforço é no sentido de encontrar um acordo para que a aliança continue tal como existe. Essa agora é o meu trabalho depois da convenção”, disse.

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