Polícia investiga agressão a militantes do PT em caravana de Lula pelo Sul

Bernardo Barbosa e Mirthyani Bezerra

Do UOL, em Ronda Alta (RS) e em São Paulo

  • Bernardo Barbosa/UOL

    Policiais separam grupos opostos durante visita de Lula em Cruz Alta (RS)

    Policiais separam grupos opostos durante visita de Lula em Cruz Alta (RS)

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul abriu investigação para apurar a agressão a quatro militantes do PT em Cruz Alta (RS) durante passagem da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela cidade nesta quinta-feira (22). Segundo o titular da Primeira Delegacia de Polícia de Cruz Alta (RS), Josuel Muniz, que houve outras três ocorrências envolvendo manifestantes petistas e grupos contrários à visita do ex-presidente.

"Havia dois grupos: um de apoiadores de Lula, compostos pelo pessoal do PT, PCdoB, PSOL, PSTU, e um grupo anti-PT, composto de ruralistas, aparentemente, algumas pessoas do povo, alguns eleitores do [Jair] Bolsonaro, de outros partidos da oposição", afirmou Muniz. O delegado disse que por se tratar de infrações de menor potencial ofensivo será instaurado um termo circunstanciado. "Quem sofreu lesão foi encaminhado para exame de corpo de delito e o laudo depois também vai instruir o procedimento." 

Ao passar com uma bandeira do PT em um local próximo de onde estava um grupo anti-PT, uma mulher de 53 anos diz ter sido agredida. "Ela disse que integrantes a agrediram, a derrubaram, puxaram a blusa dela e subtraíram a bandeira que ela carregava. Ela disse que não tem como identificar os autores porque havia muita gente e que não houve nenhuma provocação da parte dela", afirmou o delegado de Cruz Atla. 

Outras duas mulheres, uma de 33 anos e outra 54 anos, sofreram agressões verbais por parte de manifestantes contrários a Lula e tiveram a bandeira "subtraída" e "queimada", segundo a polícia. "Elas eram a favor do Lula e passaram perto dos opositores. Foram xingadas, chamadas de 'comunistas de merda' e outros impropérios. Alguém tomou a bandeira do PT que elas carregavam e a queimou", explicou o delegado.

A quarta mulher foi agredida, segundo a polícia, após entrar no espaço do protesto dos grupos contrários a Lula com uma arma de choque em mãos. Ela teve lesões leves, foi atendida pela Brigada Militar e teve a arma de choque apreendida.

O delegado afirmou ao UOL que, "felizmente", não houve nenhuma ocorrência grave.

Em nota, o PT-RS e a bancada do PT no estado repudiaram a "violência que vem sendo praticada por esta minoria que tem agido na chegada da caravana nas cidades". "Uma minoria que não representa a maioria da população que quer Lula presidente e que rejeita o ódio e a violência", diz a nota, assinada pelo deputado federal Pepe Vargas (PT-RS) e a deputada estadual gaúcha Stela Farias (PT). Eles afirmam que uma das mulheres passa por tratamento para combater um câncer e foi espancada na saída do ato. Segundo eles, ela teve que ser hospitalizada. 

"Conclamamos a todas pessoas que tenham registrado estas agressões a nos enviar as imagens para que os responsáveis sejam identificados e punidos. Não podemos permitir que esta minoria bandida e covarde ameace a vida das pessoas. Não vão nos intimidar", afirmam os deputados.

Um homem de 64 anos, apoiador do PT, chegou a ser algemado pelos policiais militares quando tentava agredir manifestantes do grupo anti-PT. Segundo o delegado, o homem ofendeu os policiais e disse que seria fácil "puxar um revolver 38 e matar um polícia, pois já tinha passado mais de 20 anos na cadeia". "Ele insistiu e a brigada teve que imobilizá-lo, algemá-lo, devido a fúria dele. Ele foi trazido para a delegacia", contou Muniz.

O delegado também afirmou que membros da Juventude Socialista estavam quebrando vidros e para-brisas de carro de manifestantes anti-PT. Eles foram detidos pela Brigada Militar.

Na primeira agenda de Lula nesta sexta, em Ronda Alta (RS), Pepe Vargas considerou positiva a resposta dos governos federal e estadual ao pedido de reforço na segurança da caravana feito pelo PT na terça (20), mas disse que provavelmente nem a Brigada Militar esperava que existisse uma "fração tão violenta" de pessoas contrárias ao partido.

Em seu discurso em Ronda Alta (RS) nesta sexta-feira (23), Lula disse que "meninos de academia" estão tentando causar confusão e medo durante sua caravana pela região Sul. "Dizem que nós pregamos ódio. Eu nunca fui em nenhum lugar do Brasil fechar estrada para que meus adversários não passassem", afirmou Lula.

Segundo Lula, foram chamados "agroboys, meninos de academia para ir lá tentar fazer confusão, achando que a gente teria medo e não viria mais ao Rio Grande do Sul".

Iniciada na segunda (19) em Bagé (RS), a caravana tem enfrentado protestos diários. Até a próxima quarta-feira, Lula deve passar por cidades de Santa Catarina e Paraná.

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