Operação Lava Jato

Moro manda PF periciar e-mails de Marcelo Odebrecht sobre Instituto Lula

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

  • Adriano Vizoni/Folhapress

    Terreno supostamente comprado pela Odebrecht para o Instituto Lula

    Terreno supostamente comprado pela Odebrecht para o Instituto Lula

O juiz Sergio Moro ordenou nesta sexta-feira (16) que a Polícia Federal verifique a autenticidade de e-mails do empresário Marcelo Odebrecht sobre a suposta compra de um terreno para o Instituto Lula. A entidade nunca ocupou o imóvel, que fica na zona sul de São Paulo.

Moro aceitou um pedido da defesa de Lula para a verificação da autenticidade das mensagens, entregues recentemente à Justiça. O prazo da análise é de 15 dias. Segundo a defesa de Odebrecht, as conversas comprovariam que a empresa usou dinheiro de uma "conta corrente" de propinas para comprar o terreno.

Marcelo Odebrecht teve seu acordo de delação premiada validado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em janeiro de 2017. De acordo com sua defesa, os e-mails só foram entregues agora porque, com o empresário em prisão domiciliar desde dezembro, ele enfim teve acesso ao conteúdo de um notebook apreendido pela Polícia Federal ainda em 2015.

Segundo a defesa de Lula, a apresentação dos e-mails é "extemporânea" e contém "vícios que poderão anular o processo". Em entrevista no começo de março, o ex-presidente chamou a entrega das mensagens de "palhaçada".

Datados de julho de 2010 até março de 2012, os e-mails mostram como executivos da Odebrecht supostamente buscaram esconder as transações e se preocuparam em não expor a empresa como real compradora do terreno. As mensagens também mencionam pessoas e empresas que teriam sido usadas como intermediárias da Odebrecht e de Lula na transação.

"Diante dos questionamentos da Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva acerca da autenticidade das mensagens eletrônicas, é necessário verificar junto à Polícia Federal, que detém cópia dos arquivos relativos às mensagens eletrônicas de Marcelo Bahia Odebrecht, se elas são autênticas", diz Moro na decisão.

O juiz também ordenou que a PF forneça, por 15 dias, acesso aos e-mails pela defesa de Lula. Segundo Moro, caso os advogados do ex-presidente encontrem e-mails relevantes para o processo, deve indicar isso à Justiça em até cinco dias após o fim do prazo de consulta. 

O empresário e o ex-presidente são réus em processo da Operação Lava Jato sobre a compra do terreno, no valor de R$ 12,4 milhões. Segundo a acusação feita pelo Ministério Público Federal, a transação funcionou como pagamento de propina da Odebrecht a Lula. Em troca, ele teria atuado para beneficiar a empresa em contratos com a Petrobras. 

Os advogados do petista dizem que ele "jamais solicitou ou recebeu a propriedade ou a posse de qualquer imóvel para o Instituto Lula" e negam que "qualquer recurso ilícito tenha sido direcionado a Lula".

Odebrecht será interrogado mais uma vez

Moro também ordenou que Marcelo Odebrecht e Paulo Melo, ex-executivo da Odebrecht Realizações Imobiliárias e réu no caso, sejam interrogados novamente no dia 11 de abril. O juiz levou em conta uma série de perguntas direcionadas a ambos pelas defesas de Lula e do engenheiro Glaucos da Costamarques, também réu no processo.

Segundo o juiz, os novos interrogatórios serão "centrados" nos e-mails entregues por Odebrecht e nas questões apresentadas pelas defesas de Lula e Costamarques. 

Mensagens fornecidas pelo empresário também foram incluídas em outros processos da Lava Jato, como o que investiga reformas em um sítio de Atibaia (SP) usado por Lula e o que levou à condenação do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine.

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