Eduardo Campos anuncia nome do PSB à Prefeitura do Recife; PT ficaria isolado

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

O presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deve anunciar na tarde desta quinta-feira (21), em Recife, o nome do candidato que disputará a prefeitura da capital pernambucana pelo partido.

Segundo fontes próximas ao governador, o anúncio deverá contemplar seu recém-exonerado secretário de Desenvolvimento do Estado, Geraldo Julio, homem forte de Campos. Se confirmado o nome, e caso o PT não entre como vice na chapa comandada pelo governador, a tendência é que a disputa recifense tenha no páreo, de um lado, os 16 partidos que integram a chamada Frente Popular --encabeçada pelo PSB --contra a chapa petista, que se isolaria.

O anúncio acontece nove dias depois de Campos retirar o apoio ao PT no Recife sob alegação de falta de unidade entre os petistas. O senador Humberto Costa foi imposto pela executiva nacional do PT, apesar de a convenção da executiva local ter definido que o atual prefeito, João Costa, é quem sairia candidato à reeleição.

Na última terça (19), uma decisão do juiz da 3ª Vara Cível do Recife, Francisco Julião de Oliveira Sobrinho, negou pedido do vereador Dílson Peixoto Filho, de uma ala do PT oposta a Costa, e decidiu pela regularidade da prévia local. Para os interlocutores do presidente nacional do PSB, a situação expõe ainda mais o racha interno do PT, cuja executiva se manifestará em reunião na próxima segunda-feira (25), em Brasília, sobre a eleição recifense.

O candidato de Campos

O ex-secretário estadual Geraldo Júlio tem 41 anos, perfil técnico e formação em Administração. O ingresso na vida pública aconteceu em 1992, no TCE (Tribunal de Contas do Estado), por meio de concurso. Júlio atuou no terceiro governo de Miguel Arraes (1995-1998) nas áreas de planejamento, administração e finanças da Companhia Editora do Estado de Pernambuco e das secretarias de Governo, Fazenda e Saúde.

Ele atuou também como diretor de Planejamento da Secretaria de Administração da Prefeitura do Recife, em 1999, e, entre 2002 e 2003, foi secretário de Controle Interno e de Planejamento e Fazenda da Prefeitura de Petrolina. Em 2005 e 2006, atuou no Ministério da Ciência e Tecnologia.

Júlio estava no governo Campos desde 2007, quando assumiu a Secretaria de Planejamento e Gestão do Governo de Pernambuco e coordenou o processo de estruturação e implementação do modelo de gestão adotado.

Ele foi exonerado da secretaria de Desenvolvimento no último dia 7, segundo a assessoria do governo de Pernambuco, para que pudesse estar disponível, perante a Justiça Eleitoral, à disputa municipal.

PT descarta ser vice do PSB

O presidente do diretório do PT em Recife, Oscar Paes Barreto, disse que a decisão judicial que valida a convenção que chancelou o nome de João Costa não muda a estratégia de convencimento perante a executiva nacional.

“Achamos que o João é o melhor candidato para dar consistência ao projeto do partido. Não vamos usar uma decisão judicial à executiva, mas o argumento político”, afirmou Barreto.

Na última segunda (18), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, descartou a possibilidade da sigla lançar um candidato como vice pela chapa do PSB na disputa municipal no Recife. A declaração foi feita durante a homologação da aliança entre o partido e o PP, do deputado federal Paulo Maluf, em São Paulo.

Eduardo Campos havia feito a proposta em encontro em Brasília com o senador Humberto Costa na última sexta (15).

“Foi só uma sugestão, que não é nem considerada. Nós temos candidato próprio no Recife que está muito bem avaliado nas pesquisas”, afirmou o presidente do PT.

PT e PSB: aliança estremecida em SP e Fortaleza

Em São Paulo, a coligação entre PSB e PT sofreu um forte impacto com a saída da deputada Luiza Erundina (PSB) da chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT). A saída da parlamentar, nessa terça-feira (19), foi um protesto dela à aliança entre o PT e o PP de Paulo Maluf (PP), seu adversário histórico.

No mesmo dia da saída do PSB da chapa, porém, Campos afirmou que o PSB vai manter a coligação com o PT em São Paulo, mas abriu mão de indicar um nome para vice.

A aliança entre socialistas e petistas já foi rompida em Fortaleza. Na semana passada, por exemplo, o PT na capital cearense formalizou a saída do governo Cid Gomes (PSB) e anunciou que as críticas "antes internas" à gestão estadual seriam mais explícitas. A contraofensiva foi uma resposta à decisão do PSB, no último dia 11, de lançar candidato próprio para a Prefeitura de Fortaleza e romper uma aliança que vinha desde 1986 com os petistas.

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