Bancada do PT quer que PF apure tiros à caravana de Lula: "crime político"

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

A bancada do PT na Câmara anunciou nesta quarta-feira (28) que vai pedir ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que envie a Polícia Federal para investigar os tiros disparados na noite de terça (27) contra ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Paraná.

Para os deputados, o atentado foi um "crime político", e a Constituição determina a federalização em casos desta ordem.

Em entrevista coletiva, três parlamentares do partido --Marco Maia (RS), Paulo Teixeira (SP) e Celso Pansera (RJ)-- afirmaram ainda que enviarão até no máximo a próxima segunda-feira (2) um conjunto de ações judiciais à PGR (Procuradoria-Geral da República) para denunciar a "tentativa de assassinato" contra o presidente Lula e membros da caravana.

"Nós temos enfrentado durante esse período todo a ação de milícias organizadas, que têm praticado atos de terrorismo contra os membros da caravana e contra o presidente Lula", declarou Marco Maia.

"Nós estamos de frente a uma escalada violenta de um setor fascista da sociedade brasileira contra a política", acrescentou o deputado.

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Os deputados informaram que estão tentando agendar ainda para esta quarta uma audiência com Jungmann para que ele reconsiderasse sua posição de não enviar a PF ao Paraná. À noite, a assessoria de imprensa do PT na Câmara que o encontro ficou para a semana que vem.

Ontem, o ministro classificou o ataque como "inaceitável", mas afirmou que a corporação não irá investigar o caso porque o crime não foi federal e cabe às autoridades estaduais atuar. "Caberá à investigação estabelecer se foi ou não (um atentado político)", disse.

Maia disse ser óbvio que se tratou de um crime político. "Só não enxerga quem não quer enxergar ou quem tem outros motivos", afirmou, ponderando que Jungmann pode estar sendo mal assessorado.

Para Paulo Teixeira, o Brasil está passando para um outro patamar na política. "Violência política remete à deterioração da democracia", declarou.

Os deputados informaram ainda que estão reunindo gravações de áudio repassadas por moradores de cidades da rota da comitiva, fotografias e depoimentos de pessoas que foram agredidas durante a caravana para embasar as denúncias.

Citação a Marielle

Durante a entrevista, os paramentares lembraram o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) como argumento para que os ministérios da Segurança e da Justiça "tomem medidas urgentes". "Se não fizerem isso, podemos ter outras mortes, outros cadáveres", declarou Maia.

Eles reclamaram que punições previstas na lei "estão sendo desconsideradas pelos órgãos responsáveis por garantir a segurança", citando casos que consideraram ser de incitação à violência nas redes sociais, entres eles de políticos.

Os petistas disseram ainda que, apesar dos riscos, as caravanas de Lula vão continuar. "Nós não podemos aceitar esse tipo de pressão criminosa", declarou Pansera.

Ataques a tiros

Na tarde de terça, dois ônibus da caravana que circula pelos estados sulistas desde o dia 19 foram atacados por três tiros, além de terem pneus furados por ganchos pontiagudos de metal, conhecidos popularmente como "miguelitos", deixados em uma estrada por onde a caravana passou.

O ônibus que transporta parte da imprensa que acompanha a viagem foi o atingido por três disparos, dois do lado direito e um do lado esquerdo. Neste, um dos vidros foi atingido por um objeto que deixou uma marca arredondada. O ex-presidente estava em um terceiro veículo, que não foi atingido. Ninguém ficou ferido.

A caravana de Lula pelo Sul, que se encerra nesta quarta (28) em Curitiba, foi alvo de protestos em quase todas as cidades pelas quais passou. Em algumas situações, a comitiva foi alvo de pedras e ovos atirados por militantes antipetistas. Em Cruz Alta (RS), quatro mulheres apoiadoras do PT foram atacadas por opositores. Na segunda (26), um segurança da caravana agrediu um repórter que cobria os eventos.

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