01/11/2010 - 20h26

Dilma critica desvalorização de moedas, mas diz que não vai alterar câmbio

Do UOL Eleições
Em São Paulo

Em sua primeira entrevista como presidente eleita, Dilma Rousseff (PT) criticou na noite desta segunda-feira (1º) a desvalorização de moedas e a guerra cambial entre países e prometeu manter a política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva.  A China é acusada de manter sua moeda artificialmente desvalorizada para conseguir vantagem em suas exportações. Assim, o sapato chinês por exemplo, chega ao Brasil custando menos que o produto nacional, prejudicando a índustria local.

No 1º dia de eleita, Dilma fica reclusa

A entrevista foi transmitida ao vivo pela TV Record. Dilma disse que, em uma “conjuntura ainda de crise, é prudente que a gente mantenha a meta de inflação nos padrões vigentes”. E completou: “Também manterei controle no gasto público, porque é não gastar aquilo que não pode gastar, mas manterei os gastos sociais e os investimentos. Política criteriosa na taxa de juros. Não vamos deixar de acompanhar com rigor esse processo de política cambial”.

“Não é possível que ocorra aquele tipo de política que ocorreu na época de 30 de desvalorização competitiva”, afirmou Dilma. “Acho que um dos fatores que soluciona isso é a gente ter, na relação multilateral, a capacidade de instituições fortes. Não fazer aquela política pragmática que favorece só o seu próprio país", disse.

Questionada se irá alterar a política econômica, a presidente eleita afirmou. “Te garanto que uma coisa é certa, eu manterei todos os princípios que regeram o nosso governo no período Lula, eu manterei no meu governo, que fundam estabilidade macroeconômica no Brasil. Metas inflacionárias da mesma forma do que o governo Lula.”

Dilma disse que um dos primeiros anúncios de seu futuro governo será sobre o Banco Central e o Ministério da Fazenda. “Eu acredito que esse será um dos anúncios que terei mais cuidado ao fazer.” 

Antes, Dilma disse que vê como um desafio ser a primeira presidente mulher do Brasil e comentou a despedida de Lula, em janeiro. “Vai ser um momento alegre e um momento triste, porque mistura dois sentimentos fortes. Alegre por assumir a Presidência e muito triste porque é a despedida do presidente Lula, com quem eu tive um desafio imenso e muitas realizações. Para mim vai ser um momento de muita emoção.” 

Sobre sua relação com a imprensa, a presidente eleita disse que jamais irá coibir a liberdade dos meios de comunicação. “Eu me entristeci em alguns momentos, mas acho que não cabe, em relação à imprensa, da parte de quem quer que seja, qualquer nível de crítica tentando coibir. Como já disse, prefiro as vozes críticas do que o silêncio das ditaduras. Me dou o direito de me defender, mas eu não tenho nenhuma complacência com processo de inibição da mídia. O controle remoto na mão do telespectador é o melhor controle em relação à mídia”, afirmou. 

Por fim, Dilma disse que irá “dar muita importância a uma representação feminina” em seu governo e, questionada qual seria a marca de sua administração, afirmou que será a erradicação da miséria. “Eu tenho [uma marca]. Governo, sociedade, empresários, trabalhadores, todos têm que perseguir uma meta de erradicar a miséria. Mas tenho também duas metas complementares, de melhorar substancialmente a saúde no Brasil. Temos um avanço a conquistar nessa área da saúde. E na área da segurança pública”, disse. 

Dilma prometeu conclamar governadores a discutir os dois assuntos assim que assumir a Presidência da República.

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