24/08/2010 - 12h51

Temer nega fisiologismo, Indio ataca Dilma e Leal prega nova lógica

Maurício Savarese
Do UOL Eleições
Em São Paulo

O debate Folha/UOL de candidatos à Vice-Presidência mostrou a insistência de Indio da Costa (DEM) nos ataques à presidenciável petista, Dilma Rousseff, o esforço de Michel Temer (PMDB) em defender a candidata governista e seu próprio partido das críticas de fisiologismo e Guilherme Leal (PV), apresentando sua colega de chapa Marina Silva como “única opção para quebrar a lógica PT-PSDB”. O evento foi realizado nesta terça-feira (24).

Frases dos candidatos

"A candidata do PT fugiu do debate na TV católica para ir a um show de rock. Para fugir do debate, ela está fazendo qualquer negócio."

Indio da Costa
Eu estava preocupado com as pessoas que alugam crianças para pedir esmolas. O que o pai e a mãe daquela criança recebe? Pão e leite. Eu tenho uma enorme preocupação com as crianças.

Indio da Costa
Dilma é um pouco a síntese do Brasil. A única coisa que se critica na Dilma é que ela nunca participou de eleição.

Michel Temer
Os amigos Leal e Indio dizem que não contratariam a Dilma para uma empresa deles. Tenho a sensação de que o povo brasileiro está querendo contratá-la para presidente da República"

Michel Temer
Jamais colocaria o êxito da Natura por uma jogada desse tipo. Foi uma decisão de empreender na vida política

Guilherme Leal
O PV pode fazer 20 deputados, sendo muito otimistas. O que pode é quebrar essa lógica de PT e PSDB, que nos últimos 20 anos têm sido os pólos com o PMDB balizando.

Guilherme Leal

Análise do debate Folha/UOL entre vices

Desde o início, o vice de José Serra (PSDB) atacou o PT e sua candidata. Referiu-se à ex-ministra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como representante de um “projeto totalitário”, fez piada por ela ter faltado ao debate de presidenciáveis em uma TV católica na segunda-feira e a chamou de “despreparada” e “péssima gerente”. Ainda aproveitou para criticar desperdício de dinheiro público, abrindo mão de seu salário como vice-presidente se for eleito.

Temer procurou esfriar a discussão e disse que “o que Dilma mais faz é debater”. Negou que já esteja sendo discutida a distribuição de cargos em um eventual governo Dilma, como fez a própria candidata na segunda-feira. Ele ainda rejeitou o rótulo de fisiologista aplicado ao PMDB, que apoiou, integralmente ou em parte, todos os governos brasileiros desde a redemocratização, em 1985. “Na aliança, o PMDB terá a Vice-Presidência e participaremos do programa de governo. Esses são os únicos compromissos”, disse.

“Não há nada disso de partilha de cargos. É a presidente eleita que vai chamar os partidos e dizer ‘vamos dar aquilo ou aquilo’. O PMDB repudia essa coisa do fisiologismo, isso é não coisa de partido grande”, afirmou o presidente da Câmara, que alfinetou Marina Silva por ter trocado o PT e pelo PV. “E ela militou 30 anos no PT, ao lado do presidente Lula”, provocou o peemedebista.

Menos experiente em debates, o bilionário Leal se esforçou para não ser ofuscado pela verborragia de Indio e pelos longos argumentos de Temer. Também admitiu o nervosismo. “A gagueira é pela inexperiência [em debates”, brincou. O formato mais livre da discussão ameaçou escondê-lo no início, mas, mais tarde, ele acabou se soltando.

Leal disse ainda que mesmo sem grande apoio no Congresso, Marina poderá atrair o apoio de membros importantes e de qualidade no Parlamento. “O PV pode fazer 20 deputados, sendo muito otimistas. Mas o que queremos mesmo é quebrar essa lógica de PT e PSDB [no Palácio do Planalto], que nos últimos 20 anos têm sido os pólos políticos, com o PMDB balizando”, disse.

Ataques renovados

Indio voltou a atacar a ligação de membros do PT com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O democrata citou um encontro do Foro de São Paulo, que abriga organizações esquerdistas, em Buenos Aires nos últimos dias. “Ninguém me chama para participar de uma reunião com as Farc. Se me chamarem, eu vou com a Polícia Federal para prender todo mundo”, afirmou. Ao seu lado, Temer riu.

Indio só ficou na defensiva ao ser questionado sobre um projeto que apresentou à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro para proibir esmolas em toda a cidade. "Eu estava preocupado com as pessoas que alugam crianças para pedir esmolas. O que o pai e a mãe daquela criança recebe? Pão e leite. Eu tenho uma enorme preocupação com as crianças", disse o candidato, que descobriu nesta terça-feira que Serra não foi apoiado formalmente por seu partido nas eleições presidenciais de 2002. "Ah, mas no Rio a gente apoiou, eu fiz campanha", disse.

O deputado federal chegou a dizer que Dilma havia faltado em um debate na noite desta segunda-feira porque estava em um show de rock. "A candidata do PT fugiu do debate na TV católica para ir a um show de rock. Para fugir do debate, ela está fazendo qualquer negócio", disse. Na verdade, a candidata não foi a um show, apenas comentou em seu microblog Twitter uma música da banda Pato Fu.

Mais tarde, Indio provocou Leal a dizer que não contrataria a ex-ministra da Casa Civil para trabalhar em sua empresa. Temer rebateu: “Os amigos Leal e Indio dizem que não contratariam a Dilma para uma empresa deles. Tenho a sensação de que o povo brasileiro está querendo contratá-la para presidente da República”. A petista lidera as pesquisas de intenção de voto, com chance de vencer já no primeiro turno.

Leal também criticou Serra, que exibiu recentemente imagens suas ao lado de Lula, que goza de popularidade na faixa dos 80%. “A Marina caminhou com Lula por 30 anos e foi ministra do seu governo. Mas a Marina não tem explorado demagogicamente essas qualidades, porque o presidente já deixou claro para quem é seu apoio”, alfinetou. Indio rebateu dizendo que Dilma não tem história, ao contrário do presidente.

Confira a íntegra do debate com os candidatos a vice

Sites relacionados

Siga UOL Eleições

Hospedagem: UOL Host