16/09/2010 - 13h13

Erenice se diz alvo de uma "campanha sórdida" de difamação; leia íntegra da carta de demissão

Do UOL Eleições
Em São Paulo

A ministra-chefe da Casa Civil entregou nesta quinta-feira (16) a sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula ds Silva, se desligando do cargo. O pedido foi entregue depois de novas denúncias ligarem familiares de Erenice a um suposto esquema de lobby dentro da Casa Civil.

Na carta, Erenice rebate todas as as acusações, que pesam sobretudo, contra dois de seus filhos: Israel e Saulo Guerra.

"Paixões eleitorais não podem justificar esse vale-tudo", diz Erenice

"Tenho respondido uma a uma, buscando esclarecer o que se publica e, principalmente, a verdade dos fatos, defrontando-me com toda sorte de afirmações, ilações ou mentiras que visam desacreditar meu trabalho e atingir o governo ao qual sirvo", diz a ex-ministra.

Segundo ela, "uma sórdida campanha para a desconstituição da minha imagem continua implacável" mesmo sem haver qualquer prova concreta contra a ex-ministra.

"Não desejo nem para o pior dos meus inimigos que ele venha passar por uma campanha de difamação como essa. (...) Preciso de tempo para me defender fazendo com que a verdade se prevaleça", diz.

Erenice encerra a carta agradecendo a "confiança" do presidente Lula "ao designar-me para a honrosa função de Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, e solicito em caráter irrevogável que aceite meu pedido de demissão".

No lugar de Erenice, Carlos Eduardo Esteves, secretário-executivo da Casa Civil, assume o cargo interinamente. O nome mais cotado para assumir a pasta é o de Miriam Belchior, atual coordenadora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ex-cargo de Erenice.

Leia abaixo a íntegra da carta de demissão da ministra:

"Nos últimos dias, fui surpreendida por uma série de matérias veiculadas por alguns órgãos da imprensa, contando acusações que envolvem familiares meus e ex-servidor lotado nessa pasta.

Tenho respondido uma a uma, buscando esclarecer o que se publica e, principalmente, a verdade dos fatos, defrontando-me com toda sorte de afirmações, ilações ou mentiras que visam desacreditar meu trabalho e atingir o governo ao qual sirvo.

Não posso, não devo e nem quero furtar-me à tarefa de esclarecer todas essas acusações e nem posso deixar qualquer dúvida pairando acerca da minha honradez e da seriedade com a qual me porto no serviço público. Nada fiz ou permiti que se fizesse ao longo de 30 anos de minha trajetória pública, que não tenha sido no estrito cumprimento de meus deveres.

Prova irrefutável dessa minha postura é que já solicitei à Comissao de Ètica abertura de procedimentos para esclarecimentos dos fatos aleivosamente contra mim levantados.

A Controladoria Geral da União, a auditação dos atos relativos à Anac, dos Correios e da contratação de parecer jurídico na EPE, além de solicitar ao Ministério da Justiça a abertura dos procedimentos que se fizerem necessários no âmbito daquela pasta para esclarecer os citados fatos.

No entanto, mesmo com todas medidas por mim adotadas, inclusive com a abertura de meus sigilos bancário, telefônico e fiscal,a sórdida campanha para desconstituição da minha imagem, do meu trabalho e da minha família continua implacável. Não apresentam uma única prova sobre minha participação em qualquer dos pretensos atos levianamente questionados, mas, mesmo assim, estampam diariamente manchetes cujo único objetivo é criar e alimentar aritificialmente um clima de escândalo. Não conhecem os limites.

Senhor presidente, por ter formação cristã, não desejo nem para o pior de meus inimigos que venha a passar por uma campanha de desqualificação como a que se desencadeou contra mim e minha família.

Preciso agora de paz e tempo para defender a mim e à minha família, fazendo com que a verdade prevaleça, o que se torna incompativel com a carga de trabalho que tenho a honra de desempenhar na Casa Civil.

Por isso, agradecendo a confiança de Vossa Excelência ao designar-me para honrosa função de ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, solicito, em caráter irrevogável, que aceite meu pedido de demissão.

Brasília, 16 de setembro de 2010

Erenice Guerra"

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