Guardem rojões para a minha eleição, diz Lula diante de opositores no PR

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Francisco Beltrão (PR)

Enquanto o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) negava em Porto Alegre um recurso do caso do tríplex, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em Francisco Beltrão (PR) para manifestantes contrários à sua presença "guardarem seus rojões" para quando for eleito novamente para o cargo.

Lula reafirmou ser inocente no caso do tríplex e desafiou autoridades a provarem sua culpa no caso. Ele já foi condenado em duas instâncias da Justiça Federal pelo caso, o que pode deixá-lo inelegível e levá-lo à prisão. Ele tem direito a recorrer aos tribunais superiores.

"Guarda o rojão para quando eu tomar posse no dia 1º de janeiro", disse Lula para militantes petistas e a cerca de 100 metros de onde seus opositores protestavam soltando fogos.

Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo
Lula discursa em ato pela agricultura familiar em Francisco Beltrão (PR)

O petista foi mais uma vez recebido com protestos, como aconteceu em quase todas as cidades pelas quais passou em sua viagem pelo Sul, iniciada há uma semana.

Em um cenário que vem se repetindo na caravana de Lula, policiais militares fizeram um cordão na praça central de Francisco Beltrão para separar os grupos. A distância entre eles era de cerca de 100 metros, o suficiente para que um ouvisse o outro.

Quando Lula chegou, por volta das 13h30, a militância petista gritava "Lula, ladrão, roubou meu coração". Os antipetistas responderam com "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão".

Coincidentemente, no mesmo horário, a 8ª Turma do TRF-4 abria a sessão em que veio a negar os embargos de declaração de Lula no caso do tríplex, da Operação Lava Jato. A decisão poderia levá-lo a prisão, mas o ex-presidente ganhou uma espécie de salvo conduto do STF até que o mérito de um habeas corpus preventivo seja julgado na Corte, no próximo dia 4.

Cerca de uma hora antes, um militante que fazia as vezes de mestre de cerimônias no palco montado para receber Lula informou que a caravana estava atrasada por conta de bloqueios na estrada --outro tipo de protesto que Lula vem enfrentando, por vezes com militantes atirando ovos e pedras contra os ônibus da comitiva. Ao ouvirem a notícia sobre o bloqueio, os participantes do ato contra o petista comemoraram como um gol de seu time.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, defendeu o direito de a oposição se manifestar, mas criticou os bloqueios em estradas e ataques à comitiva de Lula. Em Francisco Beltrão, opositores do PT também atiraram ovos em direção ao ato petista.

"Nós vamos onde nós quisermos nesse país", afirmou.

Um caminhão de som do lado petista da praça, estacionado perto do cordão policial, ligou os alto-falantes para tocar, em looping, "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré. A música costuma ser associada à resistência à ditadura militar (1964-1985).

O caminhão petista parecia querer abafar o impacto do barulhento grupo postado do outro lado do cordão, que também tinha seu caminhão de som -- um trio elétrico. Eles soltaram fogos, tocaram cornetas e gritaram palavras de ordem exigindo a prisão de Lula, além de exibirem faixas contra o ex-presidente e em defesa de produtores rurais. Uma delas dizia "Lula ladrão, os produtores rurais estão cansados de seus discursos patéticos".

Alguns integrantes do protesto usavam camisas em apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato a presidente e segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, atrás apenas de Lula. Bolsonaro lidera nos cenários sem o petista.

Gleisi Hoffmann criticou Bolsonaro no palco petista. A senadora acusou-o de querer resolver "tudo na bala" e chamou-o de "deputado federal profissional que nunca trabalhou na vida".

Pelo menos uma coisa os dois grupos antagônicos dividiram democraticamente no centro de Francisco Beltrão: o sol forte, que no entanto pareceu não afugentar nenhuma das duas militâncias.

Lula segue viagem ainda hoje para Foz do Iguaçu (PR). Sua caravana está prevista para chegar ao fim na quarta (28), em Curitiba.

TRF-4 nega embargos da defesa de Lula

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