12/06/2010 - 13h13

Serra lança candidatura, compara Lula a Luís 14 e sugere que Dilma não tem voto

Carlos Bencke*
Do UOL Eleições
Em São Paulo
  • Serra diz que aceita ser candidato e discursa em Salvador

    Serra diz que aceita ser candidato e discursa em Salvador

O PSDB oficializou na convenção nacional do partido neste sábado, em Salvador, o nome de José Serra como candidato à Presidência. Na Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste, os tucanos deram a largada para as eleições de outubro ainda sem uma definição de quem ocupará a vaga de vice.

Serra começou dizendo que aceitava a indicação para concorrer à Presidência pelo partido. Em seguida, o discurso teria como alvo, sem citar nomes, o presidente Lula e a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. “Nós acreditamos na democracia, e essa não é uma crença de ocasião”, disse.

O tucano citou o rei francês Luís 14, conhecido como o Rei-Sol, símbolo da personificação do Estado e a quem é atribuída a célebre frase “O Estado sou eu”, e o comparou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.O tempo dos chefes de governo que acreditavam personificar o Estado ficou pra trás há mais de 300 anos. Luis XIV achava que o estado era ele. Nas democracias e no Brasil, não há lugar para luíses assim", disse.

A citação indireta ao presidente tinha o objetivo de diminuir a importância da grande popularidade de Lula e uma eventual transferência de votos a Dilma. Segundo Serra, a pré-candidata não tem votos próprios e caiu de “paraquedas” nas eleições. "Fui quase tudo: secretário de estado, deputado constituinte, deputado federal, senador, ministro duas vezes, prefeito, governador. Tenho a honra e o orgulho de ter recebido, em minha vida, mais de 80 milhões de votos", disse.

Serra não poupou críticas ao presidente Lula e à política internacional brasileira. “Não fica bem contiuamente elogiar ditadores de todos os cantos do planeta. Só porque esses ditadores são aliados do partido do governo”, afirmou.

Lembrando o mensalão, o pré-candidato disse não acreditar que o poder corrompe os homens, mas sim que os homens corrompem o poder. "Acredito no Congresso Nacional como a principal arena do debate e do entendimento político, da negociação responsável sobre as novas leis, e não como arena de mensalões, compra de votos e de silêncios".

Serra enfatizou sua trajetória de vida e suas origens. "Venho de uma família pobre. Vim de baixo. Sempre falei pouco disso, e nunca com o objetivo de legitimar meus atos ou de inflar o mérito eventual dos meus progressos pessoais ou de minhas ações como político. Eu sou o que sou. Sem disfarces e sem truques", afirmou.

A convenção começou com cerca de duas horas de atraso. Serra chegou ao Centro Espanhol acompanhado do presidente tucano Sérgio Guerra, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), do pré-candidato ao governo de São Paulo Geraldo Alckmin e do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves.

"Pé de Serra"

O som predominante no evento foi o forró. No local foi instalada uma grande tenda branca, onde trios de forrozeiros e de repentistas se revezam na animação do público presente. Já na entrada uma grande faixa dá o tom do encontro com os dizeres “Forró pé de Serra”. A estimativa do presidente regional do partido, Antonio Imbassahy, é de que cerca de oito mil militantes tucanos e de partidos aliados prestigiaram o evento, desses, 600 são delegados.

Já a Polícia Militar estimou em seis mil o público presente. A militância do interior do Estado chegou à capital em cerca de 140 ônibus. O custo da festa é estimado pela direção nacional do PSDB em cerca de R$ 600 mil.

*Com informações de Heliana Frazão, em Salvador

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