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Luciano Bivar

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ÁLBUM DE FOTOS

Nome: Luciano Caldas Bivar

Data de nascimento: novembro de 1944

Local: Recife (PE)

Partido: PSL (Partido Social Liberal)

Tempo de partido: Desde a fundação (1995)

Partidos anteriores: PL

Formação profissional: advogado

Da "bancada da bola" para a corrida presidencial

Marina Motomura
Da Redação
Em São Paulo

Candidato à Presidência pelo PSL, o ex-deputado federal Luciano Bivar é conhecido como o "Eurico Miranda do Nordeste". A fama se deve à atuação de Bivar como cartola no Sport, clube pernambucano que atualmente disputa a Série B, na Liga do Nordeste e no Clube dos 13.

A tradição como dirigente esportivo vem de berço -- o pai de Bivar também foi presidente da agremiação recifense. Bivar jogou tênis profissionalmente pelo clube e representou o Sport em competições internacionais. "Clube é uma coisa que a gente nasce e morre com ele. Dediquei minha vida toda ao Sport", afirmou Bivar em entrevista ao UOL.

Uma de suas propostas como presidenciável, como não poderia deixar de ser, remete ao futebol. Bivar afirma que pretende rever a Lei do Passe, que extingüiu, em 2001, o vínculo entre jogadores e clubes. "Com a desvinculação, os atletas estão à mercê de empresários e vão todos para o exterior", diz o candidato. "Os clubes brasileiros deixam de formar jogadores. Assim, o continente africano vai ser a vanguarda do futebol mundial, porque lá existe o vínculo e isso estimula que os clubes invistam na formação de atletas", acredita.

Bancada da bola
O vínculo com o futebol também esteve presente no único mandato de Bivar em cargos eletivos. Entre 1999 e 2002, ele foi deputado federal pelo PSL. Bivar também foi eleito, em 2000, vice-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife, mas não chegou a assumir o cargo. Nas eleições de 2002, concorreu como suplente na chapa de Carlos Wilson (PTB-PE) ao Senado -- Wilson não foi eleito.

No Congresso, o então deputado participou da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investigava os contratos entre a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a Nike, fabricante de material esportivo. Eurico Miranda, presidente do Vasco, à época também deputado pelo PPB (atual PP) do Rio de Janeiro, foi companhia constante de Bivar na comissão. Outra companhia freqüente de Bivar foi o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), cassado por envolvimento no escândalo do mensalão. Corrêa foi vice-presidente do Sport em uma das gestões de Bivar à frente do clube.

A CPI da CBF/Nike trabalhou dividida em 2001. De um lado, atuava um grupo de deputados liderado pelo presidente da comissão, Aldo Rebelo (PC do B-SP), que incluía o relator Sílvio Torres (PSDB-SP), os deputados petistas Dr. Rosinha, Pedro Celso e Geraldo Magela e o peemedebista Jurandil Juarez. Autor do requerimento para a abertura da CPI, Rebelo afirmava que o contrato da CBF com a multinacional Nike era lesivo. O parlamentar suspeitava ainda dos empréstimos obtidos pela confederação com o banco norte-americano Delta.

Do outro lado da investigação, ficava a chamada "bancada da bola", capitaneada por um deputado sem ligação direta com o futebol. Com o passar do tempo, José Lourenço (PFL-BA) se tornou o maior defensor do presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Bivar também era do grupo de Lourenço, junto com Nelo Rodolfo (PMDB-SP, conselheiro do Palmeiras), Chico Sardelli (PFL-SP, ligado ao Rio Branco, de Americana), Darcísio Perondi (PMDB-RS, irmão do presidente da Federação Gaúcha, Emídio Perondi) e Eurico Miranda.

Ao lado de Eurico Miranda, Bivar liderou o grupo de parlamentares que preparou um documento alternativo ao texto do relator Sílvio Torres. No final da sessão, após o presidente da CPI ter decidido terminar os trabalhos sem a votação de um relatório oficial, Bivar protestou aos gritos de "ditador" e "stalinista".

Se participou ativamente da CPI da Nike, Bivar recuou da participação na CPI da Corrupção, em 2001. Naquele ano, o deputado recebeu a liberação de recursos do governo federal para emendas suas. Dos R$ 47 milhões liberados pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano, cerca de R$ 1,77 milhão foi destinado às bases eleitorais de quatro deputados, Bivar entre eles. A assessoria do presidenciável nega que ele tenha sido favorecido com a liberação de recursos devido à retirada da assinatura do pedido de CPI.

Imposto Único
No lançamento da candidatura à Presidência, em junho, o PSL defendeu idéias, no mínimo, polêmicas: o Imposto Único Federal, que isentaria as pessoas da declaração anual de imposto de renda, a construção de um "miniquartel" em todas as favelas do Brasil e a construção de uma rodovia ligando o Norte ao Sul do Brasil.

"A gente está cansado de um Estado explorador. A Inconfidência Mineira surgiu porque a Coroa portuguesa levava um quinto do ouro como imposto. Hoje, a 'Coroa' do Planalto leva mais de dois quintos", diz. O Imposto Único Federal proposto por ele acabaria com a necessidade de declaração anual de imposto de renda no Brasil.

Sobre as críticas de que o IUF não seria factível, ele afirma que a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) foi analisada tecnicamente pela Câmara em 2001, quando Bivar foi deputado, e só não foi aprovada por "falta de vontade política". "Tanto o PSDB quanto o PT estão atrelados ao poder dominante e são incapazes de fazer qualquer revolução administrativa nesse país", alfineta.

Bivar afirma que o Imposto Único fará com que "50% das empresas que hoje trabalham na informalidade voltem para a formalidade, ou ingressem na formalidade".

Outra proposta do PSL é a diminuição do tamanho do Estado, que, segundo o partido, está "inchado". "Temos uma proposta nossa de diminuir 15% da representação parlamentar em todos os níveis, municipal, estadual e federal. Também vamos reativar o programa nacional de desestatização". Uma das empresas estatais que poderão ser privatizadas em um hipotético governo do PSL é o Instituto de Resseguros do Brasil. Bivar é empresário da área de seguros -- ele é proprietário da Excelsior Seguros, em Recife. O candidato propõe também a redução do numero de órgãos públicos, incluídos ministérios, e a eliminação da superposição de competências.

O voto majoritário para as eleições legislativas também está nos planos do candidato. "Assim, só seria eleito quem realmente tivesse o maior número de votos", diz, criticando a regra proporcional que vigora nas eleições atualmente.

O PSL também propõe a construção de miniquartéis dentro de todas as favelas brasileiras. "Pretendemos fazer um convênio da Polícia Militar com os municípios para substituir o quartel dos traficantes por um quartel de um Estado de direito. Toda a população dessas grandes favelas está refém dos criminosos. Com o miniquartel, o favelado vai se sentir protegido", diz.

Na convenção do partido em junho, o PSL decidiu lançar a candidatura sem alianças com outras legendas. O vice na chapa de Bivar à Presidência será Américo de Souza, ministro aposentado do Tribunal Superior do Trabalho.








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