PSDB faz prévias inéditas ao governo com rixa interna e briga judicial

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Janaina Garcia/UOL

    Prefeito de São Paulo, João Doria, disputa as prévias com Pesaro, Aníbal e d'Ávila

    Prefeito de São Paulo, João Doria, disputa as prévias com Pesaro, Aníbal e d'Ávila

Em um cenário de briga interna com direito a trocas de insultos e ação judicial, o PSDB de São Paulo realiza neste domingo (18) prévias inéditas para escolher quem disputará a eleição ao governo do Estado este ano. Após descartar aliança com o PSB do vice-governador de Geraldo Alckmin, Márcio França, a legenda tenta manter o comando do Palácio dos Bandeirantes que já dura 24 anos –desde a eleição de Mario Covas (1930-2001) em 1994.

Em todo o Estado, cerca de 308 mil filiados estão aptos a ir às urnas dispostas em 72 cidades e 121 pontos de votação –55 deles, na capital paulista –, das 9 às 16h. O universo estimado de eleitores, entretanto, é de 64 mil tucanos ativos.

Werther Santana/Estadão Conteúdo
Da esquerda para a direita: Luiz Felipe d'Ávila, José Aníbal e Floriano Pesaro

Disputam as prévias:

  • João Doria - prefeito de São Paulo
  • Floriano Pesaro - secretário estadual de Desenvolvimento Social 
  • José Aníbal - presidente do Instituto Teotônio Vilela (ligado ao PSDB)
  • Luiz Felipe d´Ávila - cientista político 

O prefeito de Praia Grande (Baixada Santista), Alberto Mourão, desistiu da disputa na sexta (16). 

Os nomes dos quatro, no entanto, só foram confirmados pelo diretório após Pesaro e Aníbal se insurgirem publicamente contra o indeferimento de suas candidaturas e acionarem a Justiça Eleitoral.

Na quinta passada (15), o diretório estadual comunicou os dois candidatos, mais Mourão, de que os três estavam fora do processo porque não pagaram e não justificaram o não pagamento de uma taxa de R$ 45 mil, destinada a custear a operação das prévias. Conforme o UOL revelou esta semana, o valor foi estabelecido na última segunda logo após Doria oficializar a intenção de ser candidato ao governo pelo partido.

Candidatos recorrem ao TRE

Na sexta à tarde, os dois candidatos protocolaram um mandado de segurança no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) contra o diretório estadual. Eles pediram que, em caráter liminar, a Justiça determinasse que seus nomes constassem da cédula de votação; caso isso não fosse atendido pela agremiação, solicitavam que as prévias fossem anuladas. O pedido de liminar só será julgado, segundo a assessoria do TRE, a partir de segunda (19).

"Entrei com a ação porque o indeferimento de nossos nomes na cédula traria um prejuízo político enorme", afirmou Pesaro, para quem o valor da taxa arbitrada pelo PSDB aos candidatos "é absolutamente ilegal, indecente e imoral".

"Como que eu, que sou servidor público há 22 anos, teria esse dinheiro para pagar em até 48h [vencidas na quarta-feira]? No mínimo era uma estratégia para me tirar do páreo", classificou.

Em entrevista ao UOL, esta semana, o presidente do PSDB, deputado estadual Pedro Tobias, criticou declarações de Aníbal contra a taxa –ele lembrou, por exemplo, que ação semelhante, mas no valor de R$ 20 mil, havia sido implementada na prévia para a disputa municipal de 2016, vencida por Doria.

"O cara quer sair candidato a governador de São Paulo se não pode pagar uma taxa dessas?", indagou Tobias, na ocasião.

Para Pesaro, a frase do parlamentar "é lamentável". "É uma frase totalmente elitista, infeliz, além de ser inadequada –porque exclui a possibilidade de renovação do partido por gente jovem", argumentou.

Por meio de sua assessoria, o presidente do PSDB estadual negou neste sábado (17) que a recolocação dos nomes de Pesaro e Aníbal na cédula de votação tivesse como pano de fundo a judicialização das prévias pela dupla. Conforme Tobias, os quatro nomes disputarão a indicação ao governo "em nome da democracia e da pluralidade".

"Político carreirista" x "derrotado sistemático"

Já na escolha de data das prévias não houve consenso entre os candidatos e seus apoiadores. Em uma reunião marcada pelo fla-flu insuflado por uma militância pró-Doria, ainda que não filiada, o prefeito de São Paulo conseguiu ver aprovados em votação de 70 votos a 34 os dias 18 e 25 de março para o 1º e 2º turnos da disputa interna. Pesaro, Aníbal e d'Ávila queriam os dias 25 de março e 2 de abril a fim de que houvesse tempo de debate entre os postulantes à indicação.

No dia seguinte à reunião, Aníbal a classificou como "arapuca pró-Doria", afirmou que o diretório teria agido para beneficiar o prefeito e o acusou de ser um "político carreirista com uma fachada de gestor; um cara de marketing que se veste de gari". "Mas quando se espreme, não sai nada. Por isso ele não quer debater", defendeu.

Doria rebateu o colega o chamando de "derrotado sistemático dentro do PSDB", referência às datas das prévias deste ano e ao apoio dele a Ricardo Trípoli nas prévias de 2016. "É um derrotado sistemático dentro do PSDB. E as pessoas, quando são derrotadas, elas reagem emocionalmente", disse Doria.

Da série de debates realizados até este sábado entre os candidatos, Doria não participou de nenhum. Questionado sobre isso em suas agendas à frente da prefeitura, da qual deve se afastar até 7 de abril caso seja o candidato do PSDB, o tucano nega agir em prejuízo do processo de escolha. "Sou filho das prévias", repete.

Desistência

O prefeito de Praia Grande afirmou que a taxa foi fator decisivo para que ele desistisse das prévias, mas destacou que não foi a única motivação.

"Entrei tarde na disputa", admitiu, para se queixar, em seguida, de "debates sem organização" comandados pelos outros candidatos. "Ou não fui convidado, ou fui avisado em cima da hora. Eu também estava observando o andamento dessa briga interna, subterrânea, para ver aonde ela ia chegar, confesso. Do ponto de vista eleitoral, sei o que fiz e o meu tamanho, mas, do ponto de vista convencional, não trabalhei pela candidatura", concluiu.

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