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29/08/2008 - 09h55

Segundo MPE, milícias querem obrigar moradores a fotografar voto

Thyago Mathias
Especial para o UOL
Do Rio de Janeiro
O procurador de Justiça Antônio José Campos Moreira revelou que o Ministério Público Estadual (MPE) recebeu denúncias de moradores indignados com as ordens de milicianos para fotografar o voto, nas eleições de outubro, por meio de telefones celulares. O procurador participou da reunião final da fase de tomada de depoimentos da CPI das Milícias da Assembléia Legislativa do Estado (Alerj), na tarde da quinta-feira (28).

MILÍCIAS

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Campos Moreira disse que o MPE já sabe quais são as áreas em que as ameaças ocorrem, mas preferiu mantê-las em sigilo para não prejudicar as investigações. Mais cedo, porém, em depoimento à CPI, o sociólogo e professor Ignácio Cano, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, declarou que o Disque Denúncia recebeu mais de cem ligações que apontavam para a ação coercitiva das milícias em cinco bairros da zona oeste: Santa Cruz, Anchieta, Guadalupe, Realengo e Paciência.

O sociólogo, autor de uma pesquisa feita a partir desses telefonemas, afirmou ainda a existência de denúncias contra os deputados estaduais Natalino (DEM), Jorge Babu (PT) e Coronel Jairo (PSC), além dos vereadores Jerominho (PMDB), Dr. Jairinho (PSC) e Nadinho de Rio das Pedras (DEM). Natalino e Jerominho, que são irmãos, encontram-se presos na penitenciária de Bangu 8. Nadinho e Dr. Jairinho tentam a reeleição para a Câmara Municipal.

"A milícia está acuada e eles precisam se manter no quadro político para dar continuidade às ações criminosas, mas o Estado tem que ser firme para a realização de uma eleição limpa. A milícia não pode ter braço político", afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOL), presidente da CPI, que estuda meios para impedir o acesso com celular à urna de votação.

O candidato à prefeitura pelo PDT, deputado estadual Paulo Ramos, esteve presente à reunião e sugeriu a articulação do Ministério Público e da Justiça Eleitoral com o poder legislativo para resolver o problema.

"A atividade da milícia é muito bem organizada e não adianta apenas focarmos naqueles que estão na ponta, extorquindo e fazendo a falsa segurança. É preciso voltar nossos olhares para quem se beneficia das milícias e está em altos cargos do poder", destacou o pedetista.

O vereador do PSC acusado de envolvimento com as milícias foi o mesmo que acompanhou e disponibilizou caminhões de som para Eduardo Paes, candidato a prefeito pelo PMDB, durante ato de campanha em Bangu e Padre Miguel, no dia 23 de agosto. Jairinho é considerado um dos candidatos infiéis que declararam apoio a Paes, uma vez que seu partido concorre ao executivo com Filipe Pereira.

Até a próxima quinta-feira (04), a CPI da Alerj deve promover uma reunião para a escolha dos próximos depoentes. A partir daí, ela entre em uma segunda fase, em que políticos e outros denunciados devem ser ouvidos.

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