27/08/2010 - 17h14

Vazamento de dados na Receita é "instrumento de luta suja eleitoral", diz Serra

Daniel Milazzo
Especial para o UOL Eleições
No Rio de Janeiro

Em conferência do Clube da Aeronáutica do Rio de Janeiro, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, chamou de “instrumento de luta suja eleitoral” a quebra de sigilo fiscal de pessoas do PSDB, inclusive de parentes. “Existe uma atitude por parte do governo de um uso da máquina tão avassalador que as instituições nem tem como combater diretamente”, disse. Sem citar o PT ou Dilma, Serra disse ainda que essas informações são usadas com finalidade política.

A Receita Federal apura o vazamento de dados fiscais sigilosos de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, ocorrido em outubro do ano passado. Durante a investigação, a instituição descobriu, na quarta-feira (25), que outas três pessoas ligadas a Serra tiveram seu sigilo violado. As informações seriam utilizadas por um "grupo de inteligência" da campanha de Dilma para criar um "dossiê" contra o presidenciável tucano.

“Quebrar sigilo é algo gravíssimo. É a utilização do poder do governo contra o indivíduo”, disse Serra após classificar a conduta como crime contra a constituição. O tucano disse que isso foi uma armadilha contra ele e se defendeu dizendo ser um ficha limpa. Mais uma vez, o presidenciável tucano evitou as perguntas sobre sua principal adversário, Dilma Rousseff e sobre as últimas pesquisas de opinião que apresentam grande margem em favor da petista.

No entanto, o vice na chapa de Serra, deputado federal Indio da Costa respondeu: “Se dependesse de pesquisa, o ficha limpa também não passaria. A eleição é só 3 de outubro”. Questionado se o quadro não impõe uma mudança de estratégia de campanha, o democrata disse: “Isso só me dá mais disposição para trabalhar”.

No encontro, Serra ainda criticou a política externa do atual governo. Diante de um auditório quase lotado, o tucano referiu-se ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad como aquele “que pode ser considerado como o Hitler do mundo moderno”. Além disso, Serra também chamou o iraniano de ditador e lembrou que a república islâmica não respeita os direitos de liberdade de expressão.

O segundo colocado nas pesquisas afirmou que é contra a reabertura da questão da lei de anistia. Quando ele disse que, se eleito, manteria o sistema de aposentadoria militar, alegando que a referida classe trabalha sob condições peculiares, obteve discretos aplausos do público.

Mais cedo, em palestra fechada para os jornalistas, Serra disse: “A defesa do estado de direito não é um fator de muita convicção na atual esfera partidária do poder”. O tucano ainda atacou o programa nacional de direitos humanos proposto pelo governo petista alegando que o programa criminaliza aqueles que são contra o aborto.

Serra também acusou o governo de tentar cercear a liberdade de expressão, manipulando a imprensa através de “ofensiva econômica” e “intimidação. Serra defendeu mais investimentos no setor militar, ressaltando a enorme fronteira do país. “o Brasil é um país pacífico, mas não pode ser um país indefeso”.

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