28/10/2010 - 23h56

Tensão e troca de acusações marcam debate entre candidatos em Alagoas

Carlos Madeiro
Do UOL Eleições
Em Alagoas

A troca de acusações e o clima de tensão absoluto marcaram o único debate do segundo turno entre os candidatos ao governo de Alagoas. O ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) e o atual governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) trocaram farpas em todos os questionamentos dos dois blocos do encontro promovido pela TV Gazeta.

No primeiro bloco, com temas sorteados, Vilela começou perguntando sobre o que Lessa achava da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e ouviu a primeira alfinetada. “Quero primeiro prestar minha solidariedade ao servidor público, no seu dia, que sofre há quatro anos por um governo dos usineiros”, disse, ao afirmar que apoiava a LRF e garantindo que promoveu o ajuste fiscal e entregou o Estado a Vilela, em 2007, com as contas em dia.

Como se tornou mote na campanha, Vilela voltou a culpar Lessa por o entregar o Estado com vários débitos e problemas. “O governo deixou uma enorme dívida, mais de 40 contratos sem prestar contas. Nós é que fizemos o ajuste fiscal”, assegurou o governador.

Lessa respondeu chamando Vilela de mentiroso. “É sempre essa história. Quatro anos de uma conversa para tentar fazer verdade a mentira repetida. Eu governei sete anos, tive todas as contas aprovadas, nunca tive problemas. Chega agora, e a incompetência dele sempre o faz pôr a culpa nos outros”, rebateu.

Na resposta sobre o questionamento do que fez para melhorar a qualidade de vida dos alagoanos, Teotonio respondeu novamente alfinetando o adversário. “Trabalhar muito, coisa que você fez pouco. Nós trouxemos 42 indústrias, novos hotéis, geramos 100 mil empregos, e isso é dar qualidade de vida”, atacou. Lessa rebateu, assegurando que “todos os canteiros de obras são do governo federal”. “Essas 36 mil casas que ele disse que fez não existem”, afirmou o pedetista.

Ainda sobre o assunto, Vilela foi irônico e disse que “Lessa é um autista". “As empresas a que você se refere estão nos jornais, nos programas de TV. Os operários são de carne e osso, eu posso trazer aqui para apertar suas mãos. Alagoas vive um novo momento”, afirmou.

No segundo bloco, com temas livres, a Operação Navalha – que marcou as acusações durante a campanha – voltou à tona. Lessa perguntou a Vilela o motivo pelo qual ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal “por receber propina, por corrupção”.

O governador voltou a garantir que não é réu no processo no Superior Tribunal de Justiça. “A Operação Navalha nasceu no governo dele, de complicações do governo dele. Agora você foi indiciado novamente pela Polícia Federal. Vamos fazer o seguinte, Ronaldo. O povo quer saber sobre o futuro de Alagoas, e você vem desviar o assunto para confundir o eleitor”, disse.

Lessa, que foi indiciado nesta quarta-feira por superfaturamento em uma obra, acusou a PF de manipulação. “É uma farsa dele com o delegado da Polícia Federal. Ele [Vilela] não está processado porque a Assembleia proibiu. Ele negociou com os deputados dando 20 cargos para cada um. Veja bem, alagoano. Nós é que estamos pagando essa conta”, colocou o ex-governador.

Vilela voltou a se defender das acusações e contra-atacou. “Veja, um sujeito que está com 56 processos na Justiça - porque desviou recurso da educação para outra conta, da merenda, tirou dinheiro do servidor - agora vem com essa conversa”, afirmou.

O clima quente gerou dois direitos de resposta, onde eles voltaram a se defender das acusações recíprocas. “Esse indiciamento da PF foi forjado por ele [Vilela]”, voltou a dizer Lessa. “Eu estou processando [Lessa] porque ele disse, no debate do primeiro turno, que eu era réu [da operação Navalha], e eu não sou réu em operação nenhuma”, rebateu Vilela.

Em outro ponto do debate, Lessa usou o "trunfo" de ser apoiado pelo presidente Lula e pela candidata Dilma Rousseff (PT), e acusou o adversário de esconder o presidenciável José Serra (PSDB) e de ser contra as conquistas sociais do governo federal.

“Ele [Vilela] foi contra o Bolsa Família no Senado, fez emendas contra para inviabilizar o programa. Hoje, porque Lula está com a aprovação que está, e esse assunto dá voto, ele finge que apoia. Eu vou criar o Bolsa Família alagoana”, assegurou Lessa.

Na réplica, Vilela voltou ao alfinetar Lessa. “Ele também está com amnésia. O Bolsa Alimentação foi lançado no governo Fernando Henrique, em São José da Tapera [sertão de Alagoas], a pedido meu, e você era governador e estava aqui, aplaudindo Teotonio”, retrucou.

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