29/09/2010 - 01h30

Em debate, mulher de Roriz mostra falta de desenvoltura e promete combater corrupção

Camila Campanerut
Do UOL Eleições
Em Brasília

O penúltimo debate na TV com os candidatos ao governo do Distrito Federal foi marcado, na noite desta terça-feira (28), pelas situações de falta de desenvoltura da mais nova candidata ao Palácio do Buriti, Weslian Roriz (PSC), mulher de Joaquim Roriz, por suas repetidas alusões à crença em Deus e pelas promessas de não se repetirem os casos de corrupção no governo do DF.

Weslian substitui o marido na corrida eleitoral brasiliense desde a última sexta-feira (24), quando Roriz renunciou após os empate de 5 a 5 no julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) que analisava a validade e a constitucionalidade da Lei da Ficha Suja para estas eleições. O registro de candidatura do ex-governador foi rejeitado no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e ele tentava seu último recurso no STF. Para escapar da legislação, Roriz lançou a própria mulher como candidata.

Apesar de estar casada há 50 anos com Roriz e ter sido primeira-dama por quatro vezes, Weslian demonstrou nervosismo ao responder as perguntas em seu primeiro debate. Se atrapalhou com os papéis, não entendeu um dos questionamentos - pedindo para um dos seus adversários repeti-la - e se perdeu ao fazer uma das perguntas. “É falta de prática”, justificou, sorrindo.

Em praticamente todas as repostas, Weslian disse que teria "ajuda de Deus" para governar. Ela não respondeu ao candidato do PT, Agnelo Queiroz, quando questionada sobre suas propostas para aprimorar o transporte público. Preferiu falar sobre a crença dele em Deus e o posicionamento dele em relação ao aborto. “Sobre o transporte, tudo tem sua hora e nós vamos fazer. Mas eu sou cristã e me coloco frontalmente contra o aborto e o senhor não me deu essa resposta”, disse.

Em outro momento do debate, Agnelo atrasou sua resposta para, enfim, explicar à candidata que também é cristão e contrário ao aborto. “Eu sou médico. Defendo a vida. Sou contra o aborto. Sou cristão, tenho uma relação maravilhosa com a igreja católica e com as igrejas evangélicas", disse. Roriz e o petista estão na liderança nas pesquisas de opinião e, por isso, também foram alvos dos ataques dos outros candidatos no debate, Eduardo Brandão, do PV, e Toninho do PSOL.

Os candidatos do PSOL e do PV também focaram entre eles críticas de má gestão e disputaram quem pode ficar como o mais “ético” entre os postulantes ao cargo mais alto do Executivo regional.

“Você foi convidado para participar do governo [ex-governador cassado José Roberto] Arruda, participou, e não tem nenhuma crise de consciência”, disse Toninho a Brandão, que foi Secretário de Meio Ambiente do governo acusado de corrupção após denúncias da Operação da Polícia Federal, Caixa de Pandora.

Brandão justificou: “Ficamos 11 meses [no governo] e fomos o primeiro partido a sair [depois das denúncias], sem nenhuma marca. A situação do meio ambiente é caótica. Lá parecia o momento de tentar ajudar”.

A ampla colisão do candidato petista para formar a chapa também foi criticada por todos os seus adversários. Agnelo voltou a defender que “não se governa sozinho” e que “sua coligação repete a vitoriosa coligação feita pelo presidente Lula em nível nacional”.

A promessa de governo "limpo e transparente", "sem vestígios de corrupção" foi unânime entre os candidatos sobre os recentes eventos que envolveram servidores e empresas de todo o Distrito Federal.

Justamente pelo marido ter passado por governos anteriores, Weslian afirmou que nem ela nem o esposo poderiam ser culpados pelos erros de antigos aliados. “Tudo que se fez foi com honestidade. Aquilo que aconteceu, nós [ela e Roriz] não temos responsabilidade nenhuma. Cada um tem o seu modo de pensar. A confiança foi aquilo que ele [Roriz] teve. Se aconteceu da pessoa não ser honesta, a gente não tem culpa nisso”.

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