Massacre em escola do Rio

Herói do massacre de Realengo, policial lança candidatura a vereador

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

Autor do disparo que parou Wellington Menezes de Oliveira, o atirador que, em abril do ano passado, assassinou 12 crianças na escola Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, o sargento da PM Márcio Alexandre Alves, 39, lançou candidatura a vereador pelo PMDB, após ser convidado a participar da disputa pelo prefeito da capital fluminense e uma das lideranças do partido, Eduardo Paes.

O PM afirmou à reportagem do UOL ter a perspectiva de seguir os passos de outros policiais que conseguiram construir uma carreira política, a exemplo do secretário de Estado de Segurança Pública, o delegado da Polícia Federal José Mariano Beltrame.

Segundo ele, que montou uma equipe para articular sua campanha, o objetivo é ganhar experiência para lançar candidatura a deputado federal nas eleições de 2014. Alves contará com pelo menos 12 segundos de campanha eleitoral na televisão.

"Eu pretendo continuar na vida política e consolidar essa carreira, já que a gente acaba sendo reformado pela PM quando se é eleito para um cargo público. Tenho esse pensamento de começar a galgar um degrau maior, e virar deputado federal em 2014", disse.

Além de lutar por mais segurança nas escolas, por mais incentivo às atividades esportivas e pelos direitos dos deficientes físicos, Alves afirmou que apoiará as causas defendidas pelos policiais militares.

De acordo com o sargento, na condição de deputado federal, ele terá condições de cobrar reivindicações como a PEC 300 --emenda que pretende criar um piso salarial nacional para os profissionais de segurança pública.

A escolha pelo PMDB

Alves afirmou ter recebido propostas de pelo menos seis legendas e que a iniciativa de lançar candidatura a vereador partiu de uma reflexão sobre os diversos convites.

"Muitos partidos me procuraram, mas ofereciam muito pouco. No fim, acabei aceitando um convite do próprio prefeito, que chegou a mim através de um dos seus secretários", disse.

"O PMDB foi o partido que me deu as melhores condições para eu investir nesse projeto e começar a construir a minha carreira política", completou.

Relembre o massacre de Realengo
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Em ano eleitoral, a procura de partidos políticos por pessoas que tenham apelo popular é um procedimento comum, pois, caso obtenham votações expressivas, os candidatos podem "puxar" outros que não foram bem votados --o sistema é definido pelas regras de coeficiente eleitoral.

De acordo com o policial militar, o PMDB lhe prometeu pelo menos 12 segundos de campanha eleitoral na televisão, e esse fato também foi determinante para que ele optasse pela legenda. "A chance de aparecer por mais tempo na TV é o mais importante na campanha. Dessa forma vou poder entrar em locais que eu não entraria como policial", explicou.

"A TV é importante nesse ponto, para você divulgar a campanha, mas também vou investir muito no corpo a corpo, indo para a rua e conversando com as pessoas. Além disso, faremos muitas reuniões familiares", completou o sargento.

Apoio da comunidade e da corporação

O PM afirmou ao UOL que a sua primeira atitude após definir o lançamento da candidatura foi marcar uma reunião com a ONG (organização não governamental) Anjos de Realengo, que reúne os pais, mães e parentes das vítimas do massacre. Segundo o policial, todos disseram que iriam dar apoio ao seu projeto político.

"Conversei com eles para saber o que achavam da ideia e também para explicar que o meu objetivo não é tirar proveito daquela situação. Todos eles foram bem receptivos, apoiaram a minha decisão, mas teve um pai que não concordou muito com a ideia. Ele disse que, se fosse ele, não arriscaria manchar um nome tão bonito que foi construído na imprensa e na sociedade", afirmou.

"De repente você vai colocar o seu nome no meio da lama", teria dito o pai de uma das vítimas ao ser comunicado sobre a candidatura de Alves, de acordo com ele.

Alves disse ainda que os seus colegas de batalhão estão gostando da ideia, e --há quatro meses da eleição-- já pedem para que o sargento atue no sentido de defender a corporação.

"Eles pedem muito para que eu seja candidato ao Congresso em 2014 e possa brigar em Brasília pelos direitos dos policiais", finalizou. 

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