PT ratifica apoio a ex-tucano para eleições em Curitiba

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

O encontro municipal do PT confirmou as expectativas e ratificou, neste sábado (28), a aliança do partido com o ex-tucano Gustavo Fruet (PDT) para as eleições municipais de Curitiba. O grupo comandado pelo casal de ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações), do Campo Majoritário, venceu a disputa contra as alas mais à esquerda do partido, que defendiam candidatura própria, por 167 votos a 128.

É a primeira vez que a legenda abre mão da cabeça de chapa numa aliança em Curitiba. Os petistas nunca conseguiram eleger um prefeito na cidade, embora já tenham chegado ao segundo turno por duas vezes, ambas com o atual deputado federal Ângelo Vanhoni.

Ele é o provável nome do partido para vice na chapa encabeçada por Fruet. Ocupar essa vaga é uma “expectativa” dos petistas, afirmou a ministra Gleisi. “Agora, vamos encaminhar essa discussão. Venceu a posição da maioria, e o partido sai (da disputa) fortalecido”.

O PT procura mostrar unidade em relação à opção pela aliança com o ex-tucano. Militantes das alas derrotadas, porém, disseram ao UOL não acreditar que a militância irá se envolver na campanha.

“Eles [o grupo de Bernardo e Gleisi] não têm mais ligação com movimentos sociais ou a base, mas apenas cabos eleitorais pagos”, disse um petista do grupo Democracia Socialista, que defendia a candidatura própria. Ele não quis se identificar.

“Quando resolvemos apoiar Osmar Dias (PDT) ao governo do Estado, também se dizia que a militância não iria se entusiasmar. Mas participei da campanha e não foi isso o que vi”, rebateu Gleisi. O ruralista Dias, irmão do senador tucano Alvaro Dias, foi derrotado por Beto Richa (PSDB) em 2010.

Apesar de esperada, a vitória do Campo Majoritário foi apertada. “Não foi uma vitória esmagadora. Mas foi mais folgada que a obtida por (José) Serra nas prévias (do PSDB) em São Paulo”, ironizou o ministro Paulo Bernardo. “Talvez esse placar apertado tenha sido positivo, pois ninguém sai da disputa se sentindo esmagado. Os discursos após a promulgação dos resultados foram pacificadores”, acrescentou.

“O PT não sai rachado, mas ficou claro que havia uma grande disposição de parte de partido pela candidatura própria”, afirmou o deputado federal Doutor Rosinha, um dos possíveis candidatos petistas à prefeitura de Curitiba. “O ânimo desse grupo era trabalhar por candidatura própria. Mas agora, não há mais chapa um ou dois, há o PT”.

Agradecimento

Em comunicado divulgado à imprensa, Gustavo Fruet agradeceu a “confiança da militância do PT”, que aprovou “a participação do partido na construção de uma grande aliança de oposição para a disputa eleitoral de outubro.”

Ele destacou a importância da parceria com o governo federal, em especial com a presidente Dilma Roussef e com a ministra Gleisi Hoffmann. “O trabalho conjunto com o governo federal vai nos ajudar, entre outras coisas, a melhorar o atendimento da saúde pública, no combate às drogas e nos projetos na área da mobilidade”.

Filho de Maurício Fruet, um dos prefeitos mais populares de Curitiba nos últimos 30 anos, Gustavo Fruet iniciou a carreira no mesmo partido do pai, o PMDB.

Sempre lembrado como um possível candidato à prefeitura de Curitiba, não encontrou espaço para isso no partido, dominado no Paraná pelo hoje senador Roberto Requião, o que o levou a abandonar a legenda e a se filiar ao PSDB.

Eleito deputado federal, Fruet foi sub-relator da CPI do Correios, que investigou a crise do mensalão. Depois de se candidatar ao Senado, em 2010, deixou o PSDB e se filiou ao PDT. Ele lidera pesquisa de intenção de voto à prefeitura realizada pelo Ibope, ao lado do deputado federal Ratinho Jr. (PSC), filho do apresentador de TV Carlos Roberto Massa, o Ratinho. O atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), aparece em terceiro lugar. 

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