04/10/2010 - 14h58

Em silêncio, Collor tem sonho de voltar ao governo frustrado pela segunda vez em AL

Carlos Madeiro
Do UOL Eleições
Em Maceió

Assim como aconteceu em 2002, o senador Fernando Collor de Mello (PTB) teve seu retorno a um cargo executivo frustrado pela população alagoana ainda no primeiro turno de uma eleição para o governo do Estado. O ex-presidente ainda terá que enfrentar um julgamento que pode deixá-lo inelegível por oito anos.

Em silêncio desde o início da noite domingo (3), quando a apuração já indicava um segundo turno entre o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e o ex-chefe do executivo alagoano Ronaldo Lessa (PDT), Collor pode ter assistido ao fim de seu projeto político de tentar ser novamente governador e Alagoas e depois, uma candidatura à presidência em 2014, como desejava o PTB nacional.

Até o momento, Collor não manifestou nenhum apoio a qualquer um dos dois candidatos finalistas e, segundo pessoas próximas ao senador, não o deve fazer isso nos próximos dias.

Em 2002, após a derrota nas urnas para Lessa, Collor passou quatro anos distante da imprensa e da política, chegando a prometer que não voltaria a concorrer a um cargo público – promessa quebrada em 2006, quando se candidatou ao Senado e venceu em uma campanha de apenas um mês.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Alagoas, Alberto Saldanha, o senador deve se preocupar com o futuro político, já que ainda mantém uma parte significativa do eleitorado fiel, mas vê uma diminuição ao longo dos anos. “Collor não consegue renovar seu eleitorado e fica estagnado nos índices de pesquisas durante toda a campanha. Além isso ele não consegue reverter o enorme percentual de rejeição no Estado. Acho que ele encerra por aqui seu desejo de retomar o governo”, afirmou.

Segundo pesquisa Vox Populi feita entre 24 e 27 de setembro, 41% dos eleitores alagoanos responderam que não votariam em Collor “de jeito nenhum”.

Além da derrota nas urnas, Collor ainda terá problemas com a Justiça, já que o MPE (Ministério Público Eleitoral) acusou o ex-presidente de abuso de poder econômico e manipulação de pesquisa do Gape (Gazeta Pesquisa), empresa pertencente a sua família e que sempre apontou liderança absoluta de Collor nos levantamentos realizados.

Na última quinta-feira, o MPE deu entrada com uma ação no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Alagoas pedindo a cassação do registro da candidatura de Collor e sua inelegibilidade por oito anos. Como Collor ficou fora da disputa, o caso deve ser julgado apenas depois da eleição do 31 de outubro.

Na única vez em que comentou sobre a acusação, Collor negou qualquer ingerência no Gape, afirmou que os profissionais estatísticos contratados são “renomados” e disse que o instituto sempre acertou os resultados em Alagoas, ao contrário do Ibope. O fato é que, em 2010, o Gape sempre apontou um cenário completamente diferente do que foi decidido pelos alagoanos nas urnas.
 

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