PSDB oficializa candidato à Prefeitura do Rio e ataca Lula por campanha antecipada a favor de Paes

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

  • Luiz Ackermann/Agência O Globo

    O deputado federal Otávio Leite será o candidato do PSDB à Prefeitura do Rio de Janeiro

    O deputado federal Otávio Leite será o candidato do PSDB à Prefeitura do Rio de Janeiro

Com discursos inflamados contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, o PSDB lançou oficialmente, neste domingo (10), a candidatura do deputado federal Otávio Leite, 50, à Prefeitura do Rio de Janeiro. Os tucanos --que não participam do pleito há 12 anos-- reclamam de uma suposta campanha antecipada encabeçada por Lula em favor do atual prefeito, Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição.

"Há uma explícita campanha antecipada. O que é, em si, uma ilegalidade indiscutível, e amanhã nós vamos entrar com uma representação [no Tribunal Regional Eleitoral]. É uma ofensa à democracia", disse Leite durante a convenção do partido, realizada na sede do bloco carnavalesco Cordão do Bola Preta, no centro do Rio.

"O presidente Lula tem o direito de expressar a sua opinião, o seu apoio a quem quiser. Mas não pode fazê-lo em um palanque construído com dinheiro público. Em uma inauguração pública. Isso é um absurdo. Isso é um retrocesso na democracia brasileira. E sobre isso a Justiça eleitoral tem que tomar alguma providência", completou o deputado.

O candidato à chefia do Executivo carioca citou a participação de Lula na cerimônia de inauguração do BRT Transoeste, o Ligeirão, na última quarta-feira (6), na qual o ex-presidente afirmou que "pedirá votos" para Eduardo Paes nas eleições de outubro, tal como fizera no pleito de 2008. O governador do Estado, Sérgio Cabral, também apoia a candidatura do atual prefeito.

Segundo informações de membros do partido, a representação que será protocolada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) simboliza um passo inicial no sentido de argumentar, futuramente, sobre uma possível impugnação da chapa do candidato do PMDB.

O PSDB conta atualmente com um advogado especializado responsável por coletar indícios e sinais de irregularidades. "Ele está de plantão", resumiu um membro do partido, que pediu para não ser identificado.

O senador Álvaro Dias também criticou a participação do ex-presidente Lula no jogo eleitoral do Rio de Janeiro.

"O presidente tem o direito de fazer campanha. Mas ele não pode fazer campanha com o dinheiro do contribuinte. Na inauguração de uma obra pública, por exemplo, não se faz campanha. Isso é uma afronta à legislação. Ele que vá para os bairros, que vá para as ruas fazer campanha com os seus candidatos. Mas não pode usar o palanque do erário público proselitismo eleitoral", afirmou.

Na semana passada, Lula participou do "Programa do Ratinho", onde fez campanha para Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura da capital paulista. A aparição da dupla na TV gerou protesto de partidos da oposição.

De acordo com a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997), os candidatos às eleições municipais só podem fazer campanha a partir do dia 6 de julho do ano do pleito.

Sem alianças

O PSDB atua nos bastidores para tentar a repetição da aliança com o Partido Verde (PV), a exemplo do que ocorrera nas eleições municipais de 2008, quando o ex-deputado federal Fernando Gabeira conseguiu chegar ao segundo turno do pleito --e acabou derrotado por uma pequena margem de votos no duelo com Eduardo Paes.

Por enquanto, os tucanos estão isolados na disputa, e a perspectiva do partido não é otimista, uma vez que o PV deve oficializar até o dia 30 de junho --data limite para inscrições de chapas estabelecida pela Lei das Eleições-- a candidatura à Prefeitura do Rio da deputada estadual Aspásia Camargo. Os verdes ainda não realizaram a sua convenção.

Com isso, segundo membros do PSDB, restariam três ou quatro opções: partidos pequenos que ainda não se definiram. Do outro lado, o atual prefeito caminha para a oficialização de uma coligação com pelo menos 19 legendas, o que inclui os partidos que integram a base governista da presidente da República, Dilma Rousseff.

O candidato tucano à Prefeitura do Rio afirmou não identificar sinais de favoritismo em relação ao principal concorrente, e disse ainda não se preocupar as pesquisas de intenção de voto que indicam uma possível vitória de Paes já no primeiro turno.

"Não vejo favoritos. O processo está sendo inaugurado nesse momento. (...) Eu não me preocupo com essas pesquisas, e também não as contrato. (...) A campanha começa com a televisão, que dá ao processo eleitoral uma magnitude muito maior. Não estou preocupado com isso. Vou entrar em campo e jogar a partida", disse o deputado.

Segundo informações da assessoria tucana, o PSDB contará com um espaço de cerca de três minutos para a propaganda eleitoral obrigatória nas redes de rádio e televisão. Ainda não há uma estimativa a respeito do tempo que será concedido para a coligação de Eduardo Paes.

Os tucanos também aproveitaram a convenção para fechar o quadro de candidatos ao cargo de vereador: serão 77 pessoas concorrendo a cadeiras na Câmara Municipal, das quais 54 homens e 23 mulheres.

O presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra, o senador Aécio Neves, entre outras figuras importantes da legenda, não compareceram à convenção em razão de outros compromissos, de acordo com a assessoria tucana.

Os desfalques não incomodaram Otávio Leite: "Isso não é problema. Todos vão estar engajados a partir do dia 6 de julho, quando se inicia o processo eleitoral".

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