Parada Gay tenta se mostrar mais política, mas vê pouca participação de pré-candidatos no evento

Do UOL, em São Paulo

A parada Gay de São Paulo, o maior evento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) do mundo, ficou marcada pelo tom politizado que a organização deu à 16ª edição da comemoração, presente desde a escolha do tema --"Homofobia tem Cura: Educação e Criminalização" -- e confirmado pelas declarações dadas pelos produtores do evento logo em sua abertura, no início da tarde do domingo (10).

No entanto, conforme as agendas divulgadas já faziam prever, a maioria dos pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo não aproveitou a oportunidade para dialogar com o público LGBT e os simpatizantes da causa. Dentre os dez pré-candidatos que aparecem na última pesquisa de intenção de voto organizada pelo Ibope, apenas três marcaram presença no evento: Celso Russomanno, do PRB; Soninha Francine, do PPS; e Carlos Gianazzi, do PSOL.

Os organizadores do evento ainda não divulgaram a estimativa oficial de participantes deste ano, mas a edição de 2011 contou com cerca de 3 milhões de pessoas, segundo informações dos produtores.

Presença de políticos

Entre as presenças de políticos não ligados diretamente à disputa eleitoral deste ano, estiveram a senadora petista e ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT)  e o deputado federal Jean Wyllys (PSOL), historicamente ligados à defesa dos direitos da população LGBT. Além deles, Gilberto Kassab (PSD), prefeito de São Paulo; Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo; o senador Eduardo Suplicy (PT) e Orlando Silva (PC do B), ex-ministro do Esporte, foram outros políticos que passaram pela 16ª Parada Gay.

Marta foi a única política que abordou, ainda que de maneira evasiva, a disputa eleitoral em São Paulo. Quando questionada sobre a ausência de Haddad, que seria mal visto pelos eleitores evangélicos e conservadores em razão da da polêmica do "kit gay" que chegou a propor quando era ministro da Educação, fez uma crítica firme a ausência, mas sem citar nomes.

"Isso é muito sério. Temos de pensar o que está acontecendo com a sociedade brasileira, que vive um retrocesso", afirmou a senadora petista. "Uma força de setores conservadores que não representam a maioria da sociedade acaba impondo essas ações e esses valores".

Receio de desegradar conservadores e evangélicos pode explicar ausências

A tese defendida por Fernando Quaresma,  presidente da associação que organiza o evento, de que os faltosos possam temer a reação do eleitorado conservador ou “religioso fundamentalista", coincide com as afirmações de Marta.

CANDIDATOS GAYS

  • Edmilson Martins (PPL), pré-candidato a prefeito em Itu (SP), é um dos 133 políticos gays que disputarão as eleições este ano

“Os pré-candidatos que não estarão na Parada ou não se interessaram em fazer contato e conhecer quem somos [Haddad visitou a sede da associação na última quarta-feira (6)], são pessoas que não têm uma visão ampliada da política, e não querem diminuir a diferenciação e o preconceito”, afirmou Quaresma

Durante a visita feita à sede da entidade, Fernando Haddad defendeu o diálogo com a rede de ensino para "promoção do respeito da diversidade nas escolas". Quando ministro da Educação, em maio de 2011, ele foi criticado por conta do kit anti-homofobia, que ficou conhecido como kit gay, material que era preparado pela pasta e seria distribuído para alunos do ensino médio.

Para Quaresma, o comprometimento dos pré-candidatos com políticas públicas voltadas para a população gay poderia ser traduzido em ao menos duas ações práticas: a construção de abrigos especializados para homossexuais expulsos de casa por suas famílias, e a criação de programas pedagógicos para evitar o preconceito dentro das escolas.

Estas e outras recomendações fazem parte de um documento que será entregue aos pré-candidatos com uma agenda do movimento LGBT para o futuro prefeito da cidade.

Pré-candidatos ausentes explicam motivos para não participar da Parada

Entre os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo ausentes na 16ª edição da Parada do Orgulho LGBT, Gabriel Chalita, do PMDB, declarou que já tinha um encontro marcado com lideranças comunitárias em Sapopemba.

A assessoria do pedetista Paulinho da Força afirmou que ele iria tirar o fim de semana para descansar, pois será sua última folga antes do início da campanha. No Twitter, Netinho de Paula, do PC do B, disse que não estará em São Paulo na data, mas que "será uma grande festa".

Levy Fidélix, do PRTB, participou da convenção de seu partido, também marcada para o domingo, e Fernando Haddad viajou com a família. Luiz Flávio D'Urso, do PTB, é o advogado que representa a família de Marcos Kitano Matsunaga -- executivo da Yoki assassinado pela mulher em meados de maio -- e não poderá comparecer em razão dos compromissos judiciais.

Ao contrário do que havia anunciado durante a semana, José Serra (PSDB) não comparecerá ao evento. Segundo sua assessoria de imprensa, o tucano estendeu sua agenda em Nova York e só volta ao Brasil na segunda-feira (11).

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