Delegado do caso Lula nega afastamento e diz que não se submete a pressões

Do UOL, em São Paulo

  • Bernardo Barbosa/UOL

    Marca de perfuração em ônibus usado pela caravana de Lula no Sul

    Marca de perfuração em ônibus usado pela caravana de Lula no Sul

Delegado que iniciou as investigações de tiros contra a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Wilkinson Fabiano Oliveira de Arruda disse que "não se submete nem cede a pressões de qualquer natureza". Em nota, Arruda nega que tenha sido afastado do caso, salientando que não sofreu retaliação e que foi acompanhado por Hélder Andrade Lauria, delegado titular de Laranjeiras do Sul.

Arruda, que era o delegado plantonista no momento da ocorrência, ressalta "que não recebeu nenhuma ligação de qualquer membro do Governo do Estado do Paraná sobre o caso em questão". Ele diz que "jamais permitirá interferências políticas, de quem quer que seja, no exercício de suas atribuições". "Isso, sim, seria um atentado à ordem jurídica em vigor e à função de delegado".

Na tarde de terça-feira (27), dois ônibus da comitiva que circula pelos estados do Sul desde o dia 19 foram atacados por três tiros, além de terem pneus furados por ganchos pontiagudos de metal, conhecidos popularmente como "miguelitos", deixados em uma estrada por onde a caravana passou. O ônibus que transporta parte da imprensa que acompanha a viagem foi o atingido por três disparos: dois do lado direito e um do lado esquerdo. Neste, um dos vidros foi atingido por um objeto que deixou uma marca arredondada. O ex-presidente estava em um terceiro veículo, que não foi atingido. Ninguém ficou ferido.

Arruda teria sido criticado por ter qualificado como tentativa de homicídio os tiros que atingiram ônibus da caravana na terça-feira (27). "Efetuar disparos de arma de fogo em direção a um veículo é, na opinião jurídica e fundamentada desta autoridade policial, tentativa de homicídio, o que não impede, com o avançar das investigações, novo enquadramento legal", afirmou no comunicado.

Não há precipitação alguma em concluir o óbvio: que se há disparo de arma de fogo em direção a diversas pessoas em um ônibus, isso será considerado, em um primeiro momento, tentativa de homicídio, aqui e em qualquer lugar do mundo, embora se respeite opiniões diversas, desde que juridicamente fundamentadas.

Wilkinson Fabiano Oliveira De Arruda, delegado

Na noite de terça, Arruda avaliou que havia pelo menos dois indivíduos envolvidos no ataque, já que os tiros vieram de direções opostas. Ainda não se sabe quem seriam os responsáveis pelo ataque. O delegado salientou que, "infelizmente, o número de peritos era muito pequeno, e a sobrecarga do Instituto de Criminalística, assim como de toda a polícia, é muito grande". Em seu comunicado à imprensa, Arruda voltou a criticar a falta de efetivo da polícia na região.

Sem escolta

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná disse que a organização da caravana do ex-presidente Lula não pediu, formalmente, uma escolta. Em comunicado enviado à imprensa nesta quarta-feira (28), a pasta ainda pontuou que houve alteração no roteiro e no cronograma da caravana que haviam sido informados anteriormente às forças de segurança do estado.

"Não houve qualquer pedido formal de escolta da caravana do ex-presidente nem o próprio ex-presidente, embora ele tenha esta prerrogativa. Tanto é que o paradeiro dele é incerto e não sabido", diz a nota da Secretaria.

O PT, porém, disse, na terça-feira (27), que autoridades estaduais e federais foram acionadas em pedidos por segurança na caravana. A Secretaria, por sua vez, "reafirma que a Polícia Militar do Paraná reforçou o policiamento em todos os locais indicados pelos representantes da caravana, onde seriam realizadas as manifestações com a presença do ex-presidente Lula".

Após a nota da secretaria nesta quarta-feira, a equipe do ex-presidente Lula voltou a reforçar que, de todos os 15 estados já percorridos nas quatro caravanas do petista, não houve escolta apenas no Paraná. Ela reforça que o pedido foi feito repetidas vezes tanto pelo PT quanto pela caravana. Contatada novamente pela reportagem, a secretaria reafirmou o teor da nota divulgada pela manhã. 

A secretaria apontou que um inquérito policial foi aberto para apurar a ocorrência e que equipes da unidade de elite da Polícia Civil do Paraná ajudam nas investigações. Nos próximos dias, o Instituto de Criminalística do estado deve apresentar um laudo de perícia no ônibus.

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