Executiva Nacional do PT anula prévia no Recife e marca nova eleição interna para junho

Maria Denise Galvani

Do UOL, em São Paulo

A Executiva Nacional do PT anulou nesta quinta-feira (24) as prévias realizadas no Recife domingo (20) e, por dez votos a três, os mandatários da legenda marcaram uma nova eleição interna, para o dia 3 de junho. A coordenação do processo será agora do diretório nacional.

A prévia de domingo (20) teve como vencedor o atual prefeito de Recife, João da Costa, que bateu o deputado licenciado Mauricio Rands. Após a disputa, Rands acusou o adversário de fraudar o processo eleitoral.

A lista que valerá para a próxima votação ainda será fechada. Deve ser considerada a lista de militantes aptos a votar homologada pelo diretório nacional, que contém cerca de 21 mil pessoas, mas será admitida a inclusão de outros filiados que comprovem que estão em dia com as obrigações partidárias.

Após a reunião, nesta quinta-feira (24), Rands afirmou que a decisão da executiva foi "equilibrada".

O deputado licenciado afirmou que ele e Costa vão "desarmar os espiritos" na nova campanha para a disputa das prévias de junho.

Costa disse ter saído da reunião satisfeito, apesar de ter pedido que o resultado de domingo (20) fosse homologado. "Tenho certeza que a vitória vai se repetir dia 3", afirmou.

O prefeito do Recife chamou de "aliança titânica" o apoio do ex-prefeito João Paulo e do senador Humberto Costa à candidatura de Rands. Ele disse que, diante disso, a diferença de pouco mais de 500 votos foi grande.

Em nota, o Diretório Nacional do PT informou que "registraram-se algumas falhas que, no entanto, não configuram fraude", nas prévias de domingo (20). A comissão executiva deidiu pela realização de um novo processo eleitoral interno e determinou que os dois candidatos "acatem o resultado da prévia [do dia 3] e apoiem o vencedor".

Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, a escolha de Rands -- que tem a preferência do governador do Estado, Eduardo Campos (PSB) -- como candidato seria um fator decisivo para pavimentar uma aliança entre os dois partidos na disputa em São Paulo.

Nos bastidores, falava-se também sobre a adoção de uma terceira via com a escolha do nome do senador Humberto Costa, que participa da reunião nesta quinta-feira como informou nesta quarta-feira (23) o Blog de Jamildo.

Essa solução, além de agradar o bloco “lulista” em Pernambuco, também poderia atrair o apoio de Eduardo Campos.

Isso porque o senador petista é apontado como possível candidato à sucessão estadual em 2014.

Para o cientista político Adriano Oliveira, professor da Universidade Federal de Pernambuco, a tendência é o partido se   acomodar nas próximas semanas em torno de um nome.

"O PT sai enfraquecido se o racha persistir, mas não acredito nessa possibilidade", diz.

Já Túlio Velho Barreto, cientista político e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, acredita que "o mal já foi feito" para a candidatura do PT.

"Parece que o PT está fazendo um esforço para perder as eleições ao se envolver nessa disputa fratricida, como aconteceu em Porto Alegre em 2004", afirma Barreto.

"As prévias são um instrumento democrático legítimo, o problema foi a maneira como elas foram conduzidas. Foi uma campanha pouco civilizada, houve muita agressão de parte a parte."

Prévias conturbadas

O impasse na escolha do candidato petista à Prefeitura do Recife teve seu último capítulo domingo (24), depois de uma acirrada campanha interna entre Costa e Rands.

Costa venceu as prévias do partido com uma margem apertada, de 51,9% dos votos, mas a vitória não foi homologada pelo PT nacional.

Às vesperas das prévias, uma guerra de liminares na Justiça de Pernambuco sobre o número de filiados aptos a votar inviabilizou a homologação do resultado.

O PT tem cerca de 33 mil filiados no Recife. Segundo o regulamento do partido para conveções e prévias, aprovado em dezembro de 2012, só podem votar militantes filiados à legenda há mais de um ano e que estejam em dia com o pagamento das mensalidades.

Lista

Na sexta-feira (19) anterior ao dia de votação, a executiva nacional da sigla entregou à Justiça Eleitoral uma lista contemplando 21 mil votantes; os votos de outros 12 mil filiados, que teriam pendências financeiras com a legenda, precisariam ser recolhidos separadamente.

No sábado (20), presidentes de oito das 13 zonas eleitorais do PT obtiveram na Justiça de Recife a reabilitação dos 33 mil filiados como votantes, ao sustentar que o diretório municipal havia quitado as obrigações financeiras dos militantes inadimplentes.

Rands chegou a obter no Tribunal de Justiça a cassação da liminar, reduzindo, novamente, o número de filiados aptos a votar para cerca de 21 mil, mas no dia da votação, pela manhã, o mesmo desembargador voltou atrás, sob a justificativa de que seria impraticável realizar a votação em separado.

Uma quarta decisão da Justiça, obtida por Rands na noite do domingo (20), reviu em parte a liminar anterior. Em decisão interlocutória, o desembargador determinou que “feita a apuração, o resultado da peleja só seja proclamado após a verificação da regularização de todos os filiados cujo pagamento da contribuição financeira, a tempo está sendo questionada.”

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