07/10/2010 - 19h18

Serra ataca Dilma e promete "debater valores" para virar eleição

Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo

No fim de um dia cheio de indefinições sobre sua agenda, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, disse a jornalistas nesta quinta-feira (7) que não incentivou um debate sobre aborto com a líder nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT), mas adiantou que insistirá em uma discussão sobre se a petista diz a verdade nas próximas semanas de campanha.

O tucano, indiretamente, acusou a rival de mentir por ter atenuado sua posição sobre a liberação do aborto. Em um vídeo que circula na internet, Dilma diz ser favorável à prática, o que afetou sua votação entre religiosos católicos e evangélicos, de acordo com analistas.

"O que está em questão agora nesta campanha não é se é contra ou a favor. É a mentira", disse o ex-governador de São Paulo, que vestia um suéter verde, cor do PV, partido de Marina Silva, candidata derrotada ao Palácio. "De repente, diz que é contra por motivos eleitorais. Isso é o que eu acho que está errado. A questão é dizer a verdade", afirmou o ex-governador de São Paulo.

Na reunião de avaliação feita com seus aliados na segunda-feira (4), Dilma afirmou aos eleitos no domingo (3) que não será pautada pelo discurso "moralista" da campanha adversária. Na semana que vem, a petista divulgará um documento com compromissos nas áreas de meio ambiente, imprensa e fé.

Reforço e FHC

Apesar do descontentamento de membros progressistas do PSDB, que não queriam o debate eleitoral focado em assuntos religiosos, o presidenciável prometeu reforçar a estratégia durante o segundo turno.

"A população quer isso. Eu vou colocar nas próximas semanas, como tenho feito, mas vou insistir mais", afirmou o tucano, que repetiu ser contra o aborto. "Por minhas crenças, meus valores", disse. Serra defendeu a manutenção da legislação atual sobre o tema, que permite a interrupção da gravidez no caso de risco de vida da mãe e de estupro.

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, repetiu que a discussão de valores fará parte da campanha, mas não soube dizer se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participará do horário eleitoral obrigatório do tucano em rádio e TV. "Se ele vai estar ou não, é estratégia de marketing", disse.

Depois da definição de um segundo turno, membros da campanha tucana insistiram que FHC, afastado da corrida eleitoral até agora, participe mais. Também há pressão para que Serra defenda as privatizações feitas durante os governos tucanos no Palácio do Planalto e em São Paulo.

As declarações foram dadas no escritório político do presidenciável, no centro de São Paulo. Mais cedo, o tucano, que decide sua agenda em cima da hora, cogitou ir a Foz do Iguaçu, no Paraná, e a Campinas, em São Paulo. No meio da tarde, marcou uma visita a um centro de inspeções veiculares na zona leste de São Paulo, mas desistiu quando os jornalistas já se encaminhavam para o local.
 

 

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