06/09/2010 - 12h02

Serra diz que PT tem dificuldades de lidar com democracia e que quebra de sigilo foi crime

Do UOL Eleições
Em São Paulo

O candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, criticou duramente nesta segunda-feira (06) seu partido adversário, o PT, no episódio de quebra de sigilo de dados do Imposto de Renda de pessoas ligadas ao partido tucano e da filha do candidato, Verônica Serra. “O que houve foi um crime, como é crime a invasão da vida pessoal de qualquer um”, disse o tucano em sabatina promovida pelo site do Estado de S.Paulo.

Serra ressaltou que não acredita que a quebra de sigilo esteja estritamente relacionada a fins eleitoreiros, mas sim ao perfil do partido adversário. “O PT no fundo da alma, e até na superfície, não é democrático”, disse o candidato, apontando que os petistas tem dificuldades em lidar com a democracia.

O tucano também criticou a maneira como a Receita Federal tem conduzido as investigações. “A Receita tem feito uma operação abafa. Eles sabiam que a procuração [...] era falsa. Ganharam tempo antes de admitir isso. Na verdade, [a Receita] tem procurado desde o começo a não elucidação do caso”.

Sobre a informação de que o candidato já havia alertado o presidente Lula sobre a criação de dossiês para serem usados durante o período eleitoral contra o PSDB, José Serra negou que tenha feito o alerta, apenas mostrou-se preocupado com ataques feitos em blogs pró-PT. “Não foi bem assim. Estive com o presidente Lula em um evento [...] e no final disse que uma preocupação que eu estava tendo era um ataque sistemático a minha filha. Inclusive em blogs”, explicou. Serra disse que Lula fez uma alusão “debochada de uma questão que é bastante séria”. No último sábado, em comício realizado em Guarulhos (SP), o presidente disse que o PT tem um adversário “que o bicho está em uma raiva só”.

Dilma

Durante o evento, candidato voltou a dizer que sua principal adversária na corrida presidencial, Dilma Rousseff, vive “a sombra do Lula”. “Ela sequer debate os temas da campanha. Eu não conheço episodio de ocultamento de candidato como esse”, alfinetou o tucano.

Serra aproveitou para criticar o PT por esconder as informações do passado da candidata petista. “Eu nunca tive interesse de olhar tudo aquilo [documentos da candidata na época da ditadura]. Mas tem aspectos da biografia que ficam fechados”, disse. “Querem abrir o cofre financeiro dos outros e não querem abrir o cofre biográfico dos outros”, acusou o candidato.

Questionado sobre quais são os motivos para votar no candidato em vez da opção do governo, Serra diz que “a escolha vai acabar se dando entre algo conhecido, testado e um envelope fechado”. Na última pesquisa divulgada pelo Ibope, Dilma Rousseff aparece com 51% das intenções de voto, contra 27% de José Serra.

Esquerda figurada

Ao longo da sabatina, o candidato voltou a criticar duramente, em vários momentos, o Partido dos Trabalhadores e a gestão do governo petista. “O PT posa de esquerda. Eles não tem nada de esquerda. Fazem apenas o ’saludo a la bandera’”, criticou Serra ao falar sobre a relação diplomática do Brasil com outros países, como a Bolívia. “Por que não usar a força do Brasil para pressionar diplomaticamente a Bolívia a combater a exportação da coca para o país? Porque você está misturando política externa e política partidária”.

Em uma das críticas mais severas, Serra afirma que o PT é “um partido que persegue fins sem ligar para o meios, que subsitui a ética individual pela ética do partido. E no entanto não tem utopia da igualdade”.

O tucano reclama de boatos atribuidos a ele, como o de que acabaria com os concursos públicos e com o Prouni. “O PT se organiza e espalha. É uma coisa surrealista”. Ainda na crítica, Serra cutuca: “Tucano é inepto para espalhar fofoca, pode acreditar. Petista já nasce com isso no DNA”.

Propostas

Economia e reforma política foram dois dos temas discutidos pelo candidato durante o evento. Na reforma política, Serra disse que é contrário à formação de uma Constituinte exclusiva para o tema, como propôs a candidata Marina Silva (PV) e defende a criação do voto distrital puro em municípios com mais de 200 mil habitantes. “Você inocula no País um vírus benigno de uma outra forma de fazer política”, diz o candidato.

Sobre economia, Serra acredita que o país está em um processo de desindustrialização e tem posição contrária à gestão atual do BNDES. “Eu não faria empréstimos do BNDES para fusões [de empresas]. Numa crise tudo bem, porque evita uma crise bancária. Agora, em condições normais de temperatura e pressão não faz sentido dar empréstimo subsidiado para fusões”

Ainda falando sobre a situação econômica do país, Serra comenta: “Vivemos num tripé perverso: a carga tributária mais alta do mundo em desenvolvimento; a maior taxa de juro real do mundo e a maior taxa de investimento estatal do mundo”.

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