Antigos rivais, Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos se unem no Recife contra o PT

Thomaz Molina

Do UOL, em São Paulo

O PMDB divulgou nesta segunda-feira (25) nota na qual abre mão da candidatura de Raul Henry à Prefeitura do Recife para apoiar o pré-candidato do PSB, Geraldo Júlio, nome indicado pelo governador Eduardo Campos. A aliança colocará no mesmo palanque dois antigos rivais: o senador peemedebista Jarbas Vasconcelos e Campos, presidente do PSB.

Os dois disputaram a eleição para governador em 2010. Na ocasião, eles trocaram críticas durante a campanha. Jarbas Vasconcelos mantinha uma rivalidade histórica com o ex- governador de Pernambuco Miguel Arraes, avô de Campos. Arraes morreu em 2005. 

Vasconcelos e Arraes lutaram juntos contra o regime militar, mas se tornaram inimigos políticos durante o primeiro governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-1998). Na época, Jarbas Vasconcelos se tornou governista enquanto Arraes seguiu na oposição.

O texto que anuncia a aliança do PMDB com o PSB, divulgado pela assessoria de imprensa peemedebista, critica a atual administração petista na capital pernambucana e elogia a gestão de Eduardo Campos.

Conforme a nota, o PMDB diz que tentou unir a oposição em torno de uma única candidatura, mas não alcançou o objetivo. Por isso, decidiu apoiar Geraldo Júlio, que “terá amplas condições de colocar em prática as propostas que o PMDB, ao longo dos últimos meses, debateu com a população do Recife”.

O cientista político da PUC-SP Fernando Fonseca diz que a união entre Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos é mais uma prova da falência do sistema político brasileiro.

“É algo semelhante com a aliança entre Lula e Maluf em São Paulo. Chega a ser uma incoerência política em busca de um pragmatismo com o objetivo exclusivo de vencer as eleições municipais no Recife. Você deixa de ter uma força oposicionista para ter dois candidatos que eram do mesmo grupo até pouco tempo."

Fora da disputa

De acordo com o deputado Raul Henry, que era o pré-candidato do PMDB às eleições na capital pernambucana, a aliança representa um reencontro de duas pessoas que tem um objetivo em comum.

“Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos já foram grandes inimigos, mas sempre lutaram pelo bem do Recife. E chegamos à conclusão de que, hoje, a única candidatura na oposição capaz de ser competitiva é a do PSB. Por isso, abri mão da pré-candidatura para apoiar Geraldo Júlio”, afirma.

Raul Henry disse que o PSB se apropriou do melhor discurso de oposição a partir do momento que rompeu com o PT. Os dois partidos eram aliados até o impasse petista em relação à candidatura da situação na capital pernambucana.

Para o cientista político da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) Alan Lacerda, o anúncio do apoio do PMDB à candidatura do PSB deve enfraquecer as outras chapas de oposição.

“A possibilidade de um segundo turno entre Humberto Campos e Geraldo Júlio fica mais forte. São dois candidatos que eram do mesmo grupo político até pouco tempo, o que mostra uma oposição sem força política no Recife."

O professor da UFRN disse ainda que esta união entre o PMDB e o PSB pode mirar as eleições de 2014.

“Eu via o movimento de Eduardo Campos antes do rompimento com o PT como uma tentativa de conseguir uma vaga para vice na chapa de Dilma Rousseff, o que causaria um desgaste com o PMDB. Mas essa aliança nas eleições municipais no Recife sinaliza uma tentativa de chapa própria de oposição com ele como candidato à Presidência", disse Lacerda.

Fonseca concorda quanto às pretensões políticas de Eduardo Campos para 2014. “É uma jogada política de xadrez do governador de Pernambuco. Ele se une a uma liderança minoritária do PMDB que pode atrair uma dissidência do partido que é contra o atual governo para tentar desestabilizar a aliança com Dilma Rousseff para 2014."

Crise no PT

O atual prefeito, João da Costa (PT), venceu as prévias realizadas no dia 20 de maio e iniciou uma luta dentro da legenda.

Ele bateu Maurício Rands por 553 votos dos 33 mil filiados com direito a participação.

A  Executiva Nacional do PT reconhecia uma lista com 20 mil filiados aptos a votar.

Diante do impasse, a Executiva Nacional anulou as prévias e marcou uma nova eleição interna, que seria no dia 3 de junho. Mas, seguindo a uma orientação do partido, Maurício Rands anunciou, dia 30 de maio, a desistência da sua candidatura em favor de um terceiro nome, do senador Humberto Costa.

O PT esperava que João da Costa também abrisse mão de se candidatar, o que não ocorreu.

No último dia 4, o PT reuniu a Executiva Nacional do partido em São Paulo e decidiu indicar o nome do senador Humberto Costa como pré-candidato.

João da Costa entrou com recurso, mas foi derrubado pelo Diretório Nacional do PT nesta segunda-feira (25).

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